Por Gabriel Cavalcante (*)
Setores da mídia local anunciaram como o “fim da encenação” a retirada da candidatura de Pablo Roberto (PSDB) à prefeitura de Feira de Santana. Pablo encarna a metamorfose política que se desenvolve como inicialmente ex-petista eleito vereador mais votado do PT na cidade, para logo após recém ungido novo membro da direita feirense, passeando por inúmeras siglas e assumindo destacadas pastas de secretarias do poder público municipal, para então se desgarrar do consórcio reacionário e se apresentar como a nova mudança enquanto alternativa eleitoral. Após a dupla novidade recua então ao leito anterior para ser anunciado como candidato à vice na chapa de José Ronaldo de Carvalho (União).
A sincronia política se estabeleceu entre o anúncio e o surgimento da pesquisa de que Zé Neto (PT) apoiado por Lula obtém 54,6% do eleitorado, enquanto Zé Ronaldo apoiado por Bolsonaro 35,5%. O recuo da candidatura de Pablo, que então pontuava em torno de 10% nas pesquisas traz duas repercussões: a primeira de que o processo eleitoral que se avizinha ganha o teor de uma disputa plebiscitária, sem a existência de uma terceira via, a qual provavelmente será faturada no primeiro turno; a segunda de que a direita nunca esteve realmente dividida para a disputa eleitoral.
Nesse sentido, compreende-se o que já afirmávamos politicamente em razão de que quanto mais a campanha majoritária do PT se aproximar do lulismo e do petismo em suas formas e símbolos maior potencial de vitória. Por outro lado, sendo uma campanha constituída por somente duas candidaturas com corpo, sem polarizar e destacar as contradições de 24 anos de gestão, não haverá como derrotar a direita. É necessário apontar que Colbert Martins herança de José Ronaldo e que José Ronaldo é a continuidade de Colbert Martins. Com os necessário enfrentamentos é possível construir a primeira gestão democrática e popular no segundo maior município da Bahia.
(*) Gabriel Cavalcante é militante do PT e da AE da Bahia