Por Thaís Ribeira
Com base no que já havia sido encaminhado na última plenária nacional da AE; buscando tornar sistemática a produção de conteúdo digital pela tendência; e fazendo referência ao ponto de pauta 1) do 5° Congresso, propõe-se o que segue.
Proposta: criar um núcleo de formação e comunicação digital da AE, a nível nacional, que seja renovado juntamente com cada nova direção. Esse núcleo precisará assumir responsabilidade de direção, ou seja, com compromissos, pautas e agendas bem definidos e com produção sistemática de novos conteúdos, devendo submeter suas propostas de trabalho à aprovação da direção, bem como prestar contas do trabalho realizado.
Objetivo: ampliar a nossa atuação na internet, demarcando nossas posições políticas e incidindo cada vez mais entre petistas e simpatizantes, além de servir de fonte de conteúdos para difusão nas redes sociais, em duas frentes:
1. Formação, abordando temas gerais relacionados à história, economia política, sociologia, geopolítica, lutas revolucionárias, conjuntura, etc., que contribuam para sustentar e legitimar a nossa defesa da luta pelo socialismo.
2. Comunicação, formulando e apresentando a nossa própria linha política sobre temas que “bombam” nas redes, e sobre os quais os militantes, individualmente, tem e eventualmente apresentam suas próprias posições, mas sobre os quais não se consolida uma posição no debate que seja própria da nossa tendência, nem tampouco passível de ampla difusão por nós, militantes, pra dentro e pra fora do PT.
Método:
Formação
• A formação digital seria feita através de vídeos em um canal no YouTube, específico, com identidade visual própria fazendo referências ao PT, à figuras e movimentos revolucionários.
• Os vídeos podem ser gravados por qualquer militante, do núcleo ou não, que esteja apto a tratar sobre um determinado tema, assegurando-se a esse militante uma infraestrutura básica para garantir qualidade de áudio e vídeo (um microfone, um tripé para celular e uma boa iluminação).
• Os vídeos teriam entre 10 e 20 minutos e a produção envolveria um mínimo de estruturação técnica, como elaboração de um texto para roteirização, gravação e edição do vídeo com a inserção de elementos visuais (nos moldes dos vídeos sobre história das lutas pelo socialismo).
Comunicação
• A comunicação consistiria em formulação rápida de conteúdo, no “timing” das “grandes” e efêmeras polêmicas da internet de modo a incluir nessas polêmicas um ponto de vista particular da tendência que ofereça uma alternativa à polaridade frequentemente observada entre direita e esquerda liberal.
• Nesse campo estariam contempladas as formas de comunicação como posts de até cinco parágrafos no Facebook, imagens, memes, twits, etc., tudo em canais de comunicação oficiais e específicos, que serviriam como “fonte” para outros canais a nível estadual, municipal e para os militantes em geral.
Motivação:
Formação
Existem atualmente algumas dezenas de canais no YouTube voltados à formação de um ponto de vista de direita e de extrema-direita, sendo Mamãe Falei e Olavo de Carvalho alguns de seus principais representantes.
Existem também outras dezenas voltados para uma formação de um ponto de vista liberal (de esquerda e de direita).
Conteúdos que contribuem para uma formação revolucionária e de luta pelo socialismo são, contudo, muito restritos e além disso, em geral, profundamente anti-petistas.
Exemplos de bons canais (com os quais não necessariamente há concordância com o conteúdo):
Buenas ideias (Eduardo Bueno): https://www.youtube.com/channel/UCQRPDZMSwXFEDS67uc7kIdg (muito dinheiro, muita estrutura)
Chutando a porta (Luna Zaratini – militante Disparada/Novo Rumo/PT): https://www.youtube.com/channel/UCJOTYpimsCJUWWmNcwUKxow (???? dinheiro/boa estrutura)
Jones Manoel (Jones Manoel – militante PCB): https://www.youtube.com/channel/UC02coXfDPjEmU8uDT2G8Z2A (pouco dinheiro/alguma estrutura)
Recentemente o nosso camarada do RS, Giovane Zuanazzi, estreou um canal próprio no YouTube, iniciando a empreitada com um trabalho de desconstrução do “mito” de Carlos Alberto Brilhante Ustra.
Embora em termos de qualidade do material ainda consista em algo bastante artesanal, em termos de conteúdo evidencia que a AE, desde a sua juventude, tem totais condições de desenvolver esse tipo de trabalho. Link do vídeo: https://youtu.be/ETx1h97oDlo
Comunicação
Quando se trata de comunicação rápida e de formação de opinião acerca de temas que “bombam” nas redes nós acabamos ficando à reboque daquilo que é produzido pela grande mídia, Folha, Estadão, Valor, etc; pela mídia liberal-progressista como El País, BBC e The Intercept; ou, ainda, de algumas mídias que (imagino) possuem vínculo com o nosso partido mas que são responsáveis, ora por conteúdos sensacionalistas, como o Brasil 247, ora pela difusão de uma visão que é hegemônica no partido mas com as quais não partilhamos como Fórum, GGN, Rede Brasil Atual, etc. (Exemplo: Maria Lúcia Fatorelli em entrevista para o Brasil Atual defendendo que o problema não é o capitalismo, mas sim os bancos).
Neste último caso, reconhecendo a importância e a legitimidade do conteúdo produzido por esses canais, Ô que se reivindica aqui é a possibilidade de termos condições de estabelecer um debate apresentando o nosso ponto de vista.
Quanto às redes sociais, alguns exemplos recentes sobre os quais acabamos ficando rendidos e amarrados às opiniões de outros setores da esquerda, quando não da direita, são o caso da Tabata Amaral, a comparação que Rosana Pinheiro-Machado fez entre Hitler e Mao, as posições de “Hamilton Mourão sensato”, etc.
Financiamento:
• A iniciativa em princípio precisaria de um aporte da própria tendência, mas a proposta é que logo após a divulgação dos primeiros conteúdos se inicie uma campanha de contribuição virtual solidária (estilo vakinha), por parte de militantes e não militantes seguidores dos canais.
Considerações finais:
É evidente que seria possível deixar essa iniciativa à cargo de militantes que, individualmente ou em pequenos grupos, iniciassem e mantivessem um trabalho de produção de conteúdo digital.
Contudo, como frequentemente vemos, a internet é capaz de criar “fenômenos” e “estrelas” que com a mesma rapidez que surgem e “bombam”, também passam a ser “perseguidos” e têm sua “morte” virtual decretada.
Nosso objetivo não é criar estrelas, além de quê também queremos investir esforços em uma iniciativa que não esteja à mercê das efemeridades da internet.
Uma possível forma de evitar isso é que tenhamos uma iniciativa política da tendência, de longo prazo e com objetivos bem determinados.
Outro risco que se corre quando das iniciativas dispersas é que o militante individualmente pode sofrer contratempos na vida pessoal, ter dificuldades financeiras, de saúde, etc, que levem à interrupção do trabalho. Esse risco também poderia ser evitado caso a iniciativa seja da tendência.
No que se refere à militância, a existência de uma “fonte” digital de formação e comunicação da AE não pretende inviabilizar que sejam feitas discussões por indivíduos que compõem a tendência. Apenas teria como propósito garantir um “esqueleto” em termos de conteúdo digital a partir do qual a militância pudesse se pautar e, quem sabe, produzir outros e novos conteúdos, bem como contribuir com a disputa política na internet.
Por fim, sugere-se envolver ao máximo na produção dos conteúdos, e na medida do possível, militantes jovens, que já tenham participado de jornadas nacionais de formação da AE e que venham, sistematicamente, participando e/ou desenvolvendo atividades de formação em suas cidades, Estados, etc.
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