Lênin 1870-1924

Por Valter Pomar (*)

Em março de 1917, o que era para ser uma grande manifestação em homenagem ao Dia Internacional da Mulher converteu-se numa greve geral que, após alguns dias, provocou a renúncia do Czar Nicolau e o fim da monarquia na Rússia.

Poucos meses depois, em novembro de 1917, o governo provisório republicano é derrubado. No seu lugar, instala-se o Conselho de Comissários do Povo, organismo eleito pelo Soviete de Deputados Operários, Soldados e Camponeses.

O principal dirigente do novo governo chama-se Vladimir Ilich Ulianov, conhecido como Lênin, principal dirigente da facção “bolchevique” do Partido Operário Social-Democrata Russo.

De 1917 até 1921, o novo governo luta por sua sobrevivência, ameaçada pelos exércitos alemães, pelos exércitos “brancos” (financiados pelos latifundiários e capitalistas) e pela desorganização da economia, após anos de conflito militar.

Neste período, prevalece o chamado “comunismo de guerra”, cuja expressão mais simples é a requisição forçada da produção dos camponeses, para alimentar as cidades e o Exército Vermelho.

Como resultado, o campesinato, que constituía a imensa maioria da população russa, reduz a produção e coloca-se paulatinamente contra o governo soviético.

Para manter a aliança operário-camponesa e garantir o funcionamento da economia, o Partido Comunista Russo (denominação assumida, em 1918, pelos bolcheviques) adota a NEP (Nova Política Econômica).

Segundo esta Nova Política Econômica, os camponeses passam a ter o direito de vender o excedente de sua produção, devendo apenas pagar impostos ao governo. Acabam as requisições forçadas. Os camponeses voltam a abastecer as cidades.

De 1921 até 1927, os comunistas russos debatem os caminhos para a construção do socialismo naquele país.

Contra as expectativas alimentadas pela liderança bolchevique quando da tomada do poder, em nenhum outro país a revolução havia vencido. O isolamento internacional era agravado pelas características da sociedade russa, economicamente atrasada e tida como um país em que poderia ser mais fácil começar a revolução, mas onde seria muito mais difícil construir o socialismo.

Entre as várias polêmicas daquele período, uma das mais importantes dizia respeito a como ampliar a industrialização do país, cuja economia era majoritariamente composta pela pequena produção familiar camponesa.

Grosso modo, dois caminhos foram propostos.

O primeiro deles prevê um longo período de estímulo à pequena produção camponesa, cujo crescimento econômico geraria as bases para uma ampliação da indústria.

O segundo deles prevê reduzir o número de pequenas propriedades camponesas (que seriam reunidas em cooperativas ou fazendas coletivas), gerando assim o mercado (tanto de mão-de-obra, quanto de consumo) necessário para uma industrialização rápida.

No final dos anos 20, o Partido Comunista Russo opta pelo caminho da coletivização e industrialização forçadas. O campesinato é forçado a adotar formas coletivas de produção. Os operários são convocados a um brutal esforço produtivo. A expressão política e ideológica desse processo é um dos aspectos do que se convencionou chamar, posteriormente, de estalinismo.

Dez anos depois, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas transforma-se numa potência industrial, que se demonstrará capaz de derrotar a máquina nazista, na Segunda Guerra Mundial.

A opção pela coletivização e pela industrialização rápida foi, do ponto de vista econômico-social, uma nova revolução. A principal transformação foi que milhões de pessoas deixaram de ser pequenos proprietários e transformaram-se em operários (industriais ou agrícolas).

A nova classe operária, surgida deste processo, não tinha a experiência política prévia, adquirida ao longo de muitos anos, pelo proletariado que protagonizou a revolução de 1917.

Os novos operários, bem como a maioria dos novos integrantes do Partido Comunista, eram recém-saídos das fileiras do campesinato. Sua principal escola havia sido a guerra, seu principal traço psicológico era a crença de que a vontade política era capaz de superar qualquer desafio.

Nesse contexto social, o Partido Comunista também sofre grandes mudanças. Em 1917, quando a revolução começa, os bolcheviques eram menos de 15 mil. Em 1921, são mais de trezentos mil. No final dos anos 1920, o PC russo e as organizações de massa que ele dirige reúnem milhões de pessoas.

Em decorrência, o trabalho de educação política ganha uma nova dimensão. As escolas, o cinema, a rádio, as artes gráficas, a literatura são colocadas a serviço da formação destes milhões de “homens novos” do socialismo soviético.

Trata-se de incutir, em dezenas de milhões de pessoas, os valores da nova ordem. A fusão entre as “artes” e as necessidades educacionais e políticas do regime soviético dá origem, assim, ao chamado “realismo socialista”.

A decisiva contribuição dada na derrota dos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial transforma a URSS em um dos polos do poder mundial, contrapondo-se durante a “guerra fria” aos Estados Unidos.

Embora tenha sido capaz de derrotar o capitalismo existente até a Segunda Guerra, o socialismo de tipo soviético não foi capaz de derrotar o capitalismo surgido posteriormente.

As tentativas de reforma política e econômica não tiveram êxito e a última delas, realizada na segunda metade dos anos 1980 sob a liderança de Mikail Gorbachev, resultou no desmanche da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, em 26 de dezembro de 1991.

Quase trinta anos depois, a revolução russa virou centenária e a URSS não existe mais. Entretanto, segue necessário que a classe trabalhadora conheça, estude e extraia, tanto da revolução quanto da trajetória do Estado por ela criado, ensinamentos úteis para a luta pelo socialismo no século XXI.

Resumo biográfico

Vladimir Ilitch Uliánov nasceu em Simbirsk (cujo nome foi alterado posteriormente para Ulianovsk), em abril de 1870.

Seu pai era inspetor de escolas primárias; morreu quando Vladimir tinha 16 anos. Sua mãe e irmãs foram companhias constantes, inclusive no exílio interno e externo.

Aos 17 anos, Vladimir perdeu seu irmão mais velho: Alexandre Ulianov foi executado em maio de 1887 por ter participado de uma conspiração contra a vida do czar Alexandre III.

Em julho do mesmo ano, Vladimir concluiu seus estudos secundários. E, em agosto, ingressou na Faculdade de Direito de Kazan, de onde foi expulso em dezembro, devido ao envolvimento no movimento estudantil.

Passou então alguns anos sob “liberdade vigiada”, quando aproveitou para estudar sistematicamente o marxismo. Nesse período, travou contato com representantes das diferentes correntes revolucionárias existentes na Rússia de então, a principal das quais era o “populismo”.

A tradição principal do “populismo” acreditava ser possível construir o socialismo na Rússia, sem passar pelo capitalismo, tomando como ponto de partida a comunidade camponesa russa.

O “populismo” assumiu várias formas, como a “ida ao povo”, quando milhares de estudantes, intelectuais, jovens, dirigiram-se às aldeias camponesas; e o “terrorismo”, para quem matar o Czar desestruturaria o absolutismo russo.

Parte da tradição populista desembocou posteriormente no Partido Socialista-Revolucionário (SR), de fortes raízes no campesinato. A ala esquerda dos SR participará da revolução de outubro de 1917, aliada aos bolcheviques.

Em 1892, Vladimir recebeu o diploma de advogado, após ter prestado exames como “aluno avulso”.

O “disfarce” de advogado foi útil quando, na São Petersburgo de 1893 a 1895, Lenin passou a frequentar círculos de debate, a tomar contato com o movimento operário e a escrever seus primeiros textos, em que combatia as idéias do populismo e do chamado marxismo legal.

O “marxismo legal” adotava os pontos de vista do marxismo, mas na prática fazia a apologia do desenvolvimento capitalista.

Uma obra representativa deste período é o livro Quem são os “Amigos do povo” e como lutam contra os social-democratas.

Em 1895, Vladimir (que chamaremos a partir de agora pelo “nome de guerra” com que se tornaria mundialmente conhecido: Lenin) viajou ao exterior e contatou o grupo Emancipação do Trabalho, dirigido por George Plekhanov, decano do marxismo russo.

Quando regressou do exterior, Lenin ajuda na fundação da União de Luta pela Emancipação da Classe Operária.

Em 9 de dezembro de 1895, foi preso.

Será “libertado” em fevereiro de 1897 e mandado para o exílio interno (Sibéria), onde permaneceu durante três anos. Neste período, casou-se com Krupskaya, que será sua companheira até a morte.

Desta época de prisão e exílio interno datam algumas obras importantes, como As tarefas da social-democracia russa (1897) e O desenvolvimento do capitalismo na Rússia (1899).

É também durante o exílio interno que Lenin tomará contato e criticará duramente as posições do chamado economicismo.

O “economicismo” supervalorizava a importância da luta econômica, subestimava a importância da luta política, da teoria revolucionária e dos intelectuais.

Em 1900, Lenin regressou do exílio interno e, em comum acordo com outros social-democratas, dedicou-se a organizar um jornal, a quem atribuia o papel de “organizador coletivo” da social-democracia russa.

Para concretizar tal projeto, Lenin parte para o exterior, onde em acordo com o grupo de Plekhanov lança um jornal chamado  Iskra (“da fagulha brotará a chama”) e uma revista teórica chamada Zaria.

Os próximos anos da vida de Lenin serão passados no exterior, em cidades como Londres, Munique, Genebra, Paris e Varsóvia.

A primeira edição da Iskra, datada de dezembro de 1900, traz o editorial de Lenin, intitulado: “Tarefas urgentes de nosso movimento”.

As idéias difundidas pela Iskra tornam-se majoritárias na social-democracia russa, mas também geram duras críticas provenientes dos economicistas e de outros grupos.

Lenin respondeu a estas críticas num conhecido livro, intitulado Que fazer?, que veio a público em 1902.

O II Congresso do Partido Operário Social-democrata Russo (POSDR), realizado em 1903 no exterior, constitui uma grande vitória do grupo que editava Iskra.

Mas no curso do congresso, o grupo de Iskra sofre uma cisão. O motivo foi uma polêmica de natureza aparentemente organizativa: o artigo primeiro do estatuto partidário, que definia quem podia ser considerado membro do partido.

Lenin era favorável a uma posição mais restrita: militante do partido era aquele que participava de um organismo partidário. Não bastava “simpatizar”.

Os delegados ligados a Lenin perdem esta votação. Do outro lado estão Martov (amigo e da mesma geração de Lenin) e grupos contrários a Iskra.

Mas alguns delegados que haviam apoiado Martov na polêmica do estatuto acabam retirando-se do Congresso. Com isto, no momento de compor a direção do POSDR, o grupo de Lenin encontrava-se em maioria.

Deste episódio surgem os “bolcheviques” (majoritários) e os “mencheviques” (minoritários), que posteriormente se transformarão em “frações” do POSDR e, depois, em partidos autônomos.

Lenin escreveu um balanço detalhado do II Congresso do POSDR no livro Um passo adiante, dois passos atrás, publicado em 1904.

Pouco depois do II Congresso, estoura a revolução russa de 1904-1905.

O balanço que Lenin faz desta revolução esclarece o fundo político das diferenças entre bolcheviques e mencheviques. Tal balanço está no livro Duas táticas da social-democracia na revolução democrática (1905).

Derrotada a revolução, inicia-se um período de reação em todos os terrenos, inclusive teórico-ideológico.

Dentre os bolcheviques, a influência de Lenin é contestada por vários outros, entre eles Bogdanov.

Contra as idéias que Bogdanov ajudava a difundir, Lenin escreveu a obra Materialismo e empirocriticismo, publicada em 1909.

Quanto estoura a guerra (1914-1918), a maioria dos partidos socialistas é tomada pelo nacionalismo e vota a favor dos “créditos de guerra”.

Lenin faz parte da minoria internacionalista. Em 1915, escreve A bancarrota da II Internacional. Em 1916, conclui O imperialismo, etapa superior do capitalismo, onde desenvolve a tese de que a Rússia seria o “elo mais fraco” da cadeia imperialista.

Em 1917, logo depois da revolução de fevereiro, Lenin surpreende seus antigos camaradas com a defesa — que alguns consideram contraditória com o que havia exposto no livro Duas táticas — da consigna “todo poder aos sovietes”, defesa feita, por exemplo, nas conhecidas Teses de Abril.

Também no ano da revolução Lenin escreveu, entre agosto e setembro, o livro O Estado e a revolução, onde desenvolve “a doutrina marxista do Estado e as tarefas do proletariado na Revolução”.

Lenin cumpriu um papel decisivo ao longo de 1917 e até 1924, na tomada do poder, na guerra civil, na organização da Internacional Comunista e na construção das bases do Estado soviético.

Uma das obras escritas neste período é Esquerdismo, doença infantil do comunismo (1920).

Lenin sofreu pelo menos dois atentados a bala, o segundo dos quais (em 30 de agosto de 1918) teve êxito. A bala foi disparada por uma socialista-revolucionária. A saúde de Lenin, que já era relativamente precária, piora depois do atentado.

Em 21 de janeiro de 1924, Lenin morreu. A autópsia revelou uma arteriosclerose generalizada.

Lenin deixou um “testamento”, em que fazia duras críticas aos principais dirigentes do Partido. Entre as críticas, um pedido direto: que Stálin fosse substituído na secretaria-geral do partido por alguém mais respeitoso com os camaradas.

O Comitê Central do PCR(b) decide, por 30 votos a 10, que o testamento não seria lido no plenário do XII Congresso do Partido. Mas o testamento é lido numa reunião de velhos bolcheviques. Stálin oferece seu pedido de demissão. A maioria dos presentes à reunião pede que ele continue no cargo.

Anos depois, Stálin proferirá algumas palestras acerca do pensamento de Lenin na Universidade Sverdlov. Estas palestras são reunidas num livro denominado Fundamentos do leninismo. Também nos anos 1920, um comunista brasileiro chamada Otávio Brandão utiliza – ao que parece pela primeira vez — o termo marxismo-leninismo.

As obras completas de Lenin

Lenin foi chefe de Estado e dirigente partidário, mas sua principal atividade foi escrever.

Suas Obras Completas – que não incluem todos os seus textos – constituem uma coleção de 50 volumes de (em média) 500 páginas cada, no formato 14×21.

As Obras Completas de Lenin estão disponíveis em várias línguas, entre as quais o russo, o inglês e o espanhol. Desde os anos 1990, não conhecemos reedições. Mas as obras mais conhecidas continuam sendo publicadas, em várias línguas.

Nas Obras Completas há:

a) rascunhos (as vezes em várias versões) de outros textos;

b) cartas, não apenas para militantes, mas também para familiares e pessoas com quem Lenin mantinha relacionamento político ou profissional (por exemplo, editores);

c) material jornalístico, para as muitas publicações com as quais Lênin contribuiu entre 1894 e 1924;

d) livros completos;

e) resenhas e notas taquigráficas de palestras e discursos feitos por Lênin.

Os principais temas abordados por Lênin foram:

a) a questão agrária e sua relação com o desenvolvimento capitalista na Rússia;

b) o papel da classe operária russa, seu papel de vanguarda na evolução da Rússia;

d) o papel do partido e da intelectualidade revolucionária;

d) a estratégia e tática na luta pela revolução burguesa e pela revolução socialista na Rússia;

e) a luta pelo poder e a transição socialista;

f) as relações internacionais e o desenvolvimento do capitalismo em escala mundial;

g) filosofia, economia política, marxismo.

É importante dizer os textos de Lênin são em sua imensa maioria polêmicos, ou seja, geralmente ele desenvolve seus argumentos em polêmica com alguém (outro intelectual, outra corrente teórica, outro partido, outra classe social).

Uma compreensão completa da obra de Lenin supõe conhecer:

a) a história da Rússia e da revolução russa de 1917;

b) a biografia de Lenin;

c) a literatura russa;

d) a literatura marxista;

e) a língua russa.

É preciso considerar, ainda, a fortuna das obras.

Parte dos textos de Lênin só foi publicada após a sua morte e parte do que foi publicado em vida, teve escassa circulação, devido à condições de clandestinidade e miséria em que atuava o movimento operário socialdemocrata russo.

A edição das Obras Completas foi realizada após a morte de Lênin e, óbvio, a seleção dos textos, as notas editoriais, os materiais complementares e as traduções foram contaminados pela disputa política.

A seguir resumimos o conteúdo das Obras Completas (tomando como base 32 volumes publicados pela Editorial Cartago de Buenos Aires e 18 publicados pela editora política La Habana).

Tomo I. 1893-1894. Editorial Cartago. Buenos Aires, 1958. 554 páginas.

Tomo II. 1895-1897. Editorial Cartago. Buenos Aires, 1958 554 páginas.

Tomo III. O desenvolvimento do capitalismo na Rússia. Editorial Cartago. Buenos Aires, 1957. 647 páginas.

Tomo IV. 1898-1901. Editorial Cartago. Buenos Aires, 1958 457 páginas.

Tomo V. Maio de 1901 a fevereiro de 1902. Editoral Cartago. Buenos Aires. 1959, 567 páginas.

Tomo VI. Janeiro de 1902 a agosto de 1903. Editoral Cartago. Buenos Aires. 1959, 555 páginas.

Tomo VII. Setembro de 1903 a dezembro de 1904. Editoral Cartago. Buenos Aires. 1959, 576 páginas.

Tomo VIII. Janeiro a julho de 1905. Editoral Cartago. Buenos Aires. 1959, 607 páginas.

Tomo IX. Junho a novembro de 1905. Editoral Cartago. Buenos Aires. 1959, 480 páginas.

Tomo X. Novembro de 1905 a junho de 1906. Editoral Cartago. Buenos Aires. 1960, 551 páginas.

Tomo XI.Junho de 1906 a janeiro de 1907. Editoral Cartago. Buenos Aires. 1960, 516 páginas.

Tomo XII. Janeiro a junho de 1907. Editorial Cartago. Buenos Aires, 1960. 516 páginas.

Tomo XIII. Junho de 1907 a abril de 1908. Editoral Política. Havana, 1963, 538 páginas.

Tomo XIV. 1908-1909, Editoral Cartago. Buenos Aires. 1960, 377 páginas.

Tomo XV. Março de 1908 a agosto de 1909. Editoral Cartago. Buenos Aires. 1960, 491 páginas.

Tomo XVI. Setembro de 1909 a dezembro de 1910. Editoral Cartago. Buenos Aires. 1960, 474 páginas.

Tomo XVII. Dezembro de 1910 a abril de 1912. Editoral Cartago. Buenos Aires. 1960, 599 páginas.

(Tomo XVII. Dezembro de 1910 a março de 1912 (edição corregida e aumentada. Editoral Cartago, Buenos Aires, 1970, 559 páginas.)

Tomo XVIII. Abril de 1912 a março de 1913. Editoral Cartago, Buenos Aires, 1960, 636 páginas.

Tomo XIX. Março a Dezembro de 1913. Editoral Cartago. Buenos Aires, 1960, 604 páginas.

Tomo XX. Dezembro de 1913 a agosto de 1914. Editoral Política. Havana, 1963, 597 páginas.

Tomo XXI. Agosto de 1914 a dezembro de 1915. Editoral Política. Havana, 1963, 498 páginas.

Tomo XXII. Dezembro de 1915 a Julho de 1916. Editoral Política. Havana, 1963, 401 páginas.

Tomo XXIII. Agosto de 1916 a março de 1917. Editoral Política. Havana, 1963, 410 páginas.

Tomo XXIV. Abril a junho de 1917. Editoral Política. Havana, 1963, 605 páginas.

Tomo XXV. Junho a setembro de 1917. Editoral Política. Havana, 1963, 522 páginas.

Tomo XXVI. Setembro de 1917 a fevereiro de 1918. Editoral Política. Havana, 1963, 554 páginas.

Tomo XXVII. Fevereiro a julho de 1918. Editoral Política. Havana, 1963, 602 páginas.

Tomo XXVIII. Julho de 1918 a março de 1919. Editoral Política. Havana, 1964, 527 páginas.

Tomo XXIX. Março a agosto de 1919. Editoral Política. Havana, 1963, 602 páginas.

Tomo XXX. Setembro de 1919 a abril de 1920. Editoral Política. Havana, 1963, 562 páginas.

Tomo XXXI. Abril a Dezembro de 1920. Editoral Política. Havana, 1963, 555 páginas.

Tomo XXXII. 30 de dezembro de 1920 a 14 de agosto de 1921. Editoral Política. Havana, 1964, 553 páginas.

Tomo XXXIII. Agosto de 1921 a março de 1923. Editoral Política. Havana, 1964, 505 páginas.

Tomo XXXIV. CARTAS. Novembro de 1895 a novembro de 1911. Editoral Política. Havana, 1964, 503 páginas.

Tomo XXXV. CARTAS. Fevereiro de 1912 a dezembro de 1922. Editoral Política. Havana, 1964, 611 páginas.

Tomo XXXVI. CARTAS. 1900 A 1923. Editoral Política. Havana, 1964, 716 páginas.

Tomo XXXVII. CARTAS. Novembro de 1897 a julho de 1904. Editoral Cartago. Buenos Aires. 1971, 413 páginas.

Tomo XXXVIII. ANOTAÇÕES FILOSÓFICAS. Editoral Política. Havana, 1964, 604 páginas.

Tomo XXXIX. CARTAS. Novembro de 1912 a dezembro de 1916. Editoral Cartago. Buenos Aires. 1971, 428 páginas.

Tomo XL. CARTAS. Janeiro de 1917 a novembro de 1922. Editoral Cartago. Buenos Aires. 1972, 463 páginas.

Tomo XLI. CARTAS AOS FAMILIARES. 1893-1922. Editoral Cartago. Buenos Aires. 1972, 596 páginas.

Tomo XLII. INDICE DE NOMES E BIBLIOGRAFIA. Editorial Política. Havana. 1963. 334 páginas.

(ao que tudo indica, o volume seguinte na coleção de Havana é o volume anterior da coleção de Buenos Aires)

TOMO XLIV. Cadernos sobre o imperialismo. Editorial Cartago, Buenos Aires. 1972. 429 páginas.

TOMO XLV. Índice Temático volume 1. Editorial Cartago, Buenos Aires. 1973. 386 páginas.

TOMO XLVI. Índice Temático volume 2. Editorial Cartago, Buenos Aires. 1972. 363 páginas.

Tomo complementario 1. INDICE ONOMÁSTICO. Editorial Cartago. Buenos Aires, 1969, 309 páginas.

Tomo complementario 2.INDICE ONOMÁSTICO. Editorial Cartago. Buenos Aires, 1970. 340 páginas.

Tomo complementario 3. INDICE ONOMÁSTICO.Editorial Cartago. Buenos Aires, 1971. 317 páginas.

Tomo complementario 4. INDICE ONOMÁSTICO.Editorial Cartago. Buenos Aires, 1971. 269 páginas.

Lista de equivalencias para ubicar en la 1. edición de las Obras Completas, los trabajos de V.I.Lenin publicados en la 2.edicion. Editorial Cartago. Buenos Aires, 1973. 209 páginas.

Lista de equivalencias para ubicar en la 2. edición de las Obras Completas, los trabajos de V.I.Lenin publicados en la 2.edicion. Editorial Cartago. Buenos Aires, 1973. 206 páginas..

Nos endereços abaixo, estão resumos de parte dos volumes que compõem as Obras Completas:

http://valterpomar.blogspot.com.br/2014/02/fichamento-1.html

http://valterpomar.blogspot.com.br/2014/02/fichamento-2.html

http://valterpomar.blogspot.com.br/2014/02/fichamento-3.html

http://valterpomar.blogspot.com.br/2014/02/fichamento-4-parte-a.html

http://valterpomar.blogspot.com.br/2014/02/fichamento-4-parte-b.html

http://valterpomar.blogspot.com.br/2014/02/fichamento-4-parte-c.html

http://valterpomar.blogspot.com.br/2014/02/fichamento-5.html

http://valterpomar.blogspot.com.br/2014/05/vil-fichamento-8.html

http://valterpomar.blogspot.com.br/2014/05/vil-fichamento-9.html

http://valterpomar.blogspot.com.br/2014/05/vil-fichamento-10.html

http://valterpomar.blogspot.com.br/2014/06/vil-fichamento-11.html

http://valterpomar.blogspot.com.br/2014/06/vil-fichamento-12.html

http://valterpomar.blogspot.com.br/2014/06/vil-fichamento-13.html

http://valterpomar.blogspot.com.br/2014/06/vil-fichamento-14.html

É possível acessar as Obras Completas no seguinte endereço:

http://www.marx2mao.com/Lenin/Index.html

Na Library Genesis há pelo menos 252 livros relacionados ao nome “Lenin”:

http://www.libgen.io/search.php?req=Lenin&open=0&res=100&view=detailed&phrase=1&column=title

A contribuição de Lênin ao pensamento socialista

Há uma imensa bibliografia acerca do “leninismo”. Parte dela apresenta Lenin como um profeta. Outra parte o apresenta como um demônio. São dois pontos de vista aparentemente antagônicos, mas metodologicamente semelhantes.

Evidentemente adotamos outro ponto de vista, que enxerga de maneira positiva: 1) a contribuição de Lênin à luta pelo socialismo em sua época; 2) o método de análise adotado por Lênin para enfrentar os problemas de sua época.

A contribuição de Lênin à luta pelo socialismo em sua época foi imensa: ele foi entre 1917 e 1924 o principal dirigente da primeira revolução socialista vitoriosa da história da humanidade.

Em decorrência, todas as questões enfrentadas pelo movimento socialista entre 1917 e 1991 dialogam com aquilo que Lênin pensou e fez.

E na medida em que há similitudes entre estas questões e a luta pelo socialismo no século XXI, novamente o pensamento e a obra de Lênin tem lugar garantido.

Lenin foi entre 1917 e 1924 o principal dirigente da primeira revolução socialista vitoriosa da história da humanidade, por ter sido entre 1902 e 1924 o principal dirigente do partido que hegemonizou a revolução russa de 1917: o Partido Operário Social-Democrata Russo (Bolchevique).

Lenin foi o principal dirigente do POSDR(b) porque desde 1893 ele construiu, tanto prática quanto teoricamente, uma interpretação do processo de desenvolvimento do capitalismo na Rússia, interpretação que está na base do programa, da estratégia, das táticas e da concepção de partido defendidas por Lenin e adotadas, com maiores ou menores resistências, pelo conjunto do Partido Bolchevique.

A interpretação de Lênin acerca do desenvolvimento do capitalismo na Rússia foi construída inicialmente no combate contra o populismo e contra o marxismo legal.

O “populismo” era uma corrente teórica que defendia um caminho para o socialismo que não passaria pelo capitalismo.

O “marxismo legal” era uma corrente teórica que defendia que o papel dos socialistas seria ajudar a desenvolver o capitalismo.

Lenin identificava o populismo com os interesses de parcelas do campesinato russo e identificava o marxismo legal com os interesses de parcelas da burguesia russa.

Lenin identificava sua própria posição com a do proletariado, ou seja, com a classe dos trabalhadores assalariados, mais especificamente com o operariado.

A interpretação construída por Lênin foi produto de um trabalho intenso: muita leitura, muito estudo, muita análise de dados estatísticos brutos.

Nas palavras de Lenin, análise concreta da situação concreta.

Análise que era acompanhada da decisão de produzir uma teoria que servisse de guia para a ação.

Ler o conjunto dos textos reunidos nas Obras Completas, especialmente as cartas pessoais, permite vislumbrar esta faceta de Lenin: uma imensa capacidade de trabalho, uma dedicação integral à causa e uma capacidade (similar a de Engels) de descrever de forma acessível os temas mais complexos.

A partir da interpretação que fazia acerca do desenvolvimento do capitalismo na Rússia, Lênin desenvolveu seus pontos de vista acerca de cada um dos aspectos do programa, da estratégia, das táticas e da concepção de partido.

Destacamos sua contribuição acerca:

a) da questão agrária e sua relação com o desenvolvimento capitalista na Rússia;

b) do papel da classe operária russa, seu papel de vanguarda na evolução da Rússia;

d) do papel do partido e da intelectualidade revolucionária;

d) da estratégia e tática na luta pela revolução burguesa e pela revolução socialista na Rússia.

Quais são as fontes do ponto de vista adotado por Lênin?

Para além de suas experiências pessoais, há a influência da cultura russa e europeia de sua época, com destaque para as tradições revolucionárias, especialmente Chernichevsky, Marx, Engels, Kautsky e Plekhanov.

Lenin conhecia profundamente a obra de Marx e Engels. É dela que ele extrai seu ponto de vista sobre a luta pelo poder, sobre a transição socialista, sobre as relações internacionais e sobre o desenvolvimento do capitalismo em escala mundial.

Qual é a essência do método de análise adotado por Lênin para enfrentar os problemas de sua época? A resposta é: a análise da luta de classes.

Portanto, os que desejam fazer como Lênin deveriam começar por isto: tomar as classes e a luta entre as classes como ponto de partida.

Este texto, com pequenas correções, foi postado, neste blog, em 2018. Originalmente, foi escrito como subsídio à aula sobre Lênin ministrada na ENFF, em 23 de junho de 2018.

(*) Valter Pomar é professor e membro do diretório nacional do PT

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