Página 13 publica resolução do congresso estadual da tendência petista Articulação de Esquerda da Bahia
ALTERAR À ESQUERDA A ESTRATÉGIA DA CONCILIAÇÃO DE CLASSES NA BAHIA
1. O Partido dos Trabalhadores chegou ao governo em 2006 na Bahia, elegendo Wagner através de uma plataforma em que se coligavam PT, PV, PCdoB, PPS, PTB, PMN e PMDB.
2. A vitória significou o fim do ciclo histórico do carlismo em terras baianas.
3. Desde então, a coligação responsável por conduzir o governo estadual da Bahia se alterou sensivelmente. Em 2009 o PMDB se retira do governo ao final do segundo mandato petista no estado, de modo que naquele mesmo ano o PP é incorporado à coligação.
4. Com a criação do PSD, em 2011, nomes históricos do carlismo são incorporados à administração Rui Costa através deste Partido. Dessa forma, o PSD e o PP simbolizaram, ao longo da era Rui Costa, os dois principais alicerces de sustentação do governo estadual petista.
5. Na última eleição estadual, em que Jerônimo Rodrigues foi levado ao comando do governo, a ruptura do PP deu razão ao retorno do MDB ao interior da coligação governista. Bem como o consórcio de partidos integrantes se estabilizou em torno de 8 partidos: PT, PSD, MBD, PSB, PC do B, PV, Avante e Patriota.
6. O governo Jerônimo se apresenta, então, a partir de uma configuração contraditória, em que representantes de classes distintas ocupam espaços específicos no interior da institucionalidade governamental.
7. As metamorfoses ocorridas no interior da coligação governista trouxeram consequências diretas para as eleições municipais ao longo dos anos. Em 2012, o PT governava 95 municípios, sendo o Partido com o maior número de prefeituras da Bahia; já a partir de 2016, em razão do golpe de estado – com todas as decorrências do antipetismo – e da política de alianças equivocadas, a queda no número de prefeituras petistas foi drástica, de modo que em 2020 apresenta-se um quadro em que o PSD elegeu prefeito em 109 municípios, o PP em 92, e o PT somente 32. O espaço político do governo estadual cedido aos ex-carlistas restou configurado como alavanca de poder para a obtenção do controle de governos municipais ao redor do estado inteiro.
8. Na mesma quadratura histórica, o DEM e o PSDB, quando lançados à oposição, praticamente desapareceram do mapa de governos municipais, chegando a governar 9 município cada. Já o MDB, em 2020, elegeu somente 14 prefeitos, restando analisar qual o efeito do retorno destes ao palácio de Ondina a partir de 2023, oportunidade que teremos nas eleições desse ano.
9. Ao longo dos anos a sustentação do governo estadual fez o PT na Bahia sacrificar candidaturas petistas para abrir espaço para outros candidatos da base aliada. Há então um reflexo claro entre a estratégia de conciliação de classes e a perda de referência que a classe trabalhadora, em municípios estratégicos, tem no PT.
10. É dessa forma que, nos municípios médios o Partido foi derrotado nas eleições de 2022 para o governo estadual, conseguindo reverter o quadro para ser vitorioso em face de ACM Neto com o resultado nos municípios pequenos.
11. No que se refere ao governo do estado, a pauta da educação e da segurança pública representam entraves estruturais nos quais a intervenção governamental merece ser alterada profundamente, em consonância com a tendência de que a Bahia vem se tornando cada vez mais urbana. Por um lado, se continua a haver uma das polícias com maior letalidade do país, por outro as demandas dos trabalhadores da educação precisam ser levadas em consideração pelo atual governo.
12. É necessário construir uma governabilidade popular e candidaturas com conteúdo de classe na Bahia. Sem alterar o rumo, a tendência é o afastamento da classe trabalhadora e a derrota política.