Saiu o Jornal Página 13 de outubro

Já está disponível para download a edição de outubro do Jornal Página 13, de número 242. A pauta não poderia ser outra senão o balanço das eleições no primeiro turno, seja uma avaliação da disputa nacional, das estaduais ou das proporcionais.

Para baixar a edição na íntegra,  clique aqui.

O editorial deste mês intitula-se “Por mais ideologia na política!” e pode ser conferido a seguir.

BOA LEITURA!

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Por mais ideologia na política!

No dia 2 de outubro de 2022 ocorreu o primeiro turno das eleições 2022, envolvendo presidência da República, 27 governos estaduais, 1/3 do Senado Federal, a Câmara dos Deputados e 27 Assembleias Legislativas.
O resultado do primeiro turno presidencial mostrou que a maioria ativa do eleitorado não aprova o cavernícola. Mostrou, também, que há mais de 56 milhões de brasileiras e de brasileiros que consideram que a saída para a crise nacional é pela esquerda. Entretanto, o primeiro turno também mostrou a força da extrema-direita: praticamente 51 milhões de brasileiros e brasileiras votaram numa candidatura neofascista, genocida, fundamentalista, racista, misógina. A verdade é que há setores da população que têm identidade profunda com os valores da extrema-direita, mesmo que possam não gostar da pessoa do atual presidente e mesmo que possam criticar seu governo.

Também por isto, a realização de um segundo turno não deveria surpreender ninguém. Depois do fim da ditadura militar, em 1985, até hoje, 2022, ocorreram 9 eleições presidenciais. Destas 9, 7 foram resolvidas no segundo turno. As candidaturas petistas nunca ganharam no primeiro turno, nem mesmo quando Lula tinha 80% de aprovação. Portanto, embora fosse possível uma vitória de Lula no primeiro turno, o mais provável era ocorrer um segundo turno. Infelizmente, amplos setores do eleitorado lulista acreditaram que a vitória no primeiro turno era líquida e certa e, agora, tem muita gente desnorteada. Mas a culpa é das ilusões, não da realidade. Detalhe importante: era possível vencer no primeiro turno. Mas para vencer no primeiro turno, precisávamos ter feito uma inflexão na linha de campanha: mais mobilização, mais radicalidade nas propostas.

Tendo em vista o que ocorreu no primeiro turno, é preciso enfatizar o seguinte: embora a vitória de Lula ainda seja o mais provável, a vitória de Bolsonaro é uma possibilidade. A maioria dos governadores eleitos, a maioria dos senadores eleitos, a maioria dos deputados eleitos, a maioria das forças armadas e dos serviços de segurança pública e privada, boa parte do empresariado, parte importante das igrejas pentecostais, parte dos meios de comunicação apoiam Bolsonaro. A máquina do governo federal está operando pesadamente. E, além disso tudo, Bolsonaro desenvolve uma guerra ideológica permanente. Sendo este o quadro, repito, devemos partir do pressuposto de que Bolsonaro pode vencer. Basta de acreditar, como disse no início do ano uma importante liderança petista, que o resultado estava dado e que se tratava de “administrar a vitória”.

O que devemos fazer? Em primeiro lugar, consolidar o voto de quem já votou em Lula no primeiro turno, disputar os votos que setores populares deram a Bolsonaro e priorizar a disputa dos votos de mais de 30 milhões de eleitores que não compareceram às urnas. Bolsonaro precisa de 6 milhões de votos para ganhar e vai buscar estes votos no povo. Nós temos que fazer o mesmo. A nossa prioridade não pode ser a disputa do eleitorado dos setores médios, nem a disputa de apoios institucionais. Nossa prioridade é buscar o voto popular.

Queremos o apoio de todo mundo que quiser derrotar Bolsonaro. Mas a real amplitude da frente não é o número de personalidades, nem o número de legendas partidárias. A amplitude da frente se mede pelo apoio popular, pelo número de trabalhadores e trabalhadoras, de pobres e moradores periféricos, de negros e de negras, de jovens, de mulheres que a campanha Lula tiver em seu apoio. E estas pessoas só virão em nosso apoio se formos radicais: numa guerra ideológica, vencerá quem convencer a maioria da justeza de seus valores, de sua visão de mundo.

A campanha pode e deve ser ambiciosa nas propostas. Ambiciosa e concreta, sem fazer promessas genéricas. Mas o que vai vencer as eleições não é o rol de propostas, nem é o legado dos governos. Bolsonaro fez um governo de merda, contribuiu para a morte de pelo menos 700 mil pessoas, e mesmo assim 51 milhões votaram nele no primeiro turno. E votaram não por conta das propostas, nem por conta do legado, mas porque concordam com a visão de mundo do cavernícola. Portanto, embora devamos apresentar propostas e devamos falar do legado, o que vai vencer as eleições é conquistar corações, mentes e votos num projeto de futuro. Um Brasil democrático, popular, soberano, livre, desenvolvido, que caminhe para uma sociedade onde haja futuro para todas as pessoas. Isso que muita gente resume na palavra: um futuro socialista.

A direção nacional da AE

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