Edinho candidato à presidência nacional do PT

Por  Valter Pomar  (*)

Candidato oficializado à presidência nacional do Partido dos Trabalhadores, por enquanto só o Romenio Pereira, da tendência Movimento PT.

Candidatura prometida, por enquanto só a da tendência petista Articulação de Esquerda, que informou publicamente que informará seu nome até março de 2025.

Candidatura mais comentada, entretanto, é a de Edinho Silva.

Edinho, para quem não sabe, é da tendência Construindo um Novo Brasil (CNB) que possui metade menos uns do atual Diretório Nacional do Partido, eleito em 2019.

CNB era, originalmente, o nome de uma chapa lançada para disputar o processo de eleição direta da direção partidária (PED) realizada em 2005. Esta chapa teve como candidato a presidente nacional o companheiro Ricardo Berzoini.

Detalhe curioso: em 2001, quando aconteceu o primeiro PED, Berzoini também foi candidato a presidente nacional. Substituiu um candidato que havia saído do Partido, o José Fortunati. Berzoini teve uma pequena votação. Em primeiro lugar no PED, com pouco mais de 50% dos votos, ficou José Dirceu, candidato do autodenominado “campo majoritário”.

O segundo PED deveria ocorrer em 2003. Mas o então Diretório Nacional do PT decidiu adiar o processo, por motivos que lembram os argumentos utilizados para adiar o PED de 2023. Eleito em 2001, em 2002 José Dirceu se licenciou da presidência para virar ministro de Lula. E, cumprindo o estatuto, o Diretório Nacional do PT reuniu-se para eleger um substituto temporário. Para a função, foi escolhido José Genoíno.

Em 2005, em meio a chamada “crise do mensalão”, Genoíno renunciou à presidência do PT. Para ocupar o seu lugar, o “campo majoritário” indicou Tarso Genro. Tarso era cotado para ser candidato a presidente nacional do Partido, mas desistiu da tarefa, no que teve a ajuda inestimável de uma entrevista desastrosa que ele concedeu à Folha de S. Paulo, na qual ele não soube dizer por quais motivos defender o PT.

Para substituir Tarso, o “campo majoritário” acabou escolhendo Ricardo Berzoini. Berzoini foi eleito no PED de 2005 e reeleito em 2007, sem nunca ter sido um nome in pectore nem do “campo majoritário”, nem da recém-criada CNB, que de nome de chapa virou nome de tendência.

No PED de 2009, a CNB lançou José Eduardo Dutra, que fora da velha Articulação, depois do “campo majoritário” e em seguida da CNB. Dutra ganhou o PED com uma votação superior a que Dirceu havia obtido em 2001. Tragicamente, teve que renunciar por razões de saúde. Coube ao Diretório Nacional do PT eleger um substituto e o nome escolhido foi Rui Falcão.

No PED de 2013, Rui foi candidato a presidência do Partido e se elegeu. Como Berzoini, Rui não tinha sido do “campo majoritário”, nem era da CNB.

Nas duas eleições seguintes, a presidência do Partido foi eleita num sistema misturado, com PED na base mas eleição da direção no congresso nacional.

No processo de 2017, a CNB tinha a expectativa de eleger um de seus nomes à presidência nacional do Partido. No páreo estavam, entre outros, Padilha e Márcio Macedo. Mas, diante do risco do Partido eleger o então senador Lindbergh, Lula aceitou uma sugestão dada por Rui Falcão e deu seu apoio à candidatura da então também senadora Gleisi Hoffman.

Gleisi venceu Lindbergh e foi eleita presidenta nacional do PT no congresso do Partido realizado em 2017. Gleisi era da CNB, fora do “campo majoritário”, mas dizem os especialistas que ela dificilmente teria sido escolhida candidata da CNB se não fosse o apoio de Lula.

Gleisi foi reeleita no congresso do PT realizado em 2019. Em 2023 teria que ter ocorrido novo PED, mas este foi adiado e só ocorrerá em 6 de julho de 2025.

No PED de 2025, quem será o nome apoiado pela CNB para disputar a presidência nacional do PT?

Até agora, não saiu a fumaça branca. Há setores da CNB que não estão de acordo com o nome preferido pelo presidente Lula, a saber, o Edinho Silva. Há quem ache que esta resistência está fadada ao fracasso. Mas há, também, quem ache que podem acontecer surpresas. E a imprensa, que adora especulações e fofocas, volta e meia lembra dos nomes de José Guimarães, José Dirceu e até Paulo Okamoto.

Em qualquer caso, como ficou demonstrado na reunião do Diretório Nacional do PT dia 7 de dezembro de 2024, a CNB não tem garantida a maioria absoluta de votos. E, portanto, o resultado do PED não está pré-definido. Motivo pelo qual muita coisa dependerá do que eles decidam, do quando decidam e do como decidam.

O que se pode dizer, a julgar pelas entrevistas concedidas por Edinho, é que se ele virar presidente do PT, seu mandato seria um retrocesso político em relação ao de Gleisi Hoffmann. Para resumir o problema, suas declarações demonstram que em nenhum caso Edinho será presidente do PT. No máximo, ele seria um ministro sem pasta.

Que Lula ache isto positivo, eu consigo compreender, mesmo sem concordar. Mas tendo em vista a situação política da classe trabalhadora, do governo, do país e do mundo, o PT merece e necessita muito mais.

(*) Valter Pomar é professor e membro do diretório nacional do PT

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