A tendência petista Articulação de Esquerda de Pernambuco se coloca contra o desmatamento para a construção da Escola de Sargentos das Armas (ESA) na Área de Preservação Ambiental Aldeia-Beberibe (APA Aldeia-Beberibe) na Região Metropolitana do Recife (RMR). O presidente Lula se comprometeu com a agenda ambiental e prometeu desmatamento zero e nós, que integramos a Articulação de Esquerda em Pernambuco, entendemos que os movimentos socioambientais já produziram estudos robustos suficientes que não só avaliam os impactos como apontam alternativas locacionais para a construção do empreendimento sem a necessidade de derrubar uma única árvore. No entanto, a governadora Raquel Lyra faz ouvidos mocos e se coloca a favor do projeto como o Exército determinou.
Em todas as oportunidades de apresentação para a população do projeto da construção da ESA, o Governo do Estado optou pela estratégia de dividir as apresentações por atores interessados. Sendo sempre feita em primeiro a apresentação da posição do Exército, ficando para depois a apresentação feita pelos movimentos civis. Para a defesa do empreendimento os argumentos utilizados pelo Exército são incapazes de justificar a necessidade de desmatar para a construção e sendo assim, eles apelam para os clichês de que o empreendimento vai alavancar o desenvolvimento local. Com o apoio irrestrito dos parlamentares da direita e extrema direita é orquestrada a produção de desinformações que colocam a opinião pública contra qualquer crítica feita ao projeto. Dessa forma, os movimentos socioambientais já encontram uma população convencida das possíveis benesses do empreendimento sendo muito mais difícil a escuta sobre a possibilidade de construir sem desmatar.
A construção da ESA como estava previsto no projeto inicial implicava na derrubada de cerca de 300 mil árvores de grande porte que levaram décadas para chegarem ao ponto em que se encontram hoje, prestando inúmeros serviços ambientais à nossa região, além de muitas outras árvores em fase de crescimento. O projeto ainda representa o risco de morte de vários rios na região, em especial o Catucá, responsável por alimentar o lago do Reservatório Botafogo, coração do Sistema de Botafogo responsável pelo abastecimento de água de boa parte da RMR. E ainda tem mais, esse projeto coloca em risco de morte animais e plantas, alguns com risco de extinção, que vivem na APA Aldeia-Beberibe e dependem de espécies de cada fragmento de mata para sua sobrevivência.
Seguimos nas lutas com os movimentos socioambientais atuando no sentido de tornar o empreendimento viável, alertando o Exército e os governos de Pernambuco sobre as diversas irregularidades do projeto anunciado e do descumprimento do arcabouço legal ambiental embutidos na localização escolhida pelo Exército. Obtivemos pequenos avanços como a retirada das duas Vilas Militares de dentro do Campo de Instrução Marechal Newton Cavalcanti – CIMNC – e a consequente redução de 52 hectares de desmatamento, o que representa o “salvamento” de mais de 100 mil árvores. Entendemos que a luta pelo desmatamento zero ainda não foi vencida e nos mantemos mobilizados denunciando a hipocrisia dos discursos sobre desenvolvimento sustentável das esferas municipal, estadual e federal. Destacamos que a proposta “Escola de Sargentos em Pernambuco com Desmatamento Zero” inscrita na plataforma Brasil Participativo foi a terceira mais votada demonstrando que nossa causa é justa e plenamente possível.
O Exército Brasileiro tem o papel de guardião do meio ambiente preservado e fortalecido, o que em tempos de emergência climática é um capital político de dimensões incalculáveis. Sendo assim, optar por outra área para a construção da ESA é a melhor alternativa para preservar o meio ambiente e a boa qualidade de vida para a população.