Por Fabíola Lemos (*)
O PT do Piauí figurou uma lamentável página de sua história, justamente em um momento que não se é permitido errar.
Simplesmente, toda a bancada de Deputados Federais votou favorável à PEC da Blindagem, fazendo coro com os golpistas que, nesse momento, precisam desse instrumento para escancarar as portas para o crime organizado e para escaparem da mira da justiça, nos vários ritos da trama golpista.
Vale lembrar que as mortes durante a pandemia ainda estão sob investigação, por isso, a PEC da Bilindagem é providencial para safar muito deputado envolvido.
Também é verdade que a PEC da Blindagem chega em um momento onde as denúncias de envolvimento do PCC com o Presidente do União Brasil, Antônio Rueda e o Senador Ciro Nogueira, ampliam mais ainda a necessidade de uma PEC que proteja, inclusive, presidentes de Partidos.
Alguns deputados do PT-PI seguem “fazendo a egípcia”, outros já publicizaram o arrependimento.
O Deputado Merlong Solano, por exemplo, lança a justificativa da necessidade de negociação com o Centrão, pra evitar que chegasse em pauta o PL da Anistia.
Um péssimo negócio, em vários sentidos.
Primeiro porque deu à extrema direita a narrativa de que “até o PT votou favorável”. Uma grande injustiça, já que se trata de 12 deputados, no universo de uma postura majoritariamente contrária.
Sem contar que expõe um partido que negligencia as orientações de suas instâncias. Fato corriqueiro, mas que procuramos camuflar aos olhos da opinião pública.
Para piorar, uma troca cara em uma negociação com pouca relevância para o governo, já que o PL da “Anistia” que inocentemente, os deputados acreditavam “ajudar o Lula”, não pauta a Anistia em seu texto. Trata-se tão somente da diminuição da pena para os poucos golpistas do 8 de janeiro, que seguem presos.
Resumo da obra, um desgaste desnecessário para uma PEC que chega cheia de inconstitucionalidades.
Porém, há uma coisa que hoje chama atenção na cansada justificativa da “governabilidade” do presidente Lula, e essa precisa ser enfrentada com honestidade.
A irresponsabilidade com que se utiliza essa justificativa, vai acabar convencendo o povo, de que o presidente Lula quer um partido fraco e de posições duvidosas.
Em nenhuma literatura da Ciência Política, é possível conceber que um partido de esquerda ajude seu presidente, contemporaneizando com as pautas de direita.
O que se espera é justamente o contrário. Um partido ajuda muito mais, quando age como força social, obrigando o corpo político institucional, a ceder para atender o clamor do povo.
Lula não pode ser esse agente, dada sua condição de gestor público.Espera-se, minimamente, que seu partido o faça.
Essa tese, sem qualquer fundamento, tem se tornado senso comum, nos fóruns do PT.
Precisamos discuti-la e esmiuçar a utilidade que ela vem tendo para algumas pessoas que a acionam, tão somente para se livrar do combate.
Se o problema já não fosse enorme, finalizamos o dia com o deputado Átila Lira sendo porta voz do “protagonismo da Direita” para a aprovação do Projeto que isenta famílias em vulnerabilidade de pagarem a conta da energia elétrica.
Um projeto do presidente Lula dificultado pelas manobras da direita, sendo usurpado pela comunicação da Direita.
Foram dias de muitos erros. Vale perguntar até que ponto estamos dispostos a enfrentá-los.
(*) Fabíola Lemos é secretaria de Formação do PT de Teresina (PI)