Por Michelle Catarine Machado (*)
Foto da autora. Auditório do PT com várias pessoas assistindo, seis pessoas na mesa de debatedores e a Ministra Ester discursando no púlpito. O telão mostra a foto de Maria da Conceição Tavares
O lançamento do Núcleo de Economia “Maria da Conceição Tavares” do PT-DF não é apenas um ato simbólico ou um gesto de homenagem a uma das maiores economistas brasileiras. É, antes de tudo, um passo necessário para o debate econômico com a vida real das pessoas. Em tempos de análises frias e desconectadas da realidade, a proposta de olhar para o Distrito Federal e seu entorno com base em dados concretos ganha relevância e urgência.
O núcleo nasce com a missão de traduzir números em políticas públicas e transformar diagnósticos em ação. Ao analisar indicadores como o acesso desigual ao saneamento básico, o crescimento desordenado da região metropolitana e a ameaça da escassez hídrica, ele se propõe a pensar soluções com ancoragem na realidade local. Mas não se trata apenas de um debate técnico é também político.
E aqui está o ponto mais importante: a economia não é neutra. O que se decide sobre orçamento, investimentos e prioridades molda o cotidiano de milhões de brasileiros. Por isso, o diálogo do núcleo com programas já em curso no Governo Federal é vital. O Novo PAC, por exemplo, pode ser a chave para corrigir as desigualdades estruturais apontadas nos dados; o Novo Viver sem Limite leva inclusão e acessibilidade às pessoas com deficiência, garantindo que o crescimento econômico não exclua quem mais precisa; e as ações de transição ecológica apontam para um modelo de desenvolvimento que não destrói o futuro para resolver o presente.
A presença da ministra Esther Dweck no evento reforçou a ligação entre militância e governo. É a militância, afinal, que pressiona, propõe e sustenta a agenda de mudanças. Mas ela só cumpre esse papel se for bem informada, se souber onde estão as lacunas e quais são as possibilidades de ação. Nesse sentido, um núcleo como esse pode ser uma ponte entre a produção de conhecimento e a prática política.
O desafio agora é não deixar o entusiasmo do lançamento se perder no tempo. Será preciso constância, abertura para o diálogo e compromisso com o impacto real das propostas. Maria da Conceição Tavares, que dá nome ao núcleo, nos lembrava que “a economia é, antes de tudo, política”. E ela também advertia: “A economia que não se preocupa com justiça social é uma economia que condena os povos. É isso que está ocorrendo no mundo inteiro, uma brutal concentração de renda entre riqueza, o desemprego e a miséria.” Cabe a nós garantir que essa não seja a história do Brasil e que a economia seja, de fato, instrumento de justiça social e inclusão, e não apenas de acumulação e privilégio.
(*) Michelle Catarine Machado militante petista no Distrito Federal