O fio de Tarso Genro

Por Valter Pomar (*)

Tarso Genro publicou um fio no tuíte.

Neste fio, Tarso elogia os comandantes militares que não aderiram ao golpe.

O elogio é indevido.

Os comandantes militares que, informados e/ou convidados para um golpe, nada fizeram, no mínimo prevaricaram.

E quem prevarica frente a um golpe, não é um “cagão”, muito menos um “profissional”, é um criminoso.

Um criminoso mais esperto do que os outros, pois capaz de perceber que, naquele momento, o golpe não teria êxito.

O exemplo clássico do militar supostamente profissional é Pinochet.

Allende acreditou nisso. Deu no que deu.

A respeito, recomendo ler Kennedy Alencar, cujo texto reproduzo abaixo:

“Volta a circular na praça a tese de que o golpe de Bolsonaro não se consumou devido à recusa de parte da cúpula das Forças Armadas. É mentira. Convidados e pressionados a dar um golpe, os “legalistas” do Alto Comando do Exército não deram voz de prisão aos golpistas nem denunciaram a tramoia. Ficaram na moita. Aguardando exatamente o quê? Na verdade, traíram a Constituição naquele momento, dando tempo para que Bolsonaro e seus fascistas civis e militares tentassem consumar o golpe. Ao mesmo tempo, protegeram e toleraram acampamentos golpistas até 08/01/22, apesar do resultado cristalino do segundo turno em 30/10/22. Que o Brasil não se engane. O golpismo continua vivo nas Forças Armadas. Lula erra ao bancar a estratégia acomodatícia de Múcio. No momento, tentam vender como um “avanço” a ordem do comandante do Exército, Tomás Paiva, para que o golpe de 64 não seja celebrado nos quartéis. Ora, celebrar um golpe contra a democracia seria crime. Nos 60 anos do golpe de 64, o governo Lula deveria cobrar uma autocrítica e um pedido de desculpas dos militares. A operação da PF de hoje aproxima Bolsonaro e seus golpistas da cadeia. As provas estão sendo fortalecidas para mandar todos eles para o xadrez. Isso é ótimo. A democracia não pode tolerar quem ameaça destruí-la. O Genocida tem de ir para a cadeia para que nunca mais um presidente, usando todos os instrumentos do seu cargo, trame contra a democracia. Por último, nada de passada de pano para os militares. O golpe não aconteceu porque não havia condições objetivas. O Brasil de 2022 não aceitaria. Tampouco havia apoio internacional, como em 64. Logo, a vitória da democracia não foi uma concessão de supostos legalistas, pois estes se comportaram com covardia e omissão”.


(*) Valter Pomar é professor e membro do diretório nacional do PT

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