Uma estátua para Marta Suplicy

Por Valter Pomar (*)

Um velho amigo me enviou, hoje, uma entrevista onde Adriano Diogo – grande militante, dos que combateram contra a ditadura e seguiram pela esquerda desde então – propõe construir uma estátua para Marta Suplicy.

A entrevista, para quem não leu, está aqui: “Tinham que fazer uma estátua para Marta em São Paulo”, diz o ex-deputado Adriano Diogo (diariodocentrodomundo.com.br)

Na minha opinião, a entrevista de Adriano chega a ser sóbria, quando comparada a um vídeo onde Marta é apresentada ao som da clássica De volta para o aconchego.

Sem dúvida, a gestão da então petista Marta como prefeita de São Paulo tem enormes méritos. E quem a defende como vice de Boulos, a começar pelo próprio, tem a expectativa de que estes méritos passados movam moinho. Da minha parte, espero que tenham razão.

Mas, como já disse noutras oportunidades, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Uma coisa é aceitar a Marta como vice, outra coisa é recebê-la de volta no PT, como se fossemos uma legenda eleitoral, não um Partido.

Adriano Diogo, óbvio, sabe a diferença entre legenda e Partido. Talvez por isso mesmo ele opte por contar uma história um pouco diferente daquela que realmente aconteceu.

Para não cansar ninguém, me limito ao seguinte trecho: segundo Adriano Diogo, Marta “foi uma das molas propulsoras da eleição da Dilma Rousseff. Depois, lá no governo, houve um desentendimento em que ela errou naquele simbolismo de levar flores para Janaina Paschoal perto daquela senadora do Rio Grande do Sul. Ela errou. Mas a gente precisa ver na política os antecedentes. É uma maravilhosa notícia que a Marta volte ao PT“.

Anotem aí: sair do PT fazendo pesadas acusações, votar no impeachment da Dilma, votar a favor de medidas contra a classe trabalhadora, fazer campanha para candidaturas de direita e integrar até há pouco um governo resultante de uma destas campanhas… tudo isto não passa de desentendimento e simbolismo.

Por tamanha capacidade de síntese, quem realmente merece uma estátua é Adriano Diogo.

Dia 2 Marta se filiará ao PT. Dia 3 reapresentarei o pedido de impugnação.

Para pegar emprestado as palavras de Adriano, será meu “desentendimento simbólico” contra mais este passo que vai convertendo o PT em uma legenda eleitoral.

(*) Valter  Pomar é professor e membro do diretório nacional do PT

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