Economista e aliado de Rafael Correa, Andrés Arauz enfrenta o banqueiro Guillermo Lasso no dia 11 de abril
Guillermo Lasso e Andrés Arauz se enfrentarão no dia 11 de abril para definir quem será o próximo presidente do Equador. – Michele de Mello / Brasil de Fato
Publicado no Brasil de Fato
Começou nesta terça-feira (16) o período de campanha para o segundo turno das eleições presidenciais no Equador, que será realizado no dia 11 de abril. Pela esquerda, o economista Andrés Arauz, da União pela Esperança (UNES), arranca na frente com 32,7% da votação no primeiro turno, enfrentando o banqueiro Guillermo Lasso, da Aliança Criando Oportunidades (CREO), que obteve 19,7% da preferência em fevereiro.
No próximo domingo (21), os dois postulantes irão medir forças num debate eleitoral televisivo, realizado na cidade Guayaquil – a mais populosa do país.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) anunciou que nos próximos dias serão impressas as cédulas de votação, e autoridades viajarão ao interior do país para acompanhar a preparação da decisão eleitoral.
O vice-presidente do CNE, Enrique Pita, destaca a transparência de todo o processo. “Estamos certos de que há coisas a se melhorar, mas estamos dedicados a isso”, declarou.
O movimento Pachakutik, do candidato derrotado Yaku Pérez, e a Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie) fizeram um chamado para anular o voto, depois de terem seus pedidos de recursos negados pelo poder eleitoral.
Em comunicado, a Conaie explica que é uma decisão ideológica em respeito à “luta histórica por nosso projeto político, que transcende o tempo eleitoral”.
No primeiro turno, outros setores convocaram o voto nulo, no entanto, a participação foi de cerca de 80% do eleitorado. Por isso, o vice-presidente do CNE afirmou que a expectativa é de que muitas pessoas irão votar. “Os equatorianos querem decidir quem será o próximo presidente da República”, apontou.
Até dia 9 de abril, os candidatos poderão realizar atividades de campanha. Eles poderão gastar até US$ 2 milhões nos próximos 24 dias.
Polarização
A eleição de Arauz ou de Lasso representam caminhos opostos para o futuro político do Equador. Enquanto o banqueiro é apoiado pelo atual presidente Lenin Moreno e defende uma política de privatizações e liberação monetária, Arauz foi da equipe do ex-presidente Rafael Correa e busca retomar políticas do antigo governo, como a auditoria da dívida pública e o fortalecimento de uma alternativa monetária ao dólar – moeda oficial no país desde os anos 2000.
As diferenças nos programas de governo são muitas, como nos subsídios para o combustível – motivo que gerou manifestações e greves em todos o país e levou ao decreto de Estado de Sítio em outubro de 2019.
Somente em 2019, o subsídio representou um desembolso de US$ 1,23 bilhão do Estado, cerca de 1/5 do valor total destinado a subsídios e programas sociais, mas que afeta toda a cadeia de distribuição de alimentos e serviços.
Andrés Arauz defende o congelamento dos preços, justificando que os aumentos só beneficiam os mais ricos, enquanto afetam cerca de 600 mil famílias diretamente ligadas ao setor de transporte. “Não nos interessa uma política que aumente o sofrimento dos equatorianos”, afirmou. Enquanto isso, Guillermo Lasso afirmou que manterá o modelo atual.
O candidato da Aliança CREO começou o novo período de campanha prometendo assinar novos acordos de livre comércio, recuperar 70 mil km de estradas e criar a polícia rural.
Já Arauz reiterou sua disposição em formar um governo com paridade de gênero.
Edição: Vinícius Segalla