Por Gabriel Araújo (*)
Nos últimos dias foi amplamente divulgado pela imprensa capitalista que houve uma queda na inflação na Europa, chegando à média aproximadamente de 2,6%.
Mas quando se trata alimentação e energia, a situação tem sofrido mudanças que ocorrem mais lentamente. Com relação à energia, que tem sido um dos principais gargalos desde o começo da guerra na Ucrânia, por conta da dependência do mercado russo, a OPEP+ acabou de anunciar uma redução na produção para manter o nível do preço do petróleo.
Para muitas pessoas esses resultados no começo de 2024 podem parecer que esta ocorrendo uma reviravolta na situação econômica na região, que em 2022 chegou a atingir o pico de 10,6% de inflação.
Esse esforço da burguesia europeia para reduzir o percentual da inflação tem tido efeitos que tem custado caro para o conjunto da população.
Com o processo de tentativa de redução do percentual da inflação, a burguesia efetuou um sistemático processo de elevação das taxas de juros nos bancos centrais dos países europeus, o que leva necessariamente a uma retirada de recursos financeiros de diversos setores da economia, levando a um desaquecimento do processo produtivo.
Essa situação de retirada de investimentos financeiros em vários setores da economia europeia tem levado, por exemplo, à retração no PIB da Alemanha e Reino Unido, com ambos os países fechando o ano de 2023 em recessão. Média de crescimento do PIB na Zona do Euro foi de 0,5%
A produção industrial nos países da zona do euro foi de 3,2% e no conjunto dos países da União Europeia foi na casa de 2,1% para o ano de 2023. Somente no mês de dezembro de 2023 essa queda foi de aproximadamente 10%.
A Alemanha, por exemplo, que é a maior economia da Europa, enfrentou durante os últimos meses de 2023, uma sequência de sete meses consecutivos de recessão no percentual da produção industrial, sendo este o maior período de queda desde a crise capitalista de 2008.
Enquanto a economia europeia vem se arrastando e em alguns casos já em evidente processo de desagregação, a classe trabalhadora do continente vê seus governantes despejar pilhas e mais pilhas de dinheiro, em guerras e para salvaguardar o sistema financeiro.
De acordo com uma pesquisa divulgada pelo jornal burguês Le Figaro, 68% dos franceses são contra o envio de tropas da OTAN para a Ucrânia.
Macron foi desmoralizado pelas lideranças europeias que, ao compreenderem o descontentamento da população com medidas voltadas para financiar aventuras belicistas, negaram a possibilidade de enviar tropas ocidentais para enfrentar os russos na Ucrânia. Com essa desautorização, Macron teve que conter sua bravata e diminuir o tom.
Os políticos burgueses europeus estão tendo de lidar com uma situação extremamente desconfortável, onde eles têm perdido espaço no terreno geopolítico internacional com as sucessivas derrotas, seja nas guerras no continente europeu ou no Oriente Médio e na África, e que se soma a incapacidade de dar respostas concretas para um verdadeiro processo de recuperação econômica.
A tendência é que a situação da conjuntura política fique cada vez mais conturbada. Há que se acompanhar de perto essa situação, pois é necessário direcionar nossa força política para contribuir de nossas localidades para o aprofundamento da desagregação do sistema capitalista e o regime político atual.
(*) Gabriel Araújo é dirigente do MNLM e militante petista