A linha do tempo da História, desde o início do século 20, é categórica: quando a extrema-direita chega ao poder, já não há como garantir a manutenção da democracia, tampouco dos princípios básicos da civilização. Derrotá-la, portanto, sempre pareceu o único caminho para almejar dias melhores no futuro.

Inevitável lembrar que os tempos agora são outros. A extrema-direita ganhou novas variantes, um discurso orquestrado e incisivo, e novos representantes. Tudo isso para esconder a sua origem ideológica.

Esse fingimento providencial, importante dizer, ainda cativa uma horda de desavisados, embora tentar entender essa adesão pareça ser uma árdua tarefa. Tamanha complexidade foi justamente o que motivou o Centro de Análise da Sociedade Brasileira (CASB) a escolher o tema para o ciclo de painéis cujo título vem com a pergunta de milhões: “Por que a Extrema Direita Cresce no Mundo?”. A busca pela resposta nasce do esforço coletivo das fundações partidárias que integram o CASB.

Com recorte urgente, os painéis reunirão, em quatro datas a partir do dia 26 de abril, um seleto grupo de especialistas e lideranças políticas para mergulhar na trajetória recente da extrema-direita e, de certo modo, propor novos caminhos para enfrentá-la.

Além da questão que norteará o debate, o diretor da FPA e um dos organizadores do ciclo, Carlos Henrique Árabe, antecipa outros pontos importantes que devem ser investigados. “Por que uma parte expressiva da sociedade tem votado na extrema-direita? Por que um programa contrário à democracia, aos direitos, à igualdade e à solidariedade recebe tanto apoio? Por que a extrema-direita e o capitalismo, cada vez mais desigual e com a democracia em profunda crise, andam juntos?”, indaga.

São questões como essas, prossegue Árabe, que justificam os painéis do Centro de Análise da Sociedade Brasileira, iniciativa que reúne as fundações Perseu Abramo, Lauro Campos e Marielle Franco, Maurício Grabois e Rosa Luxemburgo.

“Esses painéis vão analisar grandes casos de expressão da extrema-direita na atualidade: Estados Unidos, com Trump disputando fortemente a corrida presidencial neste ano; América Latina, com diversas forças de extrema-direita; Brasil e, mais adiante, Europa. Há outros grandes casos de extrema-direita, como a Índia, que talvez possamos tratar em outro momento. Para compreender o Brasil e os meios de vencer democraticamente a polarização, é preciso fomentar nosso debate criativo.”, completa.

Ricardo Alemão, membro da direção da Fundação Maurício Grabois, complementa ao lembrar que não se trata de um avanço passageiro. “É um fenômeno que já tem precedentes no século passado, mas que se fortaleceu. Infelizmente a luta para derrotar o neofascismo vai ser longa. Por isso é importante entender o seu funcionamento para frear esse avanço”.

Já Daniel Angelim, representante da Fundação Lauro Campos e Marielle Franco, foi direto ao ponto: “Derrotar a extrema-direita é a prioridade máxima. As vitórias recentes em países como Argentina e Itália foram avassaladoras, e ainda temos a guerra de Israel contra a Palestina. Para mudar esse cenário o primeiro passo é entender, buscar respostas e informações. Daí a importância deste ciclo”.

Serão quatro mesas temáticas, cada uma delas dedicada a um recorte geográfico e dentro do contexto político que culminará em novos processos eleitorais mundo afora. São elas: a. Disputa nos EUA, na América Latina, no Brasil e na Europa.

Os eventos serão realizados de forma híbrida serão gravados, editados e posteriormente distribuídos nas redes das Fundações/CASB, para que tenham um alcance mais amplo às discussões e análises apresentadas.

O CASB

O CASB é uma iniciativa das fundações Perseu Abramo, Lauro Campos e Marielle Franco, Maurício Grabois e Rosa Luxemburgo, criada em 2023 com o objetivo de aprofundar o entendimento sobre as mudanças na sociedade brasileira e produzir diagnósticos – auxiliando os partidos e o governo na tarefa de democratização da sociedade e das instituições; e na organização do campo democrático popular.