Por Paulo Vinícius Jordão (*)
Diante os resultados das urnas obtidos recentemente, eu olho e vejo informações, que são fundamentais pra reorganizar o coletivo, pois somente conseguimos avançar, historicamente, quando estamos conscientes do processo.
E, segundo Rosa Luxemburgo, “Quem não se movimenta, não sente as correntes que o prendem!”.
Temos a grande oportunidade de mudar rumos e reconstruir o projeto de sociedade que desejamos. E, para isso, penso que o primeiro passo é repensar o conceito de esquerda.
Observo que é muito comum a afirmação de uma esquerda, mas que a reprodução das relações sociais nesses sujeitos são valores da direita, e sem a compreensão dos projetos societários, é impossível fazer a análise crítica, não só social, mas autocrítica, que é o que nos permite auto conhecimento e mudança social. Quando o “eu” muda, toda a sociedade muda também.
A esquerda, para mim, é aquele movimento que luta em defesa de um projeto de sociedade onde seu principal objetivo é a socialização dos meios de produção.
Mas como podemos fazer isso se, entre nossos pares, ainda vemos a reprodução do racismo, da xenofobia, da homofobia, lesbofobia, transfobia, feminicídio entre outras fobias e crimes de gênero e sexualidade; da falta de consciência de classe, onde mesmo entre nós vejo ainda alguns se achando melhores e mais importantes por ter melhores condições financeiras. Onde está a análise crítica entre nossos pares?
Recentemente, em uma roda de conversa, onde estava presente, ouvi duas pessoas pedindo pra outra pessoa se retirar e dar o lugar em que estava, pra aparecer na foto com o Ludio, pois estavam melhor vestidas. É isso que estamos construindo? Aliás, construindo não, pois esses valores já foram construídos há mais de 500 anos pela burguesia, então só foi reproduzido e reforçado por pessoas que se julgam de “esquerda”.
Portanto, o momento é de reflexão e formação política. Voltar pras bases, como era antes do PT assumir o governo, antes de perder o seu principal foco, que era o povo, trabalhadores. Povo que é diverso, e quem tem suas particularidades, suas subjetividades, mas que é unido pois respeitam uns aos outros. Enquanto continuarmos reproduzindo a máxima da direita, que são os donos dos meios de produção, de dividir pra conquistar. Continuaremos a receber as migalhas do patrão, como cães domesticados abaixo da mesa.
Se somos classe trabalhadora, tudo a nós pertence. Não aceitaremos nada a menos.
(*) Paulo Vinícius Jordão é estudante de graduação em Serviço Social na UFMT.