Trabalho escravo no Brasil: recorde de retrocesso vergonhoso

Em 2024, o Brasil registrou um aumento alarmante nos casos de trabalho escravo, evidenciando a persistência de práticas desumanas e a falência de políticas públicas eficazes

Por Tiago Prado (*)

Em 2024, o Brasil registrou um aumento alarmante nos casos de trabalho escravo, evidenciando a persistência de práticas desumanas e a falência de políticas públicas eficazes.

É inadmissível que, em pleno século XXI, o Brasil ainda seja palco de práticas que remetem aos períodos mais sombrios da nossa história. Em 2024, o país registrou 3.959 denúncias de trabalho escravo, um aumento de 15% em relação a 2023, segundo dados do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. Esses números escancaram a ineficácia das políticas públicas e a conivência de setores que deveriam zelar pela dignidade humana.

No Paraná, estado que se orgulha de seu desenvolvimento, a realidade é igualmente vergonhosa. Em junho de 2024, uma operação conjunta resgatou dez trabalhadores em condições análogas à escravidão em uma fazenda na região de Pérola, no noroeste do estado. Entre os resgatados, havia até mesmo um adolescente, todos submetidos a condições insalubres e degradantes.

Não bastasse isso, em novembro do mesmo ano, 26 paraguaios foram encontrados em situação semelhante em duas fazendas no Paraná. Esses trabalhadores eram explorados de forma desumana, evidenciando uma rede de aliciamento e exploração que atravessa fronteiras e escancara a falência moral de nossa sociedade.

A nível nacional, mais de 2.000 trabalhadores foram resgatados de condições análogas à escravidão em 2024 . Estados como Minas Gerais e São Paulo lideram esses resgates, mas a vergonha é compartilhada por todo o país.

É revoltante constatar que, enquanto alguns lucram com a exploração desenfreada, milhares de brasileiros e estrangeiros são tratados como mercadoria descartável. As autoridades precisam deixar de lado a complacência e agir com rigor contra esses criminosos que insistem em perpetuar a escravidão moderna.

Não podemos mais tolerar desculpas esfarrapadas ou promessas vazias. É urgente que a sociedade civil, o poder público e as instituições se unam para erradicar de vez essa chaga que envergonha nossa nação. Afinal, enquanto houver um único trabalhador escravizado, todos nós seremos cúmplices dessa barbárie.

(*) Tiago Prado é formado em comunicação e militante petista do Paraná

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