A democracia liberal saiu do armário!

Por Coletivo LGBTQIA+ da AE

Texto publicado no Boletim LBGTQIA+ da Tendência Petista Articulação de Esquerda de fevereiro

A eleição de Donald Trump nos Estados Unidos arrombou o armário da democracia liberal no mundo ocidental. Desde sua posse, o presidente eleito anunciou o fim de todas as políticas de Estado as quais seu governo denominou “programas ilegais e imorais de discriminação”, referindo-se àquilo que ficou conhecido como programas de diversidade, equidade e inclusão (DEI) e que passaram a ser implementados em empresas e instituições públicas e privadas nos últimos anos, no sentido de atingir alguns níveis mínimos de representatividade dos mal chamados grupos minorizados, especialmente em posições de maior destaque e liderança.

E como é tudo sobre business, juntamente com o novo governo estadunidense, inúmeros executivos de grandes corporações globais, que ficaram de certa forma reconhecidas nos últimos anos por promoverem tais programas, anunciaram o fim definitivo de suas políticas de diversidade e inclusão, buscando alinhar-se imediatamente às mais recentes diretrizes da Casa Branca. Empresas como General Motors, Pepsi, Amazon, Google e Disney disseram que removerão todas as referências às DEIs de seus relatórios anuais e, portanto, de seus objetivos e metas corporativos.

Os mais desavisados poderiam concluir, a partir desta guinada reacionária mais recente que, fosse o Partido Democrata a governar os Estados Unidos, talvez as coisas não teriam chegado a este ponto. Mas na realidade, o genocídio do povo Palestino apoiado e promovido pelos EUA sob o comando do democrata Joe Biden já evidenciava há vários meses que a verborragia “antirracista” liberal é bastante seletiva e que o que está em jogo, realmente, é a tentativa desesperada dos Estados Unidos de refrear o declínio de sua hegemonia perante o mundo, bem como a impossibilidade objetiva entre capitalismo e diversidade real.

O que está finalmente demonstrado em 2025 é que o sistema capitalista não pode suportar, a médio e longo prazos, o direito do povo trabalhador de viver e existir com dignidade, em toda a sua pluralidade e diversidade de gênero, de raça, de orientação sexual, de crença e em harmonia com a natureza. As últimas décadas, especialmente após o fim da URSS, representaram campo fértil para os ideólogos do capitalismo e seus representantes políticos difundirem a falácia de que seria possível acomodar a diversidade de bilhões de seres humanos no mesmo sistema que produz algumas centenas de hiper-ricos às custas da exploração e da opressão de toda a humanidade.

Contudo, a saída definitiva da democracia liberal do armário deixa hoje, mais claro do que nunca, que o capitalismo é absolutamente incapaz de oferecer aos trabalhadores, verdadeiros produtores da riqueza mundial, o direito de viver a sua individualidade e as suas subjetividades de forma plena, o que somente será possível a partir da superação do capitalismo e da construção de uma sociedade socialista. ★

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