PED e os desafios para a militância do PT-RJ

Por Olavo Brandao Carneiro (*)

1. O PT é a síntese do acúmulo político e organizativo das classes trabalhadoras no Brasil. Os rumos do PT impactam o futuro do Brasil, da América Latina e da geopolítica mundial. A centralidade do PT na luta de classes brasileira é o que desperta interesse e cobiça dos nossos inimigos sobre os nossos debates internos e seus desfechos.

2. A organização e a linha política do PT precisam mudar para estar à altura dos desafios da atual realidade da luta de classes, ir mais à esquerda e não para o centro, polarizar as ideias e valores, ser mais combativo travando lutas políticas. No Rio de Janeiro o PED pode mudar o PT para pior, tornar o partido mais autoritário, mais fisiológico, mais burocrático e descaracterizado política e programaticamente. Propomos uma alternativa de direção profundamente comprometida com um PT democrático, de massa e militante, ideológico e com nitidez política e programática.

3. Por nitidez política estamos falando de não apoiar e fazer alianças com bolsonaristas, nossos inimigos de classe e de projeto. O PT tem que ter lado explícito, tratar Claudio Castro pelo que é: representante das práticas e posições da extrema direita. Ter relação institucional nada tem a ver com tomar vinho, declarações de amizade e muito menos propor aliança eleitoral com ele compondo chapa para o Senado. Nitidez política é fazer oposição à família Reis em Duque de Caxias, que coordenam as campanhas de Bolsonaro no estado, e fazer oposição a Canela em Belford Roxo e a Delaroli em Itaboraí. É não se misturar em convescotes e intimidades com Pazuello e qualquer liderança do bolsonarismo no Rio de Janeiro.

4. Nitidez política é não misturar o amplo direito de defesa contra arbitrariedades ou erros de investigações ou de processos judiciais, com a postura de defensores públicos e irrestritos de inquestionáveis bandidos. O papel do PT e suas lideranças não é ser baluarte e até mesmo financiador da defesa da família Brazão, notoriamente envolvidos com as milícias. Os acusados em questão não são pobres e oprimidos por um Estado racista e classista. As posturas pró família Brazão retiram nitidez política do PT e de seu papel e objetivos.

5. Nitidez programática significa defender combate ao crime e à insegurança pública sem cair no senso comum liderado pela extrema direita de pena de morte e criminalização dos direitos humanos. A esquerda propõe uma polícia cidadã e proximidade; investimento em inteligência; agentes públicos preparados e valorizados; e protocolos e procedimentos que tenham a vida da população em primeiro lugar. O ideário “bandido bom é bandido morto” e “vai pra vala”, similares ao “tiro na cabecinha”, só provoca mais mortes de pobres, pretos, jovens, e incentiva justiçamento como os vários casos recentes de PM´s assassinando jovens porque alguém disse que eram assaltantes. O programa do PT e da esquerda defende a ciência, as universidades e a cultura, os profissionais de educação e todo os servidores e serviços públicos. Não defende mais armas e nem armamento de Guarda Municipal.

6. Sobre a democracia interna defendemos duas práticas estruturantes para a direção partidária. Primeiro o direito ao contraditório, a valorização da pluralidade de posições expressas pelas tendencias e pelos núcleos de base, respeito às minorias. A segunda prática democrática é o envolvimento das bases nas decisões, com periodicidade e publicidade das reuniões das instancias, mas também outras formas de consultas como plenárias, encontros, plebiscitos.

7. Um PT de massa, militante e ideológico se opõe a um partido inchado de filiados e relações baseadas em trocas de favores materiais e de serviços. Queremos um PT com milhões de filiados que participem da vida partidária, das lutas sociais, que sejam agentes da disputa cultural por hegemonia na sociedade. Não fortalece o PT, não ajuda na luta contra o neofascismo, não ajuda na reeleição de Lula em 2026 filiar bolsonaristas para voto no PED. No estado do Rio de Janeiro foram filiadas mais de 80 mil pessoas nos últimos meses, totalizando 340 mil supostos petistas em solo fluminense. Nos atos não temos 10% disso.

8. O caminho é aumentar muito a organização e mobilização popular, aumentar o investimento na formação política e na comunicação, e mudar a linha política. Urge o PT retomar o equilíbrio entre a luta institucional, social e ideológica. Após eleição de Lula a Frente Brasil Popular foi esvaziada e os Comitês Populares de Luta abandonados. Devemos retomar as articulações entre as forças progressistas, ter plataforma de ação conjunta. Pensar iniciativas para as pautas: (a) combate a escala 6 x 1; (b) isenção do IRPF até 5mil casada com taxação dos ricos – organizar o plebiscito; (c) creches em quantidade e horário adequados nas cidades; (d) climatização das escolas e energia renovável; (e) catástrofe ambiental em curso; (f) alimento barato e saudável, que pressupõe fortalecer a agricultura familiar; entre outras. É preciso ter linha política e apoio mínimo financeiro para os CPL´s e Núcleos de Base.

9. Entre estas e muitas outras razões é tão importante participar do PED. A tendência Articulação de Esquerda tem contribuído com a construção de um campo político no PT-RJ com base nos eixos acima e convida toda a militância a se somar nesse esforço de não deixar aqui no nosso estado o partido não só retroceder, e ainda avançar como instrumento das classes trabalhadoras por direitos e igualdade, como instrumento de esquerda e combativo.

(*) Olavo Brandao Carneiro é secretário de Formação Política PT-RJ ( Insta: @carneiroolavo  Face: Olavo Carneiro)

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