Mobilização derrota a bandidagem

PT Tocantins precisa acreditar na organização da classe trabalhadora e não no pacto das elites

Manifestação contra PEC da Blindagem e PL da Anistia, em Palmas — Foto: Marco Túlio Câmara/Divulgação

Por DEAE – Tocantins

Em 2018, Eduardo Bolsonaro disse que “se quiser fechar o STF, sabe o que você faz? Não manda nem um jipe. Manda um soldado e um cabo”.

Em março de 2016, vazou o áudio de uma conversa entre Romero Jucá e Sérgio Machado. Durante a conversa, que versava sobre a necessidade de um “grande acordo nacional” para derrubar a presidenta Dilma Rousseff, o senador Romero Jucá afirmou que seria necessário que este “acordo” fosse feito “com o Supremo, com tudo”.

O golpe contra Dilma (e contra Lula) teve êxito, tendo como desdobramento a eleição de Bolsonaro. Já o golpe bolsonarista não teve êxito nem na sua primeira fase – os planos para assassinar Lula, Alckmin e Moraes logo após o segundo turno da eleição de 2022 – nem na segunda fase, em 8 de janeiro de 2023.

Após centenas de prisões, investigações da PF, novas prisões e o devido processo no Supremo Tribunal Federal, no dia 11 de setembro de 2025, o cavernícola Bolsonaro foi condenado a 27 anos e três meses de prisão.

Os demais réus do núcleo dirigente do fracassado golpe também foram condenados, a saber: General Walter Braga Netto: 26 anos; Almirante Almir Garnier: 24 anos; Anderson Torres: 24 anos; General Augusto Heleno: 21 anos; General Paulo Sérgio Nogueira: 19 anos; Alexandre Ramagem: 16 anos, 1 mês e 15 dias; Tenente-coronel Mauro Cid: 2 anos em regime aberto.

Há vários motivos que explicam este desfecho. Um deles é bastante óbvio: diferente do golpe contra Dilma (e Lula), praticado por quase toda a classe dominante, o golpe fracassado de Bolsonaro tinha como um de seus alvos outro setor da classe dominante, a saber, um pedaço da direita gourmet, muito bem representada no STF e na Rede Globo.

Em sua autodefesa, este setor da classe dominante teve a firmeza que muitas vezes faltou ao nosso governo e ao nosso Partido nos dias, meses e anos que vieram depois do segundo turno da eleição presidencial de 2014.

Outro motivo, também bastante óbvio, é que o governo Lula, grande parte do povo e toda a esquerda brasileira defendiam que Bolsonaro fosse condenado e preso.

O julgamento e a condenação de Bolsonaro e de vários comandantes militares constituem uma grande vitória.

Primeiro, pelo ineditismo: o Brasil é um país onde os crimes das elites são costumeiramente anistiados.

Segundo, pelo conjunto da obra: Bolsonaro merecia ser condenado não apenas pelo que tentou e deu errado, mas por tudo que fez, com destaque para as centenas de milhares de pessoas que morreram durante a pandemia.

Terceiro, porque uma eventual absolvição daria impulso para a extrema-direita na sua luta por reconquistar o controle do governo federal.

Tivemos uma grande vitória, mas a história não termina aí.

Primeiro é preciso lembrar que tramita e tem grande apoio no Congresso Nacional uma proposta de anistia.

Segundo, porque um setor da oposição deve subir o tom contra o governo e contra a esquerda em outras frentes de batalha, como aliás deixou claro o governador de São Paulo, o neofascista Tarcísio de Freitas, em discurso feito no dia 7 de setembro.

Terceiro, é preciso lembrar que – caso vença as eleições presidenciais de 2026 – a extrema-direita pode tanto tentar indultar Bolsonaro, quanto alterar a composição do Supremo, o que em tese pode levar a uma modificação nas decisões adotadas no dia 11 de setembro de 2025.

Quarto, é preciso lembrar que o governo Donald Trump prometeu reagir (Mussolini, lembrem, foi resgatado por paraquedistas nazistas e posto à cabeça de um governo fake, de onde foi posteriormente escorraçado e executado por partisans ligados ao Partido Comunista).

Quinto, é preciso lembrar que ainda há muita gente no Brasil que apoia e acredita no Bolsonaro.

Sexto, é preciso lembrar do acaso, do inesperado, daquilo que ninguém imaginou que podia acontecer, mas acontece, e tudo vira de ponta-cabeça.

Por isso, a luta continua e que um dos próximos passos é reeleger Lula em 2026 e uma bancada maior de deputados/as e senadores/as do PT.

A Mobilização popular é o caminho

Na votação da PEC da bandidagem, a extrema-direita se aliou à direita neoliberal e teve apoio de 12 deputados do PT para aprová-la. No mesmo dia, houve a votação de uma emenda para a volta do voto secreto para cassação de deputados federais com o voto de 8 deputados do PT. Repudiamos a votação de nossos deputados federais que se aliaram à extrema direita.

No dia Nacional de luta (21/09) contra a anistia aos golpistas, contra a PEC da bandidagem e a interferência do governo norte americano nos destinos do Brasil houve mobilização em todos os estados. Em Palmas mais de mil pessoas participaram da manifestação convocada pelo PT e PCdob.

Dirigentes de sindicatos de trabalhadores, associações, diversos coletivos e movimentos estiveram presentes.

É a resistência popular contra o fascismo. Eles querem ditadura e golpe de estado, querem a escravização da classe trabalhadora, querem a concentração da terra, da riqueza e do poder.

Nós queremos democracia, reforma agrária e reforma urbana. Queremos serviço público de qualidade sem privatização. Queremos direitos para os trabalhadores e trabalhadoras e liberdade para todos viverem sem repressão.

Por isso combatemos o fascismo e defendemos os direitos da classe trabalhadora e lutamos por uma nova sociedade socialista.

Por causa da enorme mobilização popular, a PEC da BANDIDAGEM foi arquivada pelo Senado.

O Tocantins definindo seu rumo

Vimos que o governador Wanderley foi retirado do cargo por acusação de corrupção. Junto com ele dezenas de outros suspeitos respondem a processo por desvio de dinheiro público. Desde 2006, todos os governadores eleitos foram cassados por corrupção, nenhum deles era do PT.

Wanderley apoiou Bolsonaro contra a candidatura de Lula e jamais mencionou os recursos federais que foram destinados ao Tocantins como obra de Lula. Porém quando bolsonaro era Presidente sempre o mencionava.

Logo após as eleições de 2022 quando os golpistas fecharam rodovias e a ponte entre Palmas e Luzimangues, o Governo do Estado não fez nada para romper os bloqueios, portanto foi conivente com a tentativa de golpe de estado.

Wanderley conseguiu aparelhar os outros poderes, as polícias, a Assembleia Legislativa e a maioria dos Deputados Federais e senadores, Com isso acreditava estar blindado contra as investigações em andamento.

Poucos dias antes de ser retirado do cargo, Wanderley se reuniu com os maiores dirigentes do agronegócio tocantinense, provavelmente para combinar seus projetos políticos. Afinal o governador usou a máquina pública estadual contra a organização dos trabalhadores e trabalhadoras.

As polícias têm reprimido qualquer tentativa de acampamento urbano e rural, realizando despejos sumários sem ordem judicial. Ao mesmo tempo não reprimem e nem investigam ameaças de morte, queima de casas de posseiros e outros crimes praticados por pistoleiros e fazendeiros.

No Tocantins, todos os governadores foram eleitos com apoio dos fazendeiros e das multinacionais do agronegócio. É preciso romper esse aparelhamento do Governo do Estado por parte dos ricos. É preciso ter compromisso com as políticas públicas e com os recursos públicos, não com festas e pagamento de shows sem licitação.

Precisamos de um governo estadual que defenda o direito dos trabalhadores e aplique as leis que beneficiam a classe trabalhadora e não de um governo inimigo do povo.

O governador provisório Laurez repete a prática dos outros governadores, nomeando secretários bolsonaristas e ligados aos fazendeiros.

Essa política tradicional não constrói nada para classe trabalhadora. O pacto entre as elites só traz benefícios para elas próprias e nas eleições implica em compra de votos e uso da máquina pública para a eleição de seus paus mandados.

No Tocantins existem mais de cinco mil famílias de trabalhadores/as rurais acampados/as e posseiros, milhares de trabalhadores são filiados aos sindicatos,  existem mais de 100 mil famílias de trabalhadores sem casa para morar. Também temos mais de 25 mil famílias assentadas pela reforma agrária e cerca de 4 mil famílias quilombolas.

A classe trabalhadora representa 90% da população ou seja mais de um milhão e 350 mil Tocantinenses. Essa é a base social na qual o PT deve atuar para organizá-la, mobilizá-la e construir um Novo Tocantins.

A alternativa para a classe trabalhadora é se organizar no PT, nos sindicatos e nos movimentos populares para ao mesmo tempo lutar pelos seus direitos e também eleger deputados estaduais, federais, senadores e governador do PT.

 

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