Por Valter Pomar (*)
Um ex-tesoureiro nacional de um grande partido de esquerda disse certa vez que existe uma “linha vermelha” separando os que ganham dinheiro para fazer política e os que fazem política para ganhar dinheiro.
Quando um dirigente político usa a política para se converter em empresário, quando segue desenvolvendo as duas atividades simultaneamente, quando se jacta disto em público, quando começa a exibir as famosas “manifestações exteriores de riqueza”, parece óbvio que esta linha vermelha está sendo cruzada.
Se o partido em questão não se antecipar, o dano é questão de tempo.
Ou bem o arrivista vai subir na vida até tomar conta do pedaço, degenerando a finalidade do partido.
Ou bem vai cair lá do alto, esborrachando não só a ele, mas também aos demais.
Nesse caso, aos que não têm os meios para resolver o problema, tampouco dispõem do escudo gaulês, que a turma de Asterix e Obelix usavam para que o céu não caísse sobre suas cabeças, só resta apelar ao ditado latino: dixi et salvavi animam meam.
(*) Valter Pomar é professor e membro do diretório nacional do PT