Por João Vitor Meireles Fernandes (*)
No dia 15 de dezembro a tendência Articulação de Esquerda Piauí se reuniu na sede do PT Estadual em Teresina para debater as eleições do partido. Entre nomes apresentados para a candidatura a presidência Estadual estiveram, Conceição (PT de Barro Duro), Neto Alves (ex vice-prefeito de Eliseu Martins), João Neguinho (PT de Manoel Emídio), e o de Mãe Bel (PT de Teresina). A direção Estadual da tendência no dia 22 de dezembro escolheu o nome de Mãe Isabel de Oxum como candidata a presidência do PT Estadual.
Mãe Isabel de Oxum é uma mulher negra de 60 anos, militante do PT, estudante de Serviço Social na Universidade Federal do Piauí. Como Mãe de Santo é líder de um terreiro de umbanda e tem uma longa jornada na luta pelos direitos da população negra. Indo para além da espiritualidade, mãe Bel tem dedicado sua vida a construção de espaços educativos sobre ancestralidade e cultura afro-brasileira.
Com a escolha feita, a tendência discutiu como será organizado as pautas para a disputa do PED. Uma das principais pautas colocadas por nossa candidata é a disparidade de gênero e raça nos repasses financeiros do fundo Partidário. É necessário que a militância faça o levantamento dos dados para servirem de base para esta critica, entendendo que neste momento a candidatura de Mãe Bel faz frente a projetos conservadores do campo majoritário do PT.
Na avaliação dos membros da AE-PI, a atuação da direção Estadual contribuiu com a derrota eleitoral em 2024, onde o DE fez intervenções que excluiu petistas das disputas por prefeituras em dezenas de cidades. São exemplos de diretórios atingidos por intervenções sob nosso conhecimento os de, Morro Cabeça do Tempo, São Raimundo Nonato, Jatobá do Piauí, Santa Filomena e Assunção do Piauí. As intervenções nos diretórios municipais no interior abriu espaço para uma série de debates em torno do próximo PED, que revelaram o caráter excludente do campo majoritário do partido, que se fecha em sua tática eleitoral de conciliação com a direita e centro-direita.
Acompanhando a crítica dos diretórios atingidos e entendendo que a atual direção do partido não conseguiu dar respostas as necessidades de organização do PT, escolhemos Mãe Bel como candidata, para provocar mudanças na linha Política e na atuação do partido. Além da disputa interna, existe um simbolismo muito importante na escolha da candidata. Entendemos que ter uma candidata Negra, socialista, mãe de santo, coloca em contradição setores conservadores do PT que tanto falam de representatividade, mas, na prática, se fecham em seus mandatos excluindo os demais filiados.
Vemos o PED deste ano como momento fundamental para os rumos do País, Estados e Cidades, este é o momento de unirmos forças contra privatizações e políticas Neoliberais que desfavorecem a classe Trabalhadora, atingindo principalmente a população negra e periférica. Partimos do entendimento que o PT deve votar contra essas Políticas, de incentivo ao mercado e austeridade fiscal. Para mudar de fato o País é necessário um grande esforço militante e um grande alinhamento do partido contra essas políticas, isso só será possível com um diretório alinhado e presente na vida dos filiados.
Infere-se que, todo petista deve realizar atividades de filiações com diálogos abertos aos filiados, apresentando o PED e listando os desafios do partido. Este é o momento do PT rebelde renascer, propondo debates sobre a vida concreta dos tralhadores. Para nós, nada mais concreto que a relação de resistência do povo negro em sua diáspora, temos que aprender com essas experiências, pois em tempos como este, as formas de organizações ancestrais nos ensinam a resistir e ter resiliência. É hora de ter uma mulher Negra na presidência do PT, viva Mãe Isabel de Oxum, viva o Partido dos Trabalhadores.
(*) João Vitor Meireles Fernandes é professor de História e secretário de formação Política Juventude da Articulação de Esquerda Piauí
