40 anos da greve da GM de São José dos Campos: um sopro de luta da classe trabalhadora

Por José Luiz Gonçalves (*)

No dia 12 de abril de 1985, segundo dia da greve da General Motors (GM), há 40 anos atrás, os metalúrgicos entraram e paralisaram os trabalhos pela redução da jornada e reposições salariais.

Os trabalhadores da GM entravam na fábrica, batiam o cartão e se dirigiam ao pátio para assembleia do dia e seguir as orientações do comando de greve e depois ficavam parados: uns jogando dominó, outros batendo uma bola e alguns faziam roda de conversa ou reza e no final do dia se dirigiam para suas casas.

As negociações na FIESP fracassaram, agora era fábrica por fábrica. Nas mais organizadas, o sindicato tinha conquistado o direito de eleger uma comissão de fábrica e tinha CIPAS atuantes e diretores do sindicato eleitos pela fábrica. Esse era o caso da GM. Esses companheiros eram os que dirigiam a greve dentro da empresa. O sindicato tinha uma executiva que comandava e que dava as diretrizes para todas as greves que estavam acontecendo simultaneamente, além de formar a comissão de negociação com uma assessoria técnica de advogados e economistas do DIEESE.

A principal reivindicação era a redução da jornada de trabalho. No caso da GM, trabalhava-se 48h por semana, ou seja, 9 horas e 36 minutos por dia, mais uma hora de almoço, uma hora da saída de casa até a fábrica e uma hora de volta da fábrica à residência, tudo isso dando um total de 51h por semana.

A GM radicalizou, enquanto outras fábricas negociavam e reduziam a jornada. Enquanto isso, a greve continuava neste bate e volta dia após dia até que a direção da GM resolveu demitir todo o comando de greve por justa causa, e os trabalhadores ocuparam a fábrica mantendo os mensalistas que entraram com a incumbência de selecionar quem seriam os demitidos. A Fábrica recorreu ao Estado, que organizou um batalhão de choque da PM para desocupá-la.

Assim, o objetivo da GM era demitir os dirigentes sindicais, a CIPA e a comissão de fábrica, ou seja, todo o comando de greve. O Estado cumpria as ordens da GM e os trabalhadores resistiam bravamente.

Essa batalha terminou empatada com a decisão negociada com o Ministro do Trabalho da retirada das tropas da Polícia Militar e a saída dos mensalistas. Não houve confronto iminente, e mais tarde os trabalhadores deixaram a fábrica. No próximo dia útil de trabalho foram retirados os ônibus e a fábrica ficou fechada enquanto a empresa fazia mais demissões por justa causa chegando a mais de quatrocentas demissões até a volta, no dia 9 de maio de 1985, quando houve um novo confronto na portaria da fábrica com a Polícia Militar dando respaldo aos guardas da portaria da GM para não deixar entrar os demitidos.

Tempos depois, a GM negociou a redução da jornada de trabalho para 45 horas semanais e aceitou pagar os direitos de partes dos demitidos e o Estado abriu um processo contra 33 dirigentes e lideranças da GM para apurar e punir criminalmente essas pessoas, com o objetivo de servir de exemplo para que outros trabalhadores não lutassem por direitos. Por essa razão, a grave ficou conhecida como a “Greve dos 33” da GM.

Em homenagem a esses bravos trabalhadores, destaco três companheiros que já partiram: Gaspar, Passarinho e Hiena.

As imagens são de três livros publicados sobre estes fatos: dois pelo sociólogo e escritor Moacyr Pinto da Silva e um pelo jornalista Celso Horta.

(*) José Luiz Gonçalves foi presidente do Sindicato dos Metalúrgicos entre 1983 e 1990

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