Tribuna de debates – Balanço da “secretaria geral”

Por Valter Pomar (*)

O X congresso da AE, além de tratar do debate político e organizativo, vai eleger uma nova direção nacional da tendência.

Entendo que os atuais dirigentes devem apresentar um balanço de suas tarefas, para depois podermos fazer um balanço coletivo da direção que está encerrando seu mandato.

Segundo o OM https://pagina13.org.br/orientacao-militante-n395-10-de-dezembro-de-2023/ as tarefas que me cabiam na Dnae eram as seguintes: Geral, Comunicação, Fundação e também acompanhamento de alguns estados.

A tarefa de secretário-geral tem duas dimensões: uma política e outra organizativa.

A primeira dimensão pode ser resumida assim: coordenar politicamente a direção nacional, propondo que adote iniciativas práticas e/ou resoluções acerca da luta política em geral, acerca de questões relativas ao Partido e a tendência.

A segunda dimensão pode ser resumida assim: coordenar organizativamente a direção nacional, seja convocando/coordenando reuniões, seja monitorando o cumprimento do plano de trabalho, seja contribuído com as tarefas de cada dirigente.

Em relação a primeira dimensão (“política”), minha opinião é que a tarefa foi “burocraticamente executada”, ou seja, “cumprimos a tabela”. Mas seja por incapacidade pessoal, seja por falta de um adequado ambiente de debate, seja por sobrecarga de trabalho, avalio que reduzimos nossa capacidade de elaboração sobre o médio prazo e, também, nossa polêmica com outros setores da esquerda brasileira.

Em relação à segunda dimensão, minha opinião é que também “cumprimos tabela”. Mas, ou o plano de trabalho aprovado estava além de nossa capacidade coletiva, ou precisaríamos ter feito muito mais (cito, por exemplo, o quórum nas reuniões da Dnae, o acompanhamento dos estados e o funcionamento de algumas de nossas secretarias e coletivos).

Evidente que a secretaria geral sozinha é incapaz de solucionar tais debilidades; mas sou de opinião que em alguns casos poderia ter contribuído nesse sentido. Mas para isso talvez fosse necessário desmembrar tarefas, encarregando um dirigente pela tarefa “política” e outro pela “organizativa”. Em certa medida havia a expectativa de que o “secretário de organização” desse conta disso. Mas não foi isso o que aconteceu.

Finalmente: seja pelo posto, seja pela antiguidade, seja pela acessibilidade, seja por outros motivos, na prática a “geral” tem funcionado como porta de entrada de todo tipo de demanda e como desaguadouro de todo tipo de reclamação. Em parte isso poderia ser solucionado se tivermos uma “SORG” que funcione melhor e se cada integrante da Dnae assumir sua porção de responsabilidade.

Em relação a propostas: muito depende de quem efetivamente vai assumir a executiva nacional no próximo período. Tendo em vista que em 2026 haverá uma sobrecarga geral, não considero realista propor corrigir já os problemas apontados. Mas acho possível desde já fazer a “SORG” funcionar, encarregando-a de monitorar a execução do plano de trabalho. E acho possível que, no XI congresso, atribuamos parte ou todas as tarefas da secretaria-geral à quem nos representa na CEN.

(*) Valter Pomar é professor, diretor da FPA e membro da dnae

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