Omissão do PT nos pequenos municípios deixa espaço para a direita e a extrema-direita

Por Alice Daflon (*)

Prefeitura e Câmara de Sapucaia – RJ

Sapucaia, pequena cidade do interior do Estado do Rio de Janeiro, situada na região centro-sul fluminense, pode ser considerada, em termos políticos, como um retrato de outros municípios, interioranos ou não, de pequeno a muito pequeno porte. Mas é, também, certamente, há pouco mais de duas décadas, um retrato da política que o Partido dos Trabalhadores vem implementando desde que resolveu colocar as vitórias eleitorais como estratégicas, e não como táticas, para a implementação do programa político do PT, de modo a alcançar uma sociedade justa e igualitária. Os marcos simbólicos iniciais desse novo modo de fazer política adotado pelo PT, a meu ver, podem ter sido a nova política de alianças, a carta ao povo brasileiro, de junho de 2002, redigida com a finalidade de acalmar o mercado, e o aperto de mãos com Paulo Maluf, em junho de 2012.

É verdade que a política do interior, distante dos debates das capitais e de outros grandes centros, se pauta muito mais em relações de conhecimento do que em ideologias nitidamente expressas em programas partidários de matizes ideológicas bastante distintas.

Em Sapucaia, por exemplo, até bem pouco tempo, os caciques políticos eram Roberto Jefferson e Francisco Dornelles. Apesar de estarem o primeiro preso e o segundo morto, seus nomes ainda são lembrados com força e gratidão por políticos de extrema-direita que se fizeram na política através deles.

Com campanhas guiadas por favores pessoais, como distribuição de dinheiro, camisetas, o conserto de um telhado aqui, uma doação de tijolos ali, transporte de pessoas em seus carros para atendimento em algum serviço público e outras promessas de cunho material e personalizadas, esses políticos de direita e de extrema-direita vêm obtendo êxito eleitoral nessas cidades interioranas. A essa política de clientela, com frequência junta-se a militância neopentecostal e o discurso do perigo do comunismo, o qual muitos candidatos e “pastores” fazem questão de colar no PT. “Churrasco de pelanca” regado a muita cachaça, apertos de mãos e tapinhas nas costas às vésperas das eleições, é também uma das táticas utilizadas nos bairros mais pobres da região.

De outra sorte, nesses pequenos municípios, o Partido dos Trabalhadores não tem cumprido sua missão de motor das transformações sociais, posto que facilmente adere a candidaturas da direita e até da extrema-direita, frequentemente em posição desfavorável e subalterna, havendo, inclusive, militantes do PT que assumem cargos e funções nesses governos. A título de exemplo, o atual secretário de Fazenda, um dos fundadores do PT de Sapucaia, aceitou o convite para o cargo do atual prefeito de Sapucaia (PRD), com quem mantém fortes laços de amizade, a despeito de ter, o prefeito, declarado seu voto no ex-presidente nos diversos grupos de moradores do município, tendo inclusive gravado um vídeo pedindo votos para o capiroto, buscando um outro grupo de apoio a seus interesses, já que órfão ficou de seus padrinhos originais – Jefferson e Dornelles.

Em Sapucaia, numa das reuniões que fizemos com o intuito de definir nomes para candidatos a prefeito e vereadores, o referido secretário de Fazenda declarou apoio irrestrito e irrevogável ao atual prefeito, frise-se, bolsonarista autodeclarado e assumido, mesmo que o PT viesse a lançar candidato próprio.

Ao fim e ao cabo, pode-se dizer que, nessas eleições municipais, o PT de Sapucaia optou por omitir-se completamente. Não lançou candidato a prefeito nem a vereadores e não participa de campanha alguma enquanto partido, embora seus filiados tenham optado por um ou outro candidato à prefeitura, ambos de direita, dentre eles o atual (PRD), que pleiteia a reeleição, concorrendo sub judice, pois pesa sobre ele uma condenação por improbidade administrativa, ainda passível de recurso no STF, e um outro candidato muito endinheirado, do MDB, ligado à família de Washington Reis, ex-prefeito de Duque de Caxias, sobre quem pesam inúmeras denúncias e processos criminais, e ao deputado federal Sargento Portugal, do Podemos, do que se infere não poder ser gente em quem se possa confiar.

Ou seja, em pleno ano eleitoral, tendo Lula como presidente, o PT de Sapucaia praticamente não existe. Não se coloca eleitoralmente, não se posiciona, pouco se reúne, não discute conjuntura e não investe em formação política de seus quadros, não faz militância de rua e até o grupo de zap dos filiados anda esquecido, contentando-se com eventuais emendas parlamentares que um ou outro filiado consegue com deputados aos quais tem acesso por iniciativas individuais. Discussões ou tentativas de formação política voltadas para o trabalho de base não prosperam. Discussão sobre conjuntura local, regional, nacional e internacional inexistem.

Outra característica das pequenas cidades, em sua maioria, mormente as com menos de 20 mil habitantes, é que praticamente todos que possuem uma militância política se conhecem desde criancinha, motivo pelo qual os laços afetivos podem ser colocados acima da identidade política. Exemplifico: vimos um petista receber a honraria de cidadão honorário proposta por um político bolsonarista, aceitar a honraria e posar para a foto ao lado do bolsonarista vestido de sorriso e roupa de domingo; ouvimos da boca de outro petista que votará pela reeleição do atual prefeito – bolsonarista autodeclarado, frise-se – porque o conhece desde a tenra idade, brincaram juntos e um é compadre do outro: “voto nele e, se ele for cassado, voto em quem ele recomendar, seja quem for”, ou seja, fidelidade absoluta não só à pessoa do compadre, mas a qualquer um que ele indicar.

Chegamos a fazer em Sapucaia algumas reuniões para discutir as eleições, a indicação de um nome do PT para a prefeitura e a formação de nominata para vereadores. O atual presidente do PT de Sapucaia – filiado ao partido por Washington Quaquá em 2022, durante a campanha para presidente –, por já ter sido prefeito, seria o nome natural para ocupar a vaga de candidato à Prefeitura, mas rejeitou a oferta por estar também condenado no mesmo processo de improbidade administrativa que pesa sobre o atual prefeito candidato à reeleição, pois, na época, caminhavam juntos na política e na administração pública. O pretexto, compreensível, foi que não se dispunha a correr o risco de perder o mandato caso viesse a ser condenado no processo, já com decisão condenatória, mas ainda sem trânsito em julgado, pois há recurso no STF ainda pendente de julgamento. Propus meu nome para concorrer à prefeitura, mas não houve adesão, talvez pelo fato de eu, apesar de ser descendente de sapucaienses e ter sobrenome conhecido no local, não ter me criado em Sapucaia, ou talvez por eu ser mulher ou por ser novata no Diretório Municipal, ou por acharem que não teríamos chance de ganhar. Não obstante, nenhum outro nome foi colocado ou sequer pensado para ser o candidato do partido à eleição majoritária no município. De meu lado, eu entendia e ainda entendo que devemos sempre colocar uma candidatura do PT, salvo exceções bem fundamentadas, pois são nesses períodos eleitorais que ganhamos mais espaços nos veículos de comunicação, nas ruas, nas praças, na internet etc., e mais oportunidades para apresentar e conversar diretamente com o povo sobre as propostas do PT para o município e o programa do PT, mesmo sem chance aparente de ganhos, seja na eleição majoritária, seja nas eleições proporcionais. Penso que, se não houver iniciativas nesse sentido, de ousar, de arriscar, mesmo perdendo, seremos eternamente papagaios de pirata em algumas ou muitas cidades órfãs de candidatura e programas de esquerda. Fui voto vencido. Ganhei apenas o elogio de duas companheiras pelo meu ato de “coragem” e “generosidade”. Também não foi adiante a tentativa de fazermos uma nominata de vereadores, por falta de adesão de número suficiente constatada em umas poucas reuniões. Na primeira, com bom número de filiados, compareceram companheiros do PV e do PSOL dispostos inclusive a mudar para o PT. Não houve nenhuma manifestação de apreço à proposta destes companheiros que, como nós, continuaram soltos e desistiram de qualquer tentativa de embarcar na campanha para a vereança. Frise-se: houve apenas uma reunião para discutir um nome nosso para concorrer à Prefeitura e outras poucas para se tentar compor uma nominata de vereadores. O intuito de adesão dos companheiros do PV e do PSOL foi completamente desprezado.

Percebe-se, ainda, uma normalização de uma aproximação com a direita, desprovida de cerimônia, que se traduz apenas em adesão a um ou outro candidato, sem qualquer exigência ou negociação prévia. Mas tal aproximação com a direita, que não é de hoje, não se pode criticar, pois o mesmo acontece a nível da capital do Estado, o Rio de Janeiro, que optou por apoiar Eduardo Paes já no primeiro turno, também sem qualquer exigência ou negociação de programa mínimo ou de espaços de atuação em eventual novo governo, abrindo mão, inclusive, de exigir a vice prefeitura, ou seja, um apoio incondicional, um verdadeiro cheque em branco dado ao atual prefeito, sobre o qual paira um histórico de denúncias e de processos judiciais.

Sapucaia tem menos de 20 mil habitantes. Dirão os dirigentes, talvez, que não vale a pena investir em pequenos municípios, será? Mas, no Brasil, quantos pequenos municípios temos? Muitos, muitos, muitos, e esses pequenos municípios não são alvo de interesse da maioria dos políticos de projeção do PT, sejam eles deputados estaduais ou federais, sejam senadores, seja o presidente da República, seja da direção partidária em seus diversos níveis.

Para se ter uma ideia, o IBGE[1] estimou em 212.583.750 o número de habitantes em nosso país, espalhados por exatos 5.621 municípios (números atualizados em 1º de julho de 2024). Dentre esses, os que possuem mais de 1 milhão de habitantes são, em ordem decrescente: São Paulo (SP) 11.895.578; Rio de Janeiro (RJ) 6.729.894; Brasília (DF) 2.982.818, Fortaleza (CE) 2.574.412; Salvador (BA) 2.568.928; Belo Horizonte (MG) 2.416.339; Manaus (AM) 2.279.686; Curitiba (PR) 1.829.225; Recife (PR) 1.587.707; Goiânia (GO) 1.494.599; Belém (PA) 1.398.531; Porto Alegre (RS) 1.389.322; Guarulhos (SP) 1.345.364, Campinas (SP) 1.185.977; São Luís (MA) 1.088.057. Ou seja, dentre os 5.621 municípios do Brasil, apenas 15 possuem mais de um milhão de habitantes. Somados os moradores desses municípios, temos o total de 42.766.437 habitantes.

O país tem apenas 33 cidades com população entre 500 mil e 1 milhão de habitantes. São elas: Porto Velho (RO) 514.873; Ananindeua (PA) 507.838; Teresina (PI) 902.644; Natal (RN) 785.368; João Pessoa (PB) 888.679; Jaboatão dos Guararapes (PE) 683.285; Maceió (AL) 994.464; Aracaju (SE) 628.849; Feira de Santana (BA) 657.948; em MG, estão Contagem 649.975, Juiz de Fora 565.764 e Uberlândia (MG) 754.954; no ES, Serra 572.274 e Vila Velha 502.899; no RJ, Belford Roxo 518.263, Campos dos Goytacazes 519.011, Duque de Caxias 866.347, Niterói 516.720, Nova Iguaçu 843.046 e São Gonçalo 960.652; em SP, Osasco 756.952, Ribeirão Preto 728.400, Santo André 778.711, São Bernardo do Campo 840.499, São José do Rio Preto 501.597, São José dos Campos 724.756 e Sorocaba 757.459; temos ainda Londrina (PR) 577.318; Florianópolis (SC) 576.361, Joinville (SC) 654.888; Campo Grande (MS) 954.537; Cuiabá (MT) 682.932 e Aparecida de Goiânia (GO) 550.925. Estas cidades somam uma população de 22.919.188 de habitantes.

Entre 200 mil e 500 mil habitantes, temos 110 cidades: Rio Branco (AC) 387.852; Boa Vista (RR) 470.169; no PA, Castanhal 207.603, Marabá 288.513, Parauapebas 298.854 e Santarém 357.311; Macapá (AP) 487.200; Palmas (TO) 323.625; Imperatriz (MA) 285.146; São José de Ribamar (MA) 257.414; no Ceará, Caucaia 375.730, Juazeiro do Norte 303.004, Maracanaú 249.684 e Sobral 215.286; Parnamirim (RN) 269.298; Mossoró (RN) 278.034; Campina Grande (PB) 440.939; em PE, Cabo de Santo Agostinho 216.969, Caruaru 402.290, Olinda 365.402, Paulista 362.960 e Petrolina 414.083; Arapiraca (AL) 243.661; Nossa Senhora do Socorro (SE) 202.450; na BA, Camaçari 319.394, Juazeiro 254.481, Lauro de Freitas 217.960 e Vitória da Conquista 394.024; em MG, Betim 429.236, Divinópolis 242.328, Governador Valadares 266.649, Ipatinga 235.445, Montes Claros 434.321, Ribeirão das Neves 344.828, Santa Luzia 229.483, Sete Lagoas 237.931 e Uberaba 354.142 (MG); Cariacica (ES) 375.485, Vitória (ES) 342.800; no RJ, Cabo Frio 238.166, Itaboraí 240.040, Macaé 264.138, Magé 244.092, Maricá 211.986, Nova Friburgo 203.328, Petrópolis 294.983, São João de Meriti 466.536 e Volta Redonda 279.898; em SP, Americana 246.655, Araçatuba 207.775, Araraquara 252.318, Barueri 330.339, Bauru 391.740, Carapicuíba 398.462, Cotia 287.004, Diadema 404.118, Embu das Artes 259.323, Franca 364.331, Guarujá 294.973, Hortolândia 247.331, Indaiatuba 267.796, Itapevi 241.924, Itaquaquecetuba 382.521, Jacareí 249.968, Jundiaí 460.313, Limeira 300.728, Marília 246.627, Mauá 429.380, Mogi das Cruzes 468.120, Piracicaba 438.827, Praia Grande 365.577, Presidente Prudente 234.083, Rio Claro 208.857, Santos 429.567, São Carlos 265.294, São Vicente 338.407, Sumaré 289.787, Suzano 318.765, Taboão da Serra 284.274 e Taubaté 321.298; no PR, Cascavel 364.104, Colombo 240.720, Foz do Iguaçu 295.500, Maringá 425.983, Ponta Grossa 372.562 e São José dos Pinhais 345.644; em SC, Blumenau 380.597, Chapecó 275.959, Criciúma 225.281, Itajaí 287.289, Palhoça 245.477 e São José 289.949; no RS, Canoas 359.554, Caxias do Sul 479.256, Gravataí 275.294, Novo Hamburgo 235.879, Passo Fundo 214.564, Pelotas 336.131, Santa Maria 282.244, São Leopoldo 225.669 e Viamão 232.113; em MT, Dourados 260.640, Rondonópolis 259.167, Sinop 216.029, Várzea Grande 314.627; em GO, Águas Lindas de Goiás 240.613, Anápolis 415.847, Luziânia 218.872, Rio Verde 238.025 e Valparaíso de Goiás 213.506. A soma total de habitantes nessas cidades corresponde a 33.483.905.

Em simples operação aritmética, verifica-se que 99.169.530 habitantes residem em apenas 268 cidades, acima referidas como de grande porte, de médio a grande porte, e de médio porte, todas com mais de 200 mil habitantes, portanto, cidades onde as eleições podem acontecer em dois turnos, caso nenhum candidato ganhe no primeiro turno.

Destarte, mais da metade da população brasileira reside em cidades de pequeno a muito pequeno porte, ou seja, espalhada em 5.353 municípios, que representam mais de 95% do total deles.

Por que tanta conta? Dei-me ao trabalho de fazer essa quantificação para tentar entender o fenômeno Sapucaia, um desses muitos pequenos municípios que, conforme informa o IBGE, possui, em 2024, apenas 18.289 habitantes, espalhados pela sede do Município e mais quatro Distritos (Jamapará, Anta, Aparecida e Pião). O PT existe em Sapucaia e seus Distritos, mas apenas isso: existe. Não tem militância, não lança candidatos, não vai para a rua, não investe em formação política e pouco se reúne.

Acontece que, a julgar por Sapucaia, o PT tem pouco apreço por militar ou pela militância desses pequenos municípios, em que pese deterem mais de 50% da população brasileira. Se considerarmos as cidades com menos de 30 ou 50 mil habitantes, esse percentual aumenta muito e mais ainda se consideramos as cidades com menos de 200 mil moradores, ou seja, as consideradas pequenas pelo TSE, nas quais só há primeiro turno.  A que ponto se quer chegar com todos esses números? Respondo: se no Estado do Rio de Janeiro, um dos Estados de maior relevância política, mais de ¼ do total das cidades possuem menos de 20 mil habitantes, essa proporção deve ser ainda maior nos demais Estados, com exceção de São Paulo, evidentemente, Estado mais industrializado do país, para o qual convergem trabalhadores de todo o Brasil em busca de emprego e renda.

Onde a esquerda não está, a direita está, a extrema-direita está. Onde a esquerda não está, os pastores e as igrejas neopentecostais sempre estão. Onde a esquerda não está, a mídia corporativa, mormente a Rede Globo e suas afiliadas, os canais religiosos de ideologia neopentecostal, estão (digo ideologia neopentecostal porque não é uma religião, mas tão somente manipulação e exploração da fé sincera do povo com fins políticos e financeiros).  Há eleitores e há políticos e há política em todos esses municípios e seus distritos, mas neles predomina a presença quase exclusiva da direita. Tive a oportunidade de navegar pelo rio Amazonas amapaense no barco da Justiça Itinerante do Tribunal de Justiça do Amapá. Isso foi em 2006 e o que me chamou à atenção foi que em todos os pequenos povoados ribeirinhos nos quais o barco aportou com seus serviços, literalmente em todos, havia a Igreja Universal do Reino de Deus, e tão somente esta Igreja. Não vi, em nenhum deles, Igreja católica ou as igrejas protestantes tradicionais. O resultado é que a militância de esquerda desses pequenos municípios, quando e onde existe, se vê sem fôlego para bancar um processo eleitoral sem se misturar com políticos locais, esmagadoramente de direita, sob pena de ficar de fora do processo eleitoral e da luta política.

Nossos deputados estaduais só vão a grandes e médios municípios. Os federais e os senadores nem se fala. Jamais dão o ar de sua graça nessas pequenas cidades, que, somadas, são um gigante eleitoral carente de todo tipo de política pública, de debate, de formação, de tudo.

Para se ter uma ideia, durante todo o período em que faço parte oficialmente do PT de Sapucaia (desde o início de 2020), somente dois parlamentares do PT lá estiveram presencialmente, sendo um deles o Quaquá, que em um dia não só filiou ao PT o atual presidente do Diretório Municipal, como também conseguiu botar o bloco na rua em 2022 para a sua eleição a deputado federal. Obtivemos emendas parlamentares de apenas dois deputados do PT (Reimont e Lindbergh), e Reimont esteve na cidade uma vez.

Agora, vejamos, se na capital do Rio de Janeiro, uma das cidades consideradas mais politizadas do país (será?), a banda da esquerda toca dessa forma, imaginemos como deve ser sua performance nos demais pequenos e médios municípios por esse país afora. Creio que, no mínimo, acontece o mesmo.

Devíamos enviar uma comitiva ao México para aprender como López Obrador conseguiu se eleger, resistir às tentativas de golpe de estado, fazer a maioria na câmara e no senado e eleger sua sucessora, Cláudia Sheinbaum. Consta que costumava dar entrevista coletiva diariamente, com o que conseguia neutralizar ou ao menos contrapor-se às fake news da direita, e costumava visitar não só as grandes cidades, mas também as pequenas para dialogar diretamente com o povo.

Aqui, Lula e o PT são entidades bem distintas, pois, em que pese ter sido eleito pela terceira vez, nessas últimas eleições, o povo elegeu o pior Congresso Nacional como jamais se viu antes na história desse país. Considerando que muitos estados brasileiros são compostos por inúmeros pequenos municípios, sem ter sequer uma grande cidade, e que esses estados também elegem deputados e senadores (estes em número de três por Estado, independentemente do número de habitantes), é bom o PT rever sua militância, bem como o apoio (ou a falta de) aos militantes desses pequenos municípios e se fazer tão presente e visível como a direita, como os pastores e igrejas neopentecostais e como a mídia corporativa.

Por fim, para não ficarmos somente na constatação e na análise, gostaria de propor ao Diretório Nacional que recomendasse a todos os Diretórios Estaduais a criação de um grupo de trabalho em número proporcional aos pequenos municípios de seus estados, cuja tarefa seria de visitar essas localidades para fomentar a formação política, a militância de base, a militância de rua, acompanhar a militância nos períodos eleitorais e outras ações, de modo a aumentar o desempenho do PT nas pautas do nosso programa e nos períodos eleitorais. Seria de bom termo que houvesse, também, congressos estaduais e nacionais que promovessem encontros desses grupos de trabalho, troca de experiência e de ideias. Afinal, estamos falando de 99.169.530 habitantes, muitos deles eleitores. Não é pouca coisa.

 (*) Alice Daflon é membra do Diretório Municipal do PT de Sapucaia/RJ.


[1] Fonte: https://ftp.ibge.gov.br/Estimativas_de_Populacao/Estimativas_2024/estimativa_dou_2024.pdf

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