Por Redação Página 13 (*)
Alberto Carlos Almeida
O cientista político Alberto Carlos Almeida postou hoje (24), em sua rede social, uma análise acerca da situação fiscal negativa do país. Para Almeida, a situação decorre do “erro de calibragem no Auxílio Emergencial” que tornou-se “muito abrangente e acima do valor razoável “.
Ele sugere que a situação econômica e fiscal do país estaria melhor se o Auxílio tivesse sido “calibrado” para 400 reais e reduzido os seus beneficiários (quase) pela metade.
Almeida não diz o que fariam os milhões de trabalhadores e trabalhadoras desempregados e sem renda durante a pandemia se não tivessem o auxílio, ou com o seu valor reduzido, como sugeriu; tampouco, menciona que mesmo os 6oo reais é um valor insuficiente para atender as necessidades básicas dos beneficiários.
Também parece desconhecer que os recursos provenientes do Auxílio ajudaram a manter, ou atenuar a queda, da atividade econômica em muitas cidades e regiões do país.
Almeida quer resolver os problemas fiscais e econômicos do país em cima dos trabalhadores desempregados, dos pobres e dos com pouquíssima renda. Não questiona o modelo ultraliberal. Não questiona os ricos. Questiona o Auxílio Emergencial. Não comenta outras saídas que podem assegurar recursos para custear medidas emergenciais, como, por exemplo, a tributação sobre grandes patrimônios, heranças, lucros e dividendos dos bilionários brasileiros. Ou sobre o sistema financeiro.
Aliás, medidas que recaiam sobre os bancos parecem estar fora de cogitação para Almeida: “não me venham com o pseudo argumento dos juros pagos aos bancos”.
Almeida fala grosso com o trabalhador e afina para os bancos. Não custa lembrar que o cientista transita e tem audiência entre vários setores progressistas e de esquerda.
Seguem as postagens compiladas:
UM FIO PARA GENTE GRANDE
A situação fiscal do país é muito ruim, estamos em 900 bilhões de déficit ou 12% do PIB de déficit primário. Dinheiro não nasce em árvore, vamos precisar lidar com isso nos próximos anos. Por favor, é um fio para gente grande, não me venham com o pseudo argumento dos juros pagos aos bancos, isso, para mim, pertence ao jardim da infância do debate. Por que estamos nesta situação?
Houve um erro de calibragem no Auxílio Emergencial (AE), pois o governo não tinha formulação nem liderança na Câmara. Quando a proposta tramitou ela se tornou muito abrangente e acima do valor razoável considerando-se tanto a necessidade da população, quanto o que seria deixado de déficit para o futuro. Mais de 60 milhões de pessoas receberam o AE, sendo que 20 milhões indevidamente, aliás, em breve isso virá à tona com força midiática.
Vamos imaginar contrafactualmente que o AE tivesse sido de 400 reais para 35 mi de pessoas, a situação hoje não seria tão complicada. Será exigido deste e dos próximos governos, assim como de todos nós, algum tipo de aperto e de sacrifício para lidar com este déficit. (Alberto Carlos Almeida)
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