Por Gilderlei Soares (*)
Um ano após a invasão da Ucrânia pela Rússia, o conflito não parece sinalizar para uma solução de curto prazo.
As sanções econômicas impostas à Rússia não surtiram muito efeito. Prova disto é que a economia russa não diminuiu como se esperavam e cada vez mais que a guerra se prolonga, afeta ainda mais a economia da Europa.
A China, também em confronto político e econômico com os Estados Unidos, parece cada vez mais próxima da Rússia.
Apesar das tensões aumentarem a partir de dezembro de 2021, culminando pela entrada das tropas russas no território ucraniano em 24 de fevereiro de 2022, as causas do conflito não são recentes.
O fato é que os Estados Unidos, através da OTAN, colocou em curso desde os anos 1990 um cerco ao território russo, trabalhando para expandir as bases militares da organização.
Lógico que o Governo Russo, tendo no comando uma figura como Putin, não iria ficar sem reação diante deste fato.
Já em 2008, o ministro das relações exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, alertou que o Kremlin não aceitaria o ingresso da Ucrânia na OTAN e faria de tudo para impedir.
A invasão de um país (os Estados Unidos são especialistas nisso de invadir) sempre é algo contestável.
Também tenho minhas sérias críticas a Putin e ao que seu governo representa.
Mas, a guerra poderia ter sido evitada se a OTAN, que sempre precisa de um inimigo para justificar sua existência, não tivesse a sanha se expandir suas bases para áreas próximas ao território russo.
Para entender melhor o contexto que levou a essa guerra, é importante ler o livro A Desordem Mundial, do professor Moniz Bandeira, falecido em 2017.
A análise do professor mostra que Putin, ao intervir na Ossétia do Sul, na Síria e anexar a Criméia, demonstrava claramente que precisava passar uma linha na geopolítica mundial.
Os Estados Unidos e a OTAN duvidaram. Agora o povo ucraniano sofre as consequências.
Os russos tem fama de serem ótimos jogadores de xadrez. E no caso da Ucrânia, continuam jogando.
Por fim, apesar de discordar do conteúdo, a participação do Brasil na construção do texto aprovado pela Assembleia Geral da ONU nesta quinta-feira, dia 23, mostra que voltamos a ter um país que tentará acertadamente jogar um papel importante na geopolítica mundial.
(*) Gilderlei Soares é professor e militante petista no Rio Grande do Norte