Trabalhadores sem-teto, territorialidade e Palestina

Por Gabriel Araújo (*)

A luta do povo palestino contra o Estado fascista de Israel, dos EUA e da União Europeia, não está distante da luta dos trabalhadores sem-teto. Pelo contrário, ela é a mesma luta que a nossa. Trata-se de uma luta pela territorialidade, ou seja, de uma luta de classes e de uma luta de uma nação oprimida.

A luta pelo território é por excelência, de maneira primária, uma luta política, ou seja, uma luta de classes. Principalmente quando se trata da questão da luta pela autodeterminação dos povos, de uma luta pela sua libertação nacional e territorial. Ambos, Brasil e Palestina, apesar disso ocorrer em graus distintos, estão lutando contra um mesmo inimigo e pela mesma causa, ou seja, pelo seu direito de existir enquanto nação soberana. A luta pelo direito à cidade, pelo direito à moradia e pela territorialidade, não pode se dar deslocada dessa questão.

Os palestinos tiveram seu território expropriado pelo imperialismo nas últimas sete décadas. Foram diversos despejos, assassinatos em massa, bombardeios, deslocamento de milhares de pessoas para campos de concentração, desterro, etc. São milhares de pessoas que tiveram que se espalhar por outros lugares do mundo para fugir do terror e do genocídio do Estado de Israel.

O quão distinta é essa realidade dos palestinos da realidade que o povo trabalhador brasileiro vivencia nas periferias? São distinções mínimas, quase que inexistentes. Os palestinos tem sido tratados pela mídia capitalista como terroristas, como se a ação de um povo oprimido contra seus opressores, tivesse a mesma equivalência. Isso não passa de uma mentira covarde, principalmente quando olhamos a proporcionalidade de forças entre os lados, pois estamos falando de um povo esmagado lutando contra um dos exércitos mais bem equipados do mundo, que é o Estado de Israel financiado pelos EUA e União Europeia. Esse é o mesmo tratamento que a mídia capitalista dá aos trabalhadores quando fazem uma ocupação de um imóvel para ter onde morar, uma manifestação de rua em defesa de seus direitos, uma greve por melhores salários, etc., ignorando que as pessoas são completamente esmagadas e massacradas até não possuírem outra saída à não ser a luta.

Os massacres efetuados pela polícia militar equivalem ao que é feito com os palestinos pelo exército de Israel. Os mesmos governantes que promovem centenas de milhares de despejos de ocupações aqui no Brasil, são os que estão alinhados politicamente com o Estado fascista de Israel, Estado este que despeja os palestinos de suas casas e seus territórios. O mesmo imperialismo norte-americano e europeu que dominam a estrutura política e econômica aqui no Brasil, é também o que controla territorial, política e economicamente o território invadido da Palestina e que criou um Estado artificial denominando-o de Estado de Israel.

Os trabalhadores e trabalhadoras sem-teto no Brasil devem de maneira intransigente e incansável se somar na luta em solidariedade ao povo da Palestina, contra o genocídio que vem sendo efetuado pelo Estado de Israel. Muito do nosso próprio futuro político, passa pela definição da situação no Oriente Médio e em especial na Palestina, pois em caso de vitória do povo palestino, serão nossos principais inimigos que sairão enfraquecidos.

(*) Gabriel Araújo é militante petista do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM)

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