Por Valter Pomar (*)
É conhecido o ditado: crea cuervos y te sacarán los ojos.
Cria corvos e eles comerão seus olhos.
Ajude inimigos e eles vão te causar dano.
Este ditado vem à mente, quando se lê o texto abaixo, publicado recentemente pela coluna Painel, da Folha de S.Paulo.
Lula libera auxiliares a aumentarem tom das críticas à gestão Galípolo no BC
Frustrado com o presidente do BC, Gabriel Galípolo, Lula deve liberar auxiliares diretos a aumentarem o tom das críticas à alta taxa de juros.
O petista não pretende atacar diretamente Galípolo, indicado por ele, como fazia com seu antecessor no cargo, Roberto Campos Neto, que foi nomeado por Jair Bolsonaro. Mas, segundo um aliado, ele se sente surpreendido negativamente com a defesa enfática do atual BC ao patamar da Selic, de 15%.
De acordo com um interlocutor, o petista pretende autorizar auxiliares como Alckmin, Haddad e Gleisi Hoffman a fazer críticas mais duras ao BC. Outro que deve ter essa prerrogativa é Guilherme Boulos, caso assuma a Secretaria Geral.
Segundo esta fonte, o objetivo é não deixar a Faria Lima falando sobre o tema e oferecer um contraponto, com o argumento de que a economia já está esfriando e que a taxa pode baixar de forma segura.
Para o governo, a discussão sobre política monetária não pode ser apenas técnica, mas também tem um componente político.
Lembro que no recente encontro nacional do PT, realizado nos dias 1, 2 e 3 de agosto de 2025, a maioria dos delegados rejeitou uma proposta que propunha que o Partido fizesse exatamente isso.
Recomendo aos interessados assistir o debate a respeito, em especial as falas contrárias (ou seja, favoráveis a manter o silêncio obsequioso do Partido frente à alta taxa de juros).
(Tentei achar o link, sem sucesso.)
O incrível é que há alguns poucos dias, em reunião da executiva nacional do PT, importante dirigente nacional argumentou que o Partido não deveria incluir em resolução uma crítica pública aos juros. Segundo o cidadão, o papel do Partido seria fazer chegar sua opinião crítica ao presidente.
Da defesa de um partido de vanguarda à exaltação do embargo auricular: assim caminha parte da humanidade.
(*) Valter Pomar é professor e diretor da FPA
Respostas de 2
Ou o governo acorda para concorrer as eleições com popularidade… Ou continuará refém da faria lima.
Uma vez que optou governar sem as ruas!
Lamentável.
Em defesa de alguns cargos ou muitos o PT vai caminhando para uma nova faze , centrao!!!