Quaquá quer atropelar a militância do PT/DF, mas PT deve ter candidatura a governador em 2026!

Por Zé Ricardo é Presidente, Fábio Rosa e Daniela Matos (*)

A mais recente declaração de Washington Quaquá, vice-presidente nacional do PT e prefeito de Maricá/RJ, em apoio a Ricardo Cappelli (PSB) para governador do Distrito Federal em 2026, não surpreende. Quaquá há tempos prefere aparecer pelas polêmicas que cria do que pela contribuição real a um projeto coletivo. Não bastassem as duas comissões de ética que correm contra ele (até hoje sem que o Secretário Geral do PT tenha dado andamento) sua trajetória recente acumula episódios constrangedores: já saiu em defesa pública dos irmãos Brazão, já posou sorridente ao lado do general Pazuelo — figuras que simbolizam o que há de mais atrasado na política nacional, pra não falar dos crimes que os primeiros respondem na Justiça e que o segundo deveria responder pela necropolítica adotada na pandemia de COVID.

Se agora decide meter-se na eleição do DF, o problema não é a opinião pessoal ou de dirigente nacional de Quaquá, mas a tentativa de impor uma linha que não cabe a ele. A tática no Distrito Federal cabe à militância do DF — e o PT no DF já tem pré-candidaturas. Basta lembrar a filiação recente de Leandro Grass, presidente do Iphan, e o nome do ex-deputado Geraldo Magela. Portanto, não há vácuo político que justifique o apoio a um outsider travestido de aliado.

Um udenista disfarçado de esquerda

Ricardo Cappelli tenta se vender como alternativa democrática, mas sua prática lembra mais a tradição udenista do que um compromisso popular. É um udenista disfarçado de esquerda: usa o discurso moralista contra a corrupção, posa como interventor firme diante do caos, mas não apresenta propostas reais para a vida do povo trabalhador. Essa narrativa pode agradar setores médios e a elite, mas não enfrenta as estruturas de desigualdade. Não constrói horizonte para a maioria que sofre com a falta de moradia, transporte precário, hospitais superlotados e desemprego.

Mais grave ainda, Cappelli adota uma estética política marcada por gestos de força e teatralidade, em sintonia com a lógica do fascismo: o culto à autoridade, o espetáculo do comando, a personalização da política. Isso não é construção coletiva, muito menos democracia. É encenação. Esse caminho não é a saída para a classe trabalhadora.

O caminho do PT

O PT não pode cair nessa armadilha. Combater a corrupção é parte da luta, mas nunca substitui a disputa estratégica por outro projeto de sociedade. Nosso partido sempre esteve — e deve seguir — ao lado da classe trabalhadora com propostas concretas: saúde pública de qualidade, educação transformadora, moradia digna, transporte acessível, emprego e renda.

O que está em jogo em 2026 no DF não é apenas quem derrotará Ibaneis. É qual projeto estará em disputa: um projeto popular, democrático e socialista, ou mais um moralismo udenista que, no limite, abre espaço para a direita se recompor. O PT tem quadros, militância e história no DF. E é essa militância que deve decidir os rumos, sem tutelas de fora nem aventuras personalistas. Por isso, não basta ser contra o governo atual. É preciso estar a favor do povo.

(*) Zé Ricardo é Presidente do PT/Plano Piloto; Fábio Rosa é Presidente do Sinagências e militante do PT/DF e Daniela Matos é militante do PT/DF e da Direção Nacional da AE

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