Frente ampla é frente popular?

Por Flávio Alves da Gama (*)

Professora Simone Peña, candidata á vereadora em Cachoeirinha

Ainda que o Partido dos Trabalhadores esteja há exatos 22 anos sem governar a cidade de Cachoeirinha, no Rio Grande do Sul, há de se refletir sobre o que representa essa aliança pontual do PT na cidade com o PSDB privatista do governador Eduardo Leite e os desdobramentos disso.

Frente ampla é, e sempre será, uma frente de partidos que possuem distintos projetos, diferente da frente popular, coisa que nós de esquerda sempre honramos. Pragmatismo político leva a isso, ou seja, “vão-se os anéis e ficam os dedos”. Não há mais o que se fazer sobre esta aliança, porque ela já foi selada e tem o aval da direção estadual do PT e da direção nacional. Entre as justificativas, ressalta-se o fato de que o acordo não foi proibido porque a cabeça de chapa da majoritária ficou com o PT, cabendo a vice ao PSDB.

A campanha política na cidade, que tem hoje mais de 100 mil eleitores, ganha contornos nunca antes vistos na cidade. Afirmo que a disputa do voto se dará no campo popular, pois a camada mais abastada da sociedade cachoeirinhense e os setores mais conservadores já estão alinhados com o outro candidato, que é do MDB. Ele e seu vice são pessoas que pensam muito o centro da cidade e menos a periferia. O atual prefeito já usou a máquina da prefeitura para “tirar do páreo” o candidato mais bolsonarista, o qual abocanharia uma fatia de votos dessa camada da sociedade já mencionada.

Em tese, o candidato do PT ainda não perdeu nada com essa aproximação do MDB e do PL, afinal, a aliança já se configurava porque ambos possuem muitos setores da sociedade civil organizada “na mão” deles, além de uma parcela significativa das igrejas e setores religiosos.

O candidato do PT, o jovem Almansa, sociólogo e atualmente único vereador da esquerda na cidade, é da periferia e tem uma trajetória política que o credencia a ser o nome do PT. Seu vice, da mesma forma, tem origem num bairro bem periférico desta cidade. Esse é outro dos motivos pelos quais o PT de Cachoeirinha e suas forças políticas acabaram concordando com essa aliança com o PSDB local.

Nós, da Articulação da Esquerda, apresentamos o nome da professora Simone Peña, pois entendemos que ela dialoga com todos os movimentos sociais por meio do mandato de nossos deputados e, também, por intermédio de nossos dirigentes da AE gaúcha.

Será uma eleição de um turno e ao estilo “mano a mano”. Isso, por si só, deveria mover o PT e esses partidos dessa frente ampla a investir aqui pesadamente. Várias coisas estão em jogo nessa região e nesse momento. A capital, Porto Alegre, onde provavelmente teremos dois turnos, e outras cidades vizinhas poderão ser governadas pela frente popular.

Eleger o Almansa em Cachoeirinha pode ser o diferencial nesta região metropolitana que reúne municípios com 200 mil a 300 mil eleitores. Somando o número de eleitores da capital e o número de eleitores do entorno dela, chega-se a quase 4 milhões de votos só nesta região do estado. O PT Nacional deve estar atento a isso, afinal, necessitamos reeleger o nosso projeto em 2026. Precisamos derrotar a direita extremista, elegendo prefeitos e prefeitas, vereadores e vereadoras que tenham compromisso com a classe trabalhadora.

Cachoeirinha não é uma ilha e, se elegermos o Almansa aqui, a Stela em Alvorada, a Fátima em Viamão e o Bordignon em Gravataí, ganharemos um fôlego para no segundo turno da eleição da capital, o que poderá significar a vitória do campo popular e democrático e Porto Alegre voltará a ser novamente a capital do Fórum Social Mundial. Mais do que isso. Porto Alegre e região vão alavancar a candidatura da esquerda como um todo lá em 2026.

Boa luta!

(*) Flávio Alves da Gama é professor, dirigente municipal do PT e da AE Cachoeirinha e coordenador de campanha da candidata a vereadora Simone Peña.

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