Por Gabriel Matos (*)
“Trabalhadoras e trabalhadores do Brasil vocês existem e são valiosos para nós!”, disse o ministro Silvio Almeida, na última terça-feira (3/1), na transmissão de cargo da pasta de Direitos Humanos, em discurso, no qual exaltou povos minoritários, marginalizados e a classe trabalhadora. Que felicidade voltar e existir. A terra é redonda. A pauta dos trabalhadores e das trabalhadoras foi a primeira a ganhar os holofotes. No centro do debate político do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, as reformas da previdência e trabalhista.
As maldades que prejudicaram milhares de trabalhadores nos governos do golpista Michel Temer e do genocida Jair Bolsonaro, foram reinseridas no contexto nacional. Felicidade? O primeiro a tratar da questão foi Carlos Lupi, ministro da Previdência e presidente do PDT. Às 12h do novo ano, com milhares de pessoas nas ruas, lotando a Esplanada dos Ministérios, em Brasília, festejando a volta de Lula à presidência da República, a coluna de Igor Gadelha, no Site Metropoles, publicou matéria sob o título: “O Que Lupi pretende fazer em relação à reforma da Previdência”.
Banho de água fria – Enquanto caminhões, jogavam água no público para aliviar o calor na Praça dos Três Poderes, o site estampava as intenções de Lupi e anunciava que ele ao menos no começo, não pretendida reverter as maldades e que a sua prioridade seria “entender”, o problema. Vale destacar que na recondução de Lupi à presidência do PDT, em março de 2019, o partido fechou questão contrária a reforma da previdência.
Horas mais tarde a primeira declaração, outros sites, talvez com a memória do ministro já restabelecida, noticiaram um viés diferente com ele anunciando que criaria uma comissão tripartite com representantes patronais, de trabalhadores e do governo para estudar uma possível revisão da reforma da Previdência. A comissão examinaria o que o ministro chamou, nesta fala, de antirreforma e que foi “dramaticamente” prejudicial, principalmente para as mulheres.
Bombeiro – As declarações de aceno a possível revogação, causaram aversão no mercado financeiro, ‘nervoso’ desde a eleição de Lula e com ataques diários à equipe econômica. Para acalmar os ânimos e apagar o ‘incêndio’, ontem (4/1), apareceu o bombeiro, ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, desautorizando Lupi, por obvio na fala na qual diz que vai rever a reforma da previdência. “Não há nenhuma proposta sendo analisada e pensada neste momento para revisão de reforma, seja previdenciária ou outra. Neste momento não tem nada sendo elaborado”, afirmou a jornalistas, após a cerimônia de transmissão de cargo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, o vice-presidente, Geraldo Alckmin.
Também ontem, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, para acalmar ainda mais o ânimo do mercado, reforçou que Lula não pretende revogar a reforma trabalhista, mas que trabalhará pela “construção gradativa”, de uma nova legislação. Uma reunião foi convocada por Lula para a próxima sexta-feira (6/1), com os seus ministros. O encontro, após o bate cabeça, passou a ser tratado pela imprensa como convocado para afinar a comunicação do governo.
É bom que afinem mesmo e que passem a tratar das maldades contra trabalhadores de forma coesa e em defesa de direitos. A classe trabalhadora necessita para comer, respirar e sobreviver, da revogação das reformas trabalhista e da previdência, as viúvas necessitam de terem as suas pensões restabelecidas.
A classe trabalhadora quer ser tratada com dignidade e respeito. Ao eleger Lula, almeja e espera por mudanças. A maioria dos brasileiros e brasileiras escolheu um ex-operário, um trabalhador para se ver representada e a representar. Não elegeu o mercado financeiro para mandar e comandar o governo. Ministros de um governo liderado pelo Partido dos Trabalhadores devem ser servidores do povo e não empregados e porta vozes da bolsa de valores, empresários e de banqueiros.
Os trabalhadores, o povo pobre que o elegeu, espera que o presidente Lula diga aos seus ministros, nesta sexta-feira, que chega de declarações abestadas, que R$ 240 bilhões é o valor do investimento na classe trabalhadora, nos próximos quatro anos, segundo o Instituto Fiscal Independente do Senado (IFI), para revogar a reforma da Previdência.
As antirreformas são injustas, beneficiam quem mais tem dinheiro e lesaram profundamente os direitos e a vida dos trabalhadores. Grandes empresas e bancos devem mais de R$ 450 bilhões para a Previdência Social, segundo relatório da CPI da Previdência do Senado Federal de 2017. O Bradesco deve R$ 465 milhões à previdência; a Vale deve R$ 275 milhões; a JBS, R$ 1,8 bilhão; o Santander e o Itáu, respectivamente R$ 338 milhões e R$ 25 bilhões à Receita Federal.
Bora cobrar as empresas, os bancos, taxar grandes fortunas, presidente Lula, coroar sua trajetória, fazer e escrever a história do lado certo, que te considera guerreiro, não apunhalou, tramou golpe, traiu e nem jogou o povo na miséria, na fome, na linha abaixo da pobreza. Um País gigante se faz verdadeiramente com empregos e renda, investindo, empoderando, garantindo e ampliando direitos, mudando a vida da classe trabalhadora que constrói e gera riqueza de fato ao Brasil.
(*) Gabriel Matos é militante do PT SP