Por Valter Pomar (*)
No dia 6 de outubro aconteceram eleições em 5569 municípios.
Os partidos de centro-direita, direita e extrema-direita foram os mais votados.
Esses mesmos partidos conquistaram o maior número de prefeituras e de mandatos de vereadores.
Os números (aproximados) são os seguintes:
*91 milhões de votos em candidaturas vindas das direitas, 22 milhões de votos para candidaturas lançadas pelas esquerdas;
*4726 prefeituras conquistadas por candidaturas vindas das direitas, 740 prefeituras conquistadas por candidaturas lançadas pelas esquerdas;
*48.106 mandatos de vereança conquistados por candidaturas vindas das direitas, 10.308 mandatos conquistados por candidaturas lançadas pelas esquerdas.
Com base nestes dados (aproximados), fica óbvio que os partidos de centro-direita, direita e extrema-direita foram vitoriosos no primeiro turno das eleições.
Entretanto, a disputa não terminou no primeiro turno.
Em 52 cidades haverá segundo turno, no dia 27 de outubro. Destas 52, 15 são capitais, inclusive a de maior eleitorado e população do Brasil, a cidade de São Paulo Capital.
[Ao final deste texto, está a relação de cidades onde haverá segundo turno.]
A depender de quem vença nessas 52 cidades, o balanço político das eleições municipais pode ser bem diferente do balanço do primeiro turno.
No primeiro turno, repetimos, houve uma vitória da direita.
Mas caso – por exemplo – Boulos, Maria do Rosário, Lúdio, Evandro e Natália sejam eleitos, o balanço político será outro: vitória da esquerda.
Provavelmente com a intenção de contribuir para esta vitória no segundo turno, muitos dirigentes e analistas vinculados à esquerda estão pintando o primeiro turno como tendo sido uma “vitória”.
Abaixo dois exemplos disto.
A verdade é um pouco diferente da descrita nos posts acima. Afinal, não estamos disputando contra nosso próprio desempenho em 2020. Nossa disputa é contra a direita em 2024. E no primeiro round dessa disputa foram eles que venceram.
Ademais, quando comparamos nosso desempenho em 2024 com nosso desempenho em eleições municipais anteriores, há certos cuidados a serem tomados. Recomendamos, a respeito, analisar as informações abaixo, divulgadas pelo Grupo de Trabalho Eleitoral do PT antes da eleição, num momento em que se fazia prognósticos muito mais otimistas do que os resultados.
Além disso, é preciso levar em consideração o contexto mais amplo. Como se pode constatar na imagem reproduzida mais abaixo, com dados também elaborados pelo GTE do próprio PT, nosso resultado em 2024 foi inferior ao obtido nas eleições municipais ocorridas no meio do governo Lula 1, no meio do governo Lula 2 e no meio do governo Dilma 1. Estamos abaixo, inclusive, do desempenho que tivemos depois do golpe de 2016,
Isso tudo considerado, sugiro reconhecer que – no primeiro turno – não fomos vitoriosos, embora tenhamos obtido algumas vitórias importantes.
Por exemplo: ampliamos a votação das esquerdas em relação a 2020, embora em certos casos isso possa ser um efeito estatístico resultante do crescimento do eleitorado nacional.
Elegemos mais prefeituras e vereanças do que em 2020, embora este crescimento tenha sido modesto, como já foi parcialmente demonstrado.
Ganhamos no primeiro turno em algumas cidades simbólicas, como Juiz de Fora e Contagem, Bagé e Rio Grande.
Fomos ao segundo turno em Camaçari/BA, Caucaia/CE, Fortaleza/CE, Anápolis/GO, Cuiabá/MT, Olinda/PE, Natal/RN, Pelotas/RS, Santa Maria/RS, Porto Alegre/RS, Diadema/SP (reeleição), Mauá/SP (reeleição) e Sumaré/SP.
Elegemos ou projetamos novas lideranças, especialmente nas Câmara Municipais.
E, mesmo onde perdemos, mobilizamos centenas de milhares de pessoas, que dedicaram parte do tempo de suas vidas para defender nossas bandeiras, nossas cores, nossa estrela.
Apontar estas vitórias é importante, porque elas demonstram que nosso resultado – já no primeiro turno – poderia ter sido muito melhor do que foi.
As vitórias e as derrotas têm causas várias. Uma delas é a linha de campanha. E tudo indica que a linha política adotada no primeiro turno não contribuiu, na maioria das cidades, para a vitória que desejávamos.
Assim, precisamos estar abertos para, no segundo turno, corrigir a linha política.
Se fizermos isso, podemos vencer na maioria das cidades onde participamos do segundo turno. A começar por São Paulo capital, Fortaleza, Cuiabá, Porto Alegre e Natal.
(*) Valter Pomar é professor e membro do diretório nacional do PT
Lista de cidades onde haverá segundo turno
Manaus
Goiânia
João Pessoa
Diadema
Fortaleza
Belém
Curitiba
Limeira
Caucaia
Piracicaba
Uberaba
Cuiabá
Petrópolis
Londrina
Taboão da Serra
São João de Meriti
Paulista
Campina Grande
Santa Maria
Porto Velho
Jundiaí
Santos
Aparecida de Goiânia
Serra
Natal
Ribeirão Preto
São Bernardo do Campo
São José do Rio Preto
Camaçari
Niterói
São José dos Campos
Aracaju
Sumaré
Belo Horizonte
Barueri
Pelotas
Canoas
Mauá
Franca
Ponta Grossa
Olinda
Caxias do Sul
Porto Alegre
Taubaté
Palmas
São Paulo
Guarujá
Guarulhos
Anápolis
Campo Grande
Imperatriz
Santarém
Lista de capitais onde haverá segundo turno e quem concorre
Aracaju (SE): Emilia Correa (PL) e Luiz Roberto (PDT)
Belém (PA): Igor (MDB) e Delegado Eder Mauro (PL)
Belo Horizonte (MG): Bruno Engler (PL) e Fuad Noman (PSD)
Campo Grande (MS): Adriane Lopes (PP) e Rose Modesto (União)
Cuiabá (MT): Abilio (PL) e Lúdio (PT)
Curitiba (PR): Eduardo Pimentel (PSD) e Cristina Graeml (PMB)
Goiânia (GO): Fred Rodrigues (PL) e Mabel (União)
Fortaleza (CE): André Fernandes (PL) e Evandro Leitão (PT)
João Pessoa (PB): Cicero Lucena (PP) e Marcelo Queiroga (PL)
Manaus (AM): David Almeida (Avante) e Capitão Alberto Neto (PL)
Natal (RN): Paulinho Freire (União) e Natália Bonavides (PT)
Palmas (TO): Janad Valcari (PL) e Eduardo Siqueira (Podemos)
Porto Alegre (RS): Sebastião Melo (MDB) e Maria do Rosário (PT)
Porto Velho (RO): Mariana Carvalho (União) e Léo (Podemos)
São Paulo (SP): Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL)