Por Adão Pretto Filho (*)
A luta pela democracia e participação do nosso povo é um desafio permanente de todos os lutadores e lutadoras sociais. Estou comprometido com a luta por justiça e por igualdade num país tão desigual como é o nosso. Não haverá justiça sem igualdade e sem inclusão social, pois precisamos combater a fome, a pobreza e a violência. Esse deve ser o compromisso com a humanidade e o mais elevado sentimento de fraternidade que um militante social pode ter. O amor pela justiça e pelo seu povo.
Dentro desse contexto, destaco o mês de abril como um dos momentos mais importante para todos os lutadores e lutadoras sociais, especialmente aqueles e aquelas que são vinculadas a causa camponesa. O MST realizou uma jornada nacional de lutas em defesa da Reforma Agrária com o lema “Reforma Agrária Popular: Por Terra, Teto e Pão”.
Lembro a vocês que esse episódio completa 26 anos do massacre de Eldorado do Carajás, onde 21 trabalhadores e trabalhadoras Sem Terra foram brutalmente assassinados. Foi no dia 17 de abril de 1996, no Pará, quando as tropas da Polícia Militar daquele estado descarregaram revólveres, metralhadoras e fuzis contra 1.500 famílias de trabalhadores rurais Sem Terra que marchavam para Belém (Capital do Pará) com o objetivo de reivindicar a desapropriação de terras para Reforma Agrária. O resultado da operação é o Massacre de Eldorados do Carajás.
Eu, naquela ocasião, era ainda um menino e acompanhei esse lamentável e condenável episódio pelos relatos de meu pai, Adão Pretto, que esteve no local dos fatos prestando toda a solidariedade a essas famílias, ao MST e cobrando providências das autoridades locais. Aqueles relatos me chamavam atenção pela selvageria adotada pela Polícia Militar daquele estado.
A luta pela reforma agrária continua sendo necessária, pois como todos sabemos a propriedade rural da agricultura familiar é grande produtora de alimentos para o Brasil e para o mundo (70% dos alimentos que estão em nossa mesa).
Estamos vivendo uma retomada na concentração da terra, inclusive, com a permissão do governo federal para que empresas e pessoas de outros países comprem a terra na nossa nação, sem limite. A luta pela água, pela energia e pelo alimento são cada vez mais expressivas no nosso planeta com recursos naturais limitados.
A geopolítica tem sob o interesse dos povos a necessária preocupação e condução das políticas, inclusive, com preservação ambiental e produção sustentável. A agricultura familiar é sustentável e preserva o meio ambiente com responsabilidade.
Nesse sentido a melhor homenagem que podemos fazer aos que tombaram na legítima luta pela terra nesses mais de 500 anos de concentração e espoliação é continuar a passos firmes nessa caminhada da justiça social.
Esse mês de abril encerrou com o primeiro de maio, dia dos trabalhadores e trabalhadoras. Com isso, vamos acelerar nossa caminhada de resgate e memória daqueles e daquelas que tombaram em prol de uma causa que não era apenas pessoal, porém, na busca de um país mais justo.
A conjuntura política de nosso país exige esse compromisso com dias melhores para nosso povo na batida do nosso líder nacional, companheiro Luiz Inácio Lula da Silva, que pede para que possamos levar a luta nas nossas palavras, na articulação política, nos movimentos sociais, no movimento sindical, nos movimentos campesinos, na luta de bairro, nas organizações populares, com a luta das mulheres, da juventude, dos LGBTQIA+, enfim, as minorias que são vítimas do preconceito da elite do atraso. Essa luta também é nossa.
Estamos sintonizados na construção de um Brasil verdadeiramente para os brasileiros e não para milicianos ou aqueles que não têm nenhuma empatia com nosso povo mais sofrido. O Abril Vermelho também está nessa toada, afinada com um projeto de inclusão social e participação popular nas políticas públicas, principalmente para aqueles que verdadeiramente precisam do Estado. Que a República seja efetivamente balizada pela Carta Magna e efetivada nas suas derivações, com os direitos assegurados e efetivados.
Aqui no Rio Grande do Sul, o Edegar Pretto, meu irmão, companheiro forjado na luta do campo e da cidade se coloca a disposição do PT e de todas as forças democráticas, para coordenar uma grande frente política, de mobilização social, de compromisso com o combate a fome e fortalecimento das instituições democráticas, na condição de pré-candidato a governador do estado.
É nessa direção que precisamos resistir e mobilizar nossas forças democráticas e o Abril Vermelho foi instituído para que possamos continuar lutando com a consciência de que não podemos parar, lembrando daqueles e daquelas que tombaram na resistência e homenageando-os com a nossa luta e compromisso por dias melhores. A luta não vai parar e convido a todos aqueles e aquelas que sonham com um Brasil e um Rio Grande melhor a se engajarem junto conosco e que esse período de lutas nos motive a visualizar as saídas com um projeto nacional verdadeiramente democrático e participativo.
Viva o povo brasileiro, viva o povo gaúcho, viva os Sem Terras que hoje são grandes produtores de alimentos e fortalecem a agricultura familiar, bem como a agricultura orgânica, buscando alternativas para viabilizar suas propriedades e trazendo mais saúde para mesa dos brasileiros. A luta não vai parar.
(*) Ex-vereador de Viamão, foi candidato a vice-prefeito da cidade na última eleição.