No dia de Natal, morreu Tainara

Não foi uma fatalidade. Não foi um episódio isolado.

Foi resultado da violência contra as mulheres, ainda profundamente enraizada em nossa sociedade e em nossas instituições.

Tainara resistiu por semanas. Sua mãe resistiu com ela. Uma família inteira viveu a dor, a espera e a angústia — enquanto mais um caso de violência extrema se somava a tantos outros. Milhões de “Tainaras” seguem morrendo todos os dias, em diferentes países, línguas e culturas, vítimas da desigualdade, da omissão e da naturalização da violência contra as mulheres.

No dia que simboliza vida, cuidado e renovação, essa morte não pode ser normalizada, esquecida ou tratada como estatística.

Escrevo como Vanda Pignato, mulher que viveu e vive a luta de tantas histórias marcadas pela violência, pela resistência e pela busca por justiça. Para quem pensa o Brasil a partir dos valores da justiça social, da democracia e dos direitos humanos, a indignação não é discurso: é responsabilidade histórica. Ela deve se traduzir em compromisso permanente com políticas públicas eficazes, justiça célere, responsabilização dos agressores e prevenção da violência.

A violência contra as mulheres é estrutural. Enfrentá-la exige ação coordenada do Estado — Executivo, Legislativo e Judiciário — e uma sociedade que não se cale nem se omita.

Justiça por Tainara não é vingança.

É compromisso institucional.

É responsabilidade coletiva.

É parte do projeto de um país mais justo, humano e democrático.

Minha solidariedade à sua família, especialmente à sua mãe.

E o reconhecimento ao trabalho do Ministério das Mulheres, sob a liderança de Márcia Lopes, reafirmando o compromisso com a dignidade, a igualdade e o enfrentamento à violência contra as mulheres.

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