A direção estadual de São Paulo da tendência petista Articulação de Esquerda, reunida no dia 9 de outubro de 2022, aprovou a seguinte resolução:
1.O balanço completo das eleições 2022, tanto em âmbito nacional quanto no estado de São Paulo, só pode e só deve ser realizado após o segundo turno, isto devido a três motivos. Primeiro, porque devemos nos concentrar na tarefa da hora: eleger Lula e Haddad. Segundo, porque há polêmicas que só serão resolvidas na prática, a depender do resultado final das eleições. Terceiro, porque é preciso algum tempo para realizar um balanço adequado, que exigirá analisar todos os resultados colhidos no estado de São Paulo (presidência, governadores, senado, proporcionais, comparecimento, abstenções, comparação com outras eleições, distribuição regional e social etc.).
2.Entretanto, para que possamos dar conta da tarefa de eleger Lula e Haddad, é útil realizar um balanço preliminar. Neste espírito, destacamos de forma sintética o seguinte:
-confirma-se o fortalecimento do bolsonarismo em São Paulo. O que alguns denominam de centro e nós denominamos de direita gourmet (PSDB, MDB) se enfraqueceu ainda mais e grande parte de seu eleitorado deslocou-se para o bolsonarismo;
-confirmou-se que o PT seria capaz de ir ao segundo turno das eleições para governador. Entretanto, o fato de termos ido em segundo lugar, com uma votação abaixo da prevista em inúmeras pesquisas, gerou em setores de nossa base a ideia de que não seria possível vencer a disputa para governador;
-discordamos desta ideia: o fato de Haddad ser o mais votado na capital do estado mostra que era e continua sendo possível conquistar maioria para o PT na disputa pelo governo. Se a campanha Lula crescer no estado de São Paulo e se a campanha Haddad se conectar com este crescimento, é possível virar o jogo e ganhar as eleições;
-para conseguir este crescimento, teremos que superar as debilidades políticas e organizativas do PT, entre as quais destacamos a fragilidade da direção estadual e o desmantelamento de boa parte das direções municipais. A única maneira de superar isto no tempo disponível é convocando a militância petista e a militância de esquerda a tomar a campanha em suas próprias mãos;
-entre as debilidades políticas citamos a crença nas pesquisas, a ilusão na força dos neoaliados e a preocupação excessiva com a disputa dos setores médios e com o (desaparecido) centro político, em detrimento da disputa do povão.
3.Lutar para eleger Lula ajuda a eleger Haddad. E lutar para eleger Haddad ajuda a eleger Lula. Podemos ganhar nacionalmente, mesmo perdendo São Paulo, como ocorreu em 2002, 2006, 2010 e 2014. Mas é evidente que uma vitória do PT em São Paulo selará a derrota do bolsonarismo. De outro lado, o bolsonarismo pretende arrancar em São Paulo a votação que lhe falta em outros lugares. Tudo isto dá à eleição paulista um papel muito importante.
4.A eleição nacional não está garantida. Como dissemos desde o início, o mais provável é a vitória de Lula, mas não se pode descartar o outro resultado. Inclusive por isso é fundamental triunfar em São Paulo, fazendo campanha junto aos setores que votaram apenas Lula para que votem de novo em Lula e também em Haddad, fazendo campanha para conquistar os votos em branco, nulo e abstenções, fazendo campanha junto a classe trabalhadora, às mulheres, negros e negras, moradores de periferia, trabalhando para engajar as candidaturas proporcionais eleitas ou não e, acima de tudo, convocando a militância a fazer a campanha com suas próprias mãos.
5.Quanto aos setores médios, a melhor forma de disputar seus votos é apresentar e defender enfaticamente um programa compatível com as agendas históricas do PT. Por exemplo, no tocante à saúde e à educação: compromisso integral com o Sistema Único de Saúde (SUS) e com atendimento médico e hospitalar público, gratuito e universal; e compromisso integral com as redes públicas de ensino em todos os níveis. O que implica revogar os contratos de gestão entre o Estado e as chamadas “organizações sociais de saúde”, anular outras formas de mercantilização da saúde e da educação, reverter a extinção da Sucen etc.
6.Ainda na questão programática, é preciso atacar as privatizações e desmanches efetuados por João Doria-Rodrigo Garcia e comprometer-se claramente com medidas que revertam a destruição que eles promoveram na área ambiental e de pesquisa. Isso exige de Haddad anunciar energicamente os seguintes compromissos: 1) revogar as concessões de parques estaduais, em especial PETAR e Água Branca; 2) revogar a extinção e fusão de três institutos estaduais de pesquisa: Florestal, Geológico e de Botânica; 3) barrar a venda da Sabesp.
7.Trata-se, também, de rejeitar as pressões feitas pela grande mídia, pelos setores neoliberais e da direita gourmet, que cobram de Lula uma inflexão à direita em nosso programa de campanha. Para vencer, a campanha Lula precisa fazer e 2022 o que fizemos em 2006 e 2014: uma inflexão à esquerda. Esta é a melhor resposta que podemos e devemos dar à campanha ilegal de fake news implementada pelo bolsonarismo: nosso legado, nossas propostas e um futuro de fraternidade, liberdade e efetiva igualdade.
Lula presidente!!!
Haddad governador!!!