Eleições 2024: orientação da tendência petista Articulação de Esquerda

Orientação para o segundo turno

A executiva nacional da tendência petista Articulação de Esquerda, reunida no dia 9 de outubro de 2024, aprovou a seguinte orientação para o segundo turno.

1.Em primeiro lugar fazemos uma saudação à toda a militância da esquerda, que defendeu nossas cores, nossa bandeira, nossas propostas e nossa estrela no primeiro turno das eleições de 2024. O primeiro turno demonstrou, mais uma vez, a necessidade de reconstruir nossa atuação militante. É da militância que dependeu, depende e continuará dependendo a vitalidade e o futuro do nosso Partido e da classe trabalhadora brasileira.

2.A eleição ainda não terminou. No primeiro turno, as direitas conseguiram uma vitória em termos de votação e número de eleitos. Devemos trabalhar para que, no segundo turno, a vitória seja da esquerda. Caso sejamos vitoriosos nas cidades em que disputamos, especialmente nas capitais de São Paulo, Porto Alegre, Fortaleza, Cuiabá e Natal, o balanço global do processo eleitoral será positivo para o governo Lula, para a esquerda brasileira, para o Partido dos Trabalhadores e para a classe trabalhadora.

3.Orientamos a militância – inclusive a que mora em cidades onde a eleição já terminou dia 6 de outubro – a contribuir nas campanhas de segundo turno, de todas as formas que forem possíveis: financeiramente, através das redes sociais, deslocando-se pessoalmente para as cidades onde está ocorrendo a disputa.

4.Orientamos a militância também a, depois do segundo turno, realizar um balanço completo do processo eleitoral: em cada cidade e em cada estado, o desempenho de cada partido e das Federações, as eleições proporcionais e as eleições majoritárias, a política de alianças, a escolha das candidaturas, a tática de campanha, a comparação entre o desempenho atual e nas eleições passadas, a mobilização militante, a influência dos governos encabeçados por petistas, o uso e a deformação das pesquisas, o fundo eleitoral, a agenda das lideranças e inclusive do presidente Lula, a influência das emendas parlamentares, a compra de votos, a influência do crime organizado, dos meios de comunicação e das igrejas.

5.O jornal Página 13 e nosso site publicarão os balanços parciais – pessoais e de instâncias – que nos forem enviados. O processo de balanço será concluído na plenária nacional da AE, que vai realizar-se nos dias 22, 23 e 24 de novembro de 2024, em São Paulo capital. É importante que compareça, nessa plenária, a militância que protagonizou as campanhas de 2024.

6.Preliminarmente, apontamos que o desempenho no primeiro turno confirma a necessidade de uma mudança urgente na linha do Partido e na linha do governo. Os números (aproximados) são os seguintes:

*91 milhões de votos em candidaturas vindas das direitas, 22 milhões de votos para candidaturas lançadas pelas esquerdas;

*4726 prefeituras conquistadas por candidaturas vindas das direitas, 740 prefeituras conquistadas por candidaturas lançadas pelas esquerdas;

*48.106 mandatos de vereança conquistados por candidaturas vindas das direitas, 10.308 mandatos conquistados por candidaturas lançadas pelas esquerdas.

8.Há casos paradigmáticos, que merecem análise detalhada, como é o caso da derrota em Salvador e em diversas outras grandes cidades da Bahia; a derrota em primeiro turno em Teresina; o resultado eleitoral em São Paulo, onde elegemos no primeiro turno apenas três cidades, que somadas não chegam a 80 mil eleitores; a presença do PT, inclusive como vice, em chapas encabeçadas por partidos de direita; a anulação do Partido no Rio de Janeiro e em Recife, apresentada como positiva – em nome de derrotar a extrema-direita – mas que traz no seu bojo um desastre estratégico; o desempenho do PT no Rio Grande do Sul, em particular a relação entre as enchentes, a ação do governo federal e o resultado das eleições; e os desempenhos regionais do Partido, por exemplo na região amazônica.

9.Merecem análise detalhada, também, os resultados positivos obtidos já no primeiro turno. Ampliamos a votação das esquerdas em relação a 2020, embora em certos casos isso possa ser um efeito estatístico resultante do crescimento do eleitorado nacional. Elegemos mais prefeituras e vereanças do que em 2020, embora este crescimento tenha sido modesto. Ganhamos no primeiro turno em algumas cidades simbólicas, como Juiz de Fora e Contagem, Bagé e Rio Grande. Fomos ao segundo turno em Camaçari/BA, Caucaia/CE, Fortaleza/CE, Anápolis/GO, Cuiabá/MT, Olinda/PE, Natal/RN, Pelotas/RS, Santa Maria/RS, Porto Alegre/RS, Diadema/SP, Mauá/SP e Sumaré/SP. Elegemos ou projetamos novas lideranças, especialmente nas Câmara Municipais. E, mesmo onde perdemos, mobilizamos centenas de milhares de pessoas, que dedicaram parte do tempo de suas vidas para defender nossas bandeiras, nossas cores, nossa estrela. Apontar estas vitórias é importante, porque elas demonstram que nosso resultado – já no primeiro turno – poderia ter sido muito melhor do que foi. Mas, como já foi dito, é inegável que – quando consideramos o resultado do primeiro turno como um todo – as direitas foram vitoriosas.

10.As vitórias e as derrotas sempre têm várias causas. Uma delas é a linha de campanha. Tudo indica que a linha política adotada no primeiro turno não contribuiu, na maioria das cidades, para a vitória que desejávamos. Precisamos, no segundo turno, corrigir a linha política do Partido e do governo. Destacamos a necessidade de Lula estar presente em todas as cidades onde o PT está no segundo turno. E enfatizamos a necessidade da unidade partidária e da busca do voto popular.

11.Nas cidades onde o segundo turno está sendo disputado entre forças de direita, é preciso deixar que as direções municipais do Partido, consultando formalmente a base partidária, decida o que fazer no segundo turno, levando em conta a situação local. Faz muito mal para o Partido o ultracentralismo, que transfere, em caráter preliminar, todas as decisões para a direção nacional. E é preciso compreender, de uma vez por todas, que estamos enfrentando várias direitas, havendo situações em que a melhor postura é não comprometer nossa história e nosso voto com nenhuma delas.

12.Passado o segundo turno, na mesma plenária em que vamos realizar o balanço do processo eleitoral, também vamos discutir nossa tática para a eleição direta das direções partidárias. São óbvios os problemas da atual direção. Mas nossos problemas não serão solucionados pela mera substituição de pessoas e/ou de tendências. A eleição demonstrou, mais uma vez, que temos três graves problemas: em primeiro lugar, um déficit de compreensão acerca da realidade brasileira, das classes e da luta de classes neste momento da história do Brasil, em particular a análise sobre a influência da extrema-direita sobre os setores populares; em segundo lugar, uma reduzida presença cotidiana junto à classe trabalhadora, o que explica parte da dificuldade que enfrentamos nas campanhas eleitorais; em terceiro lugar, uma orientação estratégica equivocada, que não dá conta dos tempos de guerra em que vivemos. O PED de 2025 será útil se, além de substituir quem precisa ser substituído, também ajudar o Partido a perceber e começar a corrigir estes problemas.

13.Mas, antes de tudo, é preciso vencer o segundo turno das eleições. Essa é nossa tarefa prioritária, de todo o Partido, nas próximas semanas: vencer!

Brasília, 9 de outubro de 2024

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