Por Mariuza Guimarães (*)
Texto publicado na edição de março do Jornal Página 13
No período de 6 a 10 de fevereiro, ocorreu em Rio Branco o primeiro congresso do Andes SN e a definição em Conselho de Dirigentes (CONAD) de desfiliação da CSP Conlutas. Estes são citados por serem marcos relevantes no último período para a vida sindical em geral e do Andes SN em particular.
Nosso sindicato negou o golpe, negou o risco da eleição de Bolsonaro e titubeou frente à eleição de Lula como estratégia para fazer frente à extrema-direita que se instalou no país. Nesta conjuntura, o Andes SN realizou o 41º Congresso, que contou com mais de 600 delegadas, delegades e delegados.
Foram muitos debates sobre conjuntura, plano de lutas e articulações a serem feitas no ano de 2023 para avançar na organização da classe trabalhadora e da categoria. Merecem destaques dois pontos centrais do Congresso: a desfiliação da CSP Conlutas e as inscrições de chapas para o próximo biênio. Sobre estes, trataremos nos próximos parágrafos.
O Andes SN se filiou à CSP Conlutas por decisão tomada no 26º Congresso, em 2007. Entretanto, nos últimos anos, sobretudo após o golpe de 2016, quando a Central defendeu que não se tratava de um golpe, estabeleceu a consigna “Fora Todos”, fazendo coro à mídia burguesa, por eles tão criticada, alguns setores da categoria, em especial o Fórum Renova Andes, propunham um balanço da vinculação à citada Central, que levava o sindicato nacional a um isolamento das demais organizações da classe trabalhadora e da categoria, em um grave momento pelo qual passava o país. Apenas em 2022, no 40º Congresso, após a experiência do desmonte dos direitos trabalhistas e da educação e do recrudescimento da direita brasileira, conseguiu-se aprovar um Conselho de Dirigentes (CONAD) extraordinário, com pauta única: o balanço da CSP Conlutas e a permanência do ANDES SN em suas fileiras, no qual se apontou a desfiliação, a ser homologada no 41º Congresso. A desfiliação foi aprovada por 262 votos favoráveis à desfiliação, 127 pela permanência e 7 abstenções. A próxima direção terá como tarefa a consolidação da desfiliação e o retorno do sindicato às lutas conjuntas da classe trabalhadora.
Na linha das mudanças na conjuntura do Andes SN, se apresentaram para as eleições, que serão realizadas em 10 e 11 de maio para o biênio 2023/2025, quatro chapas, o que não acontecia nos últimos 20 anos. A eleição será presencial, em todo o Brasil, nas sedes das 121 Seções Sindicais que compõem o ANDES SN ou em local designado pelas comissões eleitorais locais.
Este fenômeno também pode ser atribuído à atual conjuntura, quando houve, nas tendências e coletivos que compõem o movimento sindical no interior do Andes SN, discordâncias sobre o Golpe de 2016, a desfiliação da CSP Conlutas e o apoio à eleição do presidente Lula no primeiro turno. Os coletivos que vinham dirigindo o Andes nos últimos 20 anos foram se esgarçando e se dividindo, resultando em chapas distintas. A única constância neste quadro foi o Fórum Renova Andes, que se manteve e se ampliou ao longo de sua existência, tendo disputado as duas últimas eleições contra todos os coletivos que hoje se dividem, evidenciando condições diferentes do que se via até a última eleição.
Pode- se afirmar que os novos ventos que sopram sobre o Brasil também o fazem sobre o ANDES SN, apresentando perspectivas de uma nova organização que se aproxime mais da base de docentes das instituições de educação superior, técnica e tecnológica, das instâncias federal, estaduais e municipais, que integram o sindicato nacional e de suas demandas cotidianas, garantindo políticas salariais efetivas, condições de trabalho adequadas e investimento no tripé que as caracteriza: ensino, pesquisa e extensão.
(*) Mariuza Guimarães é dirigente do PT e da AE em MS e vice-presidenta da ADUFMS.