Abaixo-assinado repudia ação do MPF contra Breno Altman
Jornalista Juca Kfouri qualificou processo judicial como ‘atentado à liberdade de imprensa, de expressão e à compreensão de texto’
Publicado originalmente no Opera Mundi
O jornalista esportivo Juca Kfouri ao lado de Afonso Borges lançaram uma campanha solidária em favor do colega Breno Altman, fundador de Opera Mundi, que está sendo acusado pelo procurador Maurício Fabretti, do Ministério Público Federal, por críticas contra o genocídio promovido pela Estado de Israel na Faixa de Gaza. “A iniciativa surgiu pela indignação, dessa denúncia absolutamente sem propósito”, explicou.
“Eu tenho esperança de que o Conselho Nacional do Ministério Público reveja isso ou que o próprio procurador que faz a denúncia reveja e volte atrás, porque não é apenas um atentado à liberdade de imprensa e liberdade de expressão, é um atentado à compreensão de texto”, declarou Kfouri.
A denúncia acata pedido da Confederação Israelita do Brasil (CONIB) e foi publicada na última terça-feira (07/10) pelo procurador Fabretti, mesma data que marcou dois anos da ofensiva do Hamas e a escalada do massacre contra os palestinos. Ela se baseia em diversas postagens de Altman, publicadas na plataforma X, entre 7 de outubro de 2023 e 1° de fevereiro de 2025, para acusá-lo de suposto “racismo, incitação ao crime e apologia de crime”.
“Não há o que justifique você, por causa de uma metáfora, acusar alguém de racista. É apenas isso. É aquilo que está na carta. E se fosse em relação aos nazistas, ele tomaria a mesma atitude? Não é esse o problema, o problema é não entender uma metáfora”, defendeu Juca.
Assine o abaixo-assinado aqui.
Leia a carta na íntegra:
Carta em solidariedade a Breno Altman
O problema
Exmo. Sr. Maurício Fabretti, do MPF
Nós, abaixo-assinados, protestamos contra sua denúncia em relação ao jornalista Breno Altman por ter usado de metáfora conhecida e que significa exatamente o que metáforas significam.
Denunciá-lo, diferentemente do que fez a Polícia Federal ao considerar a denúncia da Conib descabida, fere não só a liberdade de imprensa como a de expressão.
Não é preciso concordar com Altman para perceber que ao usar a metáfora chinesa “não importa a cor do gato, importa que coma o rato”, ele não igualou todos os sionistas ao pequeno animal.
Tivesse escrito o mesmo sobre os nazistas teria também sido denunciado por racismo?
Ou, então, que ele, judeu, considere os sionistas responsáveis pelo genocídio na Palestina equivalentes a ratos o transforma em racista ou terrorista?
Se, digamos, a metáfora fosse o com leões e tigres, águias e gaviões, haveria a mesma denúncia?
Inconformados, pedimos a retirada da denúncia e, se não atendidos, informamos que subscrevemos o escrito por Altman.
Respeitosamente,
Afonso Borges
Aírton Souza
Alessandra Roscoe
Alexandre Coimbra Amaral
Antonio Grassi
Carol Proner
Chico Buarque
Dorrit Harazim
Eduardo Moreira
Esilda Alciprete
Eric Nepomuceno
Fábio Magalhães
Fernanda Verissimo
Fernando Morais
Fred Melo Paiva
Geraldo Carneiro
Heloisa Villela
J. P. Cuenca
Jamil Chade
José Trajano
Juca Kfouri
Leandro Demori
Lilia Schwarcz
Lúcia Verissimo
Maria Adelaide Amaral
Maria Antonieta Antunes Cunha
Maria Valéria Rezende
Paulo Sérgio Pinheiro
Paulo Vanucchi
Renato Janine
Ricardo Ramos Filho
Roberto Mader
Rogério Sotilli
Rosa Freire de Aguiar
Ruth Joffily
Silvana Gontijo
Tina Correia
Vladimir Safatle
Wagner William