Por Valter Pomar (*)
O deputado federal Reginaldo Lopes foi ao X lacrar sobre a Venezuela.
A opinião do deputado é parecida com a opinião dos bolsonaristas e da tucanagem. Talvez a única diferença seja a sutileza no tratamento dado a Maduro: ao invés de chamar logo de “ditador”, Reginaldo prefere dizer que Maduro teria “a postura de um ditador”.
Publicada em outro momento, esta definição seria apenas falsa e mentirosa. Dita hoje, dia 29 de julho, é um regalo para a extrema-direita venezuelana e mundial.
O dia 29 mal começara e já circulava o pedido do presidente argentino, dirigido às forças armadas da Venezuela, para que depusessem Maduro.
O dia 29 está terminando, com brasileiros e brasileiras (pessoas que Reginaldo conhece, aliás) com dificuldades para sair da Venezuela, porque gangues da extrema direita estão fazendo bloqueios violentos em algumas ruas e estradas.
Sendo este o contexto, a crítica de Reginaldo serve – mesmo que não seja esta sua intenção – para legitimar este tipo de violência. Afinal, as gangues estariam supostamente reagindo a um ditador.
Claro que não é toda a oposição que age assim. Mas uma parte da “oposição organizada” na Venezuela é de extrema-direita, usa da violência e defende a intervenção estrangeira no país.
Um governo “verdadeiramente democrático” aplica a lei contra este tipo de oposição. É isso que vem ocorrendo na Venezuela.
Aqui no Brasil, Bolsonaro acusa a esquerda de ser “ditatorial” exatamente porque defendemos aplicar a lei para investigar e punir seus crimes. Na Venezuela acontece situação muito parecida.
Criticar Maduro, assim como criticar Lula, é um direito democrático de toda e qualquer pessoa. E Reginaldo Lopes tem todo o direito de fazer as críticas que achar adequadas. Mas pode e deve ser contraditado e até desmentido por quem acredita no contrário.
Última observação: gostemos ou não de Maduro, ele ganhou as eleições presidenciais de 2024. Isso aconteceu porque uma parte importante do povo venezuelano não se dobrou à chantagem, às pressões, às violências. Reconhecer a vitória de Maduro é respeitar este povo de luta.
Que um petista não seja capaz de entender isto, mesmo depois de tudo que passamos, é assunto para outro momento.
(*) Valter Pomar é professor e membro do diretório nacional do PT