1. O Processo de Eleições Diretas (PED) de 2025 em São José dos Campos, assim como em vários municípios, estados, e também nacionalmente, mostrou que a disputa que está posta no Partido dos Trabalhadores, independentemente da quantidade de chapas e candidaturas inscritas, se resume, basicamente, em duas políticas:
a. Aquela segundo a qual o atual objetivo estratégico do partido está correto e, portanto, não há o que mudar.
b. E aquela que propõe a mudança na estratégia partidária para o PT voltar a ser um partido de militantes, não somente de filiados, e que atua e faz política o tempo todo, não somente em anos eleitorais.
2. E assim como em vários municípios, estados, e também nacionalmente, em São José dos Campos a vitória após a votação do dia 06 de julho foi a da política de continuidade, com o chamado “campo majoritário” e os grupos a ele alinhados recebendo a maioria absoluta dos votos.
3. No entanto, algumas novidades marcaram a participação da Articulação de Esquerda neste PED, a começar pelo número de componentes na chapa, que foi de 42 pessoas, a partir de uma composição entre a AE e militantes independentes, o que, de partida, demonstrou que desta vez nos encontrávamos melhor preparados do ponto de vista organizativo para formar uma chapa com um mais expressivo número de membros.
4. Este crescimento não foi somente quantitativo, mas também qualitativo, na medida em que fomos capazes de reunir mais pessoas que têm alguma atuação organizada, seja em sindicatos, núcleos, movimentos, etc., muito embora ainda tenhamos ficado longe do cenário ideal, que deve ser também o nosso objetivo de médio prazo, que é ter 100% militantes organizados compondo nossa chapa.
5. Além da nossa candidatura (Thaís – 520) e chapa (A Esperança é Vermelha – 620), se inscreveram também para o PED uma candidatura (André Diniz – 580) e uma chapa (Unidade para Avançar – 680) do grupo majoritário, além de uma candidatura (Izélia – 590) e uma chapa (PT Democrático, Popular e Solidário – 690) de um grupo de militantes independentes bastante heterogêneo, também insatisfeitos com a forma que o Partido vem sendo conduzido, mas com o qual avaliamos, a partir de uma conversa feita durante o processo de construção das chapas, que melhor seria se saíssemos em chapas separadas.
6. Esta última chapa terminou não sendo homologada para concorrer nas eleições por não cumprir com o critério de número mínimo de membros, resultando em uma disputa final ocorrida entre três candidaturas (520, 580 e 590) e duas chapas (620 e 680).
7. O processo eleitoral contou com um único debate entre candidaturas e chapas, seguindo a orientação definida no regulamento do PED, muito aquém do que seria necessário para que as diferentes políticas em disputa pudessem ser amplamente conhecidas. Além disso, a participação neste debate também foi bastante limitada àqueles que já tinham sua posição definida para o pleito. De todo modo, o fato deste debate ter acontecido coloca São José acima da média de vários municípios de São Paulo e do Brasil, onde nem sequer ocorreram debates.
8. A votação ocorreu em onze locais, sendo cinco na zona leste, três na zona sul, um na zona sudeste, um na zona norte e um no centro. À exceção das urnas centro (Câmara Municipal) e Leste V (Sindipetro), as demais urnas ficaram em casas de filiados. A grande quantidade de locais de votação exigiu um esforço de nossa parte para garantir fiscalização em todas as urnas e isso também demonstrou o quão melhor organizados estávamos desta vez.
9. Apesar das condições de infraestrutura inadequadas em alguns locais de votação, dos atrasos na chegada de mesários e do não entendimento dos procedimentos relativos ao chamado “voto em separado”, de um modo geral o dia de votação ocorreu de forma relativamente tranquila, assim como o processo de apuração que, contudo, contou com pouca participação dos filiados.
10. Compareceram para votar 620 filiados, de um total de 6.881 aptos a votar, totalizando 9% de comparecimento, deixando nítida a baixa capacidade do Partido em mobilizar os filiados, mesmo estritamente para processos eleitorais. Em grande medida, isso se deve ao enorme distanciamento entre instâncias e base, bem como em função do alijamento da maioria dos filiados dos espaços de debate e decisão do partido, o que, aliás, não é uma particularidade de São José.
11. As votações obtidas pelas chapas e candidaturas “A Esperança é Vermelha” nos níveis nacional e estadual foram as seguintes:
12. Já a votação a nível municipal ficou assim distribuída:
13. Ao observar o número de votos e o percentual de votos válidos obtidos pelas candidaturas e chapas “A Esperança é Vermelha” nacional e estadual, fica nítido o nosso crescimento tanto em números absolutos, quanto relativos.
14. A votação na nossa candidatura municipal mostra, contudo, que ficamos abaixo do que considerávamos que nossas próprias forças eram capazes de mobilizar. Chegamos a 115 votos, mas poderíamos ter chegado a uma quantidade maior se tivéssemos conseguido alcançar mais pessoas no processo de campanha, bem como se tivéssemos garantido menos quebra na votação.
15. Já a votação na chapa municipal evidencia que cerca de 45% dos votos da candidatura 590 foram transferidos para a nossa chapa municipal, reflexo, ao mesmo tempo, do fato da chapa 690 não ter sido homologada para disputar as eleições, e também do fato de termos sido capazes de estabelecer uma relação política com parte deste grupo, demonstrando que a nossa política é aquela que propõe uma mudança radical nos rumos do Partido.
16. Ao mesmo tempo, os outros 55% dos votos da candidatura 590 que não se converteram em votos para a nossa chapa mostram que ainda precisamos nos organizar muito mais e muito melhor para termos condições de estabelecer relação política com outros grupos que se mantém organizados no dia a dia, muito embora sem nenhum apoio e/ou orientação do Partido.
17. De modo geral, é possível afirmar que nosso desempenho no PED de 2025, muito superior aos demais processos eleitorais anteriores, foi reflexo do trabalho de organização e atuação na base que fizemos nos últimos anos, bem como das relações políticas que estamos estabelecendo com grupos e pessoas muito além da Articulação de Esquerda.
18. Além disso, fica demonstrado o acerto da nossa política de ter chapa e candidatura próprias, desde que combinemos o nosso esforço de elaboração teórica com um trabalho de base consistente e de longo prazo, o que nos coloca em posição de nos apresentarmos como alternativa, na prática, para a construção de um Partido que volte a lutar pela transformação radical da sociedade brasileira.
19. O resultado obtido por “A Esperança é Vermelha” em São José nos coloca a responsabilidade de não somente manter o que já vínhamos fazendo, como também de ampliar e organizar mais e melhor a nossa atuação cotidiana, das mais diversas formas.
20. Por essa razão é que convocamos uma reunião de planejamento para o dia 30 de agosto de 2025, onde devemos buscar reunir o conjunto da militância da AE, bem como aqueles militantes petistas próximos e dispostos a participar e contribuir com a construção de uma força que, no futuro mais próximo possível, seja capaz de derrotar a política equivocada que hoje conduz o nosso Partido.
21. Precisamos reestabelecer uma dinâmica de formação política sistemática, de base e de quadros, no sentido de voltarmos a estudar a história das lutas pelo Socialismo, a história do PT e do movimento sindical, como domina a classe dominante, entre outros, sempre no sentido de conectar a nossa atuação no curto prazo, com nosso grande objetivo de longo prazo, que é a superação do capitalismo no Brasil e no mundo.
22. É necessário seguir estimulando a militância petista a formar núcleos de base sobre os mais diversos temas, para garantir organicidade e consistência na atuação política cotidiana e o debate político sobre os rumos do Partido, do Governo e do Brasil.
23. A Direção Municipal e os membros orgânicos da AE precisam estar comprometidos a criar e manter os vínculos, com base na nossa política, junto à militância petista, do movimento sindical e do movimento social em geral, muito além da própria tendência, certos de que somente assim conseguiremos ampliar a nossa área de influência.
24. O conjunto da militância orgânica da AE deve contribuir com as atividades de coleta de votos para o Plebiscito Popular até o dia 07 de setembro, com as atividades de luta contra a privatização do Parque da Cidade, na organização e atuação dos Núcleos de Educação e dos Petroleiros, com as atividades e movimentos de cultura como a capoeira na Vila Rhodia, incidindo e participando ativamente dos sindicatos das categorias em que estamos inseridos, iniciando nossa participação e acúmulo nos debates sobre saúde pública e em defesa do SUS, através da participação nas reuniões do Conselho Gestor de Unidade (CGUs) por toda a cidade, e tudo o mais em que pudermos estar inseridos e levando a nossa política, que por certo, é a política correta e necessária para que possamos mudar a atual realidade do nosso partido.
25. É fundamental que o conjunto da militância orgânica da AE esteja envolvido e engajado em algum tipo de trabalho de base que dê consequência, na prática, à política mais geral por nós defendida, sempre procurando enviar informes por escrito no grupo de WhatsApp dos militantes orgânicos, evitando utilizar este espaço de comunicação das nossas ações como “agência de notícias” e circulação de mensagens aleatórias que, ao fim e ao cabo, muito longe de nos organizar, contribuem para a nossa dispersão e desagregação.
26. Além disso, a votação da nossa chapa nos eleva das atuais cinco vagas no Diretório Municipal para onze vagas nesta instância, tornando imperativo que o nosso padrão de atuação seja colocado em outro patamar de organização e participação. Será necessário estabelecer um grupo coeso, comprometido com as nossas orientações e com a presença nas reuniões do Diretório e da Executiva.
27. Para conquistar a vitória no próximo PED, precisaremos criar as condições para formar uma chapa onde 100% dos membros sejam militantes e que tenham atuação e presença orgânica junto à base social, razão pela qual o nosso trabalho nos próximos anos será intenso e permanente, tarefa histórica da qual não podem se furtar aqueles e aquelas que lutam pela construção do Socialismo.
Viva o Partido dos Trabalhadores!