ANDES SN: a hora da onça beber água

Por Mariuza Guimarães (*)

Nos dias 27 a 31 de janeiro, ocorreu, em Vitória/ES, o 43º Congresso do ANDES SN. Os congressos sindicais do ANDES acontecem anualmente, envolvendo 120 seções sindicais a ele vinculadas e, ainda, algumas convidadas por aproximação e que, eventualmente, poderão se agregar ao sindicato nacional. Estas seções sindicais são representativas da base, que conta com 350 mil docentes em universidades, Institutos Federais, CEFETS e escolas de aplicação, representados pela Educação Superior, Básica, Técnica e Tecnológica. Sendo em torno de 70 mil filiados e filiadas.

O 43º Congresso, além das discussões da Conjuntura e do Plano de Lutas para 2025, foi também um congresso eleitoral. O congresso aprova o Regimento Eleitoral, constitui a Comissão Eleitoral e nele são apresentadas as chapas que concorrerão ao pleito, representadas pelos respectivos triunviratos, presidência, secretaria geral e tesouraria. A partir daí, tem-se um período definido regimentalmente para a inscrição da chapa, composta por 83 docentes, sendo 11 a título de Executiva, incluindo o triunvirato, e seis representantes de cada uma das 12 Regionais contidas no Estatuto do Sindicato nacional.

Este pleito tem evidenciado uma conjuntura atípica: 1. Se caracteriza por uma mudança no mapa político representativo das forças que compõem o ANDES. A diretoria do ANDES teve um racha significativo, saindo de seu campo a Unidade Classista, agrupamento significativo no fortalecimento da atual diretoria e que a acompanha nas edições vitoriosas desde 2000, pelo menos; 2. Os agrupamentos Rosa Luxemburgo, CAEL, ART e outros, outrora participantes da diretoria do ANDES, vêm tentando se descolar e lançando chapa para concorrer ao pleito. Suas defesas giram em torno de embates frontais ao Estado burguês e da organização da classe trabalhadora para superação do neoliberalismo e do capitalismo; 3. O Renova Andes, força que se consolidou no último período, organizado como uma força de oposição à atual diretoria, também teve uma cisão importante, causada, sobretudo, por um setor que se aproximou da atual diretoria e quebrou o principal argumento que o constituiu, que era a condição de oposição; 4. A cisão deste último levou à organização de um movimento intitulado Oposição para Renovar o ANDES, que traz consigo a consigna OPOSIÇÃO, com vistas a quebrar a hegemonia que caracteriza o ANDES SN nos últimos 22 anos, pelo menos. Como se pode ver, serão quatro chapas.

As eleições ocorrerão nos dias 7 e 8 de maio, de forma presencial. A campanha começa no dia 14 de março com a homologação das chapas inscritas. Os desafios iniciam-se com a composição da chapa que devem ter 83 pessoas para compor os cargos exigidos em todo o Brasil. Após isto, ainda deve furar a bolha de uma Comissão Eleitoral majoritariamente de pessoas indicadas pela Diretoria. O presidente da Comissão é o presidente atual do ANDES.

Enfim, disputar a direção do ANDES SN não é para os fracos, romper com uma prática hegemonizada e consolidada por mais de 20 anos exige uma campanha que dialogue com a base, que a conquiste para participar do processo, conhecendo as propostas, acompanhando os debates e indo votar. Em 2023, de 64.914 aptos a votar, votaram 16.351. A democracia representativa precisa avançar. Que as chapas consigam conquistar corações e mentes e que a direção do ANDES SN possa mudar de rumo, tendo como centralidade a categoria e suas demandas para manter a universidade pública, gratuita, laica e socialmente referenciada, de fato e de direito!

(*) Mariuza Guimarães é presidenta da ADUFMS Seção Sindical do Andes SN; dirigente do PT e da AE. Candidata no Triunvirato da Chapa 4 – Oposição para Renovar o ANDES SN.

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