Já está disponível a primeira edição do Jornal Página 13 de 2024, de número 261. Para descarregar o arquivo do jornal, basta clicar neste link e depois em “Download”.
Abaixo, o leitor poderá conferir o editorial deste número.
BOA LEITURA!
Editorial
Na veia, indústria. No cavernícola, cana!
Esta edição do jornal Página 13 deveria ter sido impressa e totalmente dedicada à situação da Bahia. Mas não foi possível cumprir os prazos e objetivos e decidimos fazer uma edição normal e virtual, ainda que com um “dossiê” Bahia.
Por conta do atraso já referido, deixamos para fechar o jornal no Carnaval. E eis que pudemos incluir, aqui no editorial, a fantástica notícia: os golpistas fardados começam a ser alvo das operações policiais e judiciais. A respeito, comentamos a seguir quatro reações.
A primeira, do jornal O Estado de São Paulo, pedindo prudência. De acordo! Afinal, parafraseando um ditado latino, “os prudentes tomam cuidado, os estúpidos não tomam cuidado”. Exatamente por não sermos estúpidos, mas sim prudentes, é preciso julgar, condenar e prender os golpistas.
A segunda reação, atribuída a um dirigente petista, que depois disse não ter dito o que a imprensa disse que ele disse, segundo a qual não se pode espetacularizar. Também de acordo! Devemos respeitar o devido processo legal, incluindo aí tudo aquilo a que Lula e o PT não tiveram direito. E devemos ser contra o método do “espetáculo”. Mas, no caso do cavernícola, não há espetáculo nem atropelo, muito antes pelo contrário. Imaginem se fosse o contrário: se a esquerda tivesse perdido a eleição e fosse às ruas dia 8 de janeiro de 2023. Perguntamos: demoraria 1 ano e 1 mês para pedirem o passaporte do nosso presidente?
A terceira reação foi de um ex-governador petista, chamando atenção para o fato de que muitos comandantes militares, mesmo sabendo do golpe, não embarcaram nele. Perfeito chamar a atenção, pois foi cometido um crime: a obrigação desses generais era ter dado voz de prisão aos golpistas e, não, esperar quietos na suposição de que daria errado. Prevaricação golpista também é golpismo, ainda que dormente.
A quarta reação foi de Hamilton Mourão. Nos referimos ao discurso feito pelo general-senador no dia 8 de fevereiro de 2024. Nele, Mourão conclama os comandantes militares a não “se omitir perante a condução arbitrária de processos ilegais que atingem seus integrantes ao largo da justiça militar”. O que significa “não se omitir” fica claro no contexto de um discurso em que se fez várias referências a Hitler, a China Comunista, a União Soviética e, inclusive, se invoca o espírito do tenentismo contra “a revanche histórica das oligarquias”.
Neste caso, cabe tomar imediatamente as mais duras medidas jurídicas e políticas contra o senador. Afinal, o roteiro é conhecido. Em 2022, a cúpula das forças armadas se dividiu entre os que apoiavam o golpe e os que achavam que não havia condições de dar um golpe naquele momento. Em 2023, a cúpula das forças armadas acobertou, com o apoio ativo do ministro da Defesa José Múcio, a articulação da intentona golpista de 8 de janeiro. E agora, em 2024, quando a Polícia Federal bate na porta de uma parte dos golpistas fardados, Mourão pede uma reação dos “comandantes militares”.
Como tudo está correndo muito rápido, quando este editorial estiver sendo lido, podem ter ocorrido novidades importantes. Mas é imprescindível não perder de vista que a extrema-direita, mesmo acossada, segue tendo grande base popular. E para superar isso, é fundamental superar o neoliberalismo. O que exige, entre outras coisas, uma forte política de industrialização.
Neste sentido, o início de 2024 também foi marcado por boas notícias. Evidente que a política lançada pelo governo federal no dia 22 de janeiro tem vários problemas. Mas o fundamental é que sua existência muda o patamar do debate. Da pauta austericida (ou teto de gastos, ou juros altos) saimos para uma pauta de desenvolvimento. Nas próximas edições do Página 13, voltaremos a isso.
Encerramos este editorial lembrando que, no dia 10 de fevereiro de 2024, o Partido dos Trabalhadores fez 44 anos de vida. Para marcar a data, que coincide com o início oficial do Carnaval 2024, o PT está divulgando muitos textos e depoimentos, obviamente elogiosos. Certamente nosso Partido merece muitos elogios. Mas é preciso estar atento para nossos defeitos. E para falar deles, talvez não haja ninguém mais autorizado do que Lula.
No dia 2 de fevereiro, num discurso feito na cidade de São Paulo, o presidente Lula disse o seguinte: “eu quero salvar esse partido porque é a coisa mais importante que tem nesse país”. A frase é forte: “salvar esse partido”. Até porque Lula dá a entender que trata-se de salvar o Partido, essencialmente, dos erros que nós mesmos temos cometido. Que erros são esses? Quem os comete? O que fazer para corrigir?
São boas questões para quem não quiser resumir nosso aniversário a um show de auto-congratulações.
Boa leitura!
A equipe editorial
Uma resposta
Gostei da matéria, gostei do tom.A direçao do parodode e primar sempre pela formação política e ideológica de suas bases e é o que os textos fazem mestas matérias.