Por Lucas Rafael Chianello (*)
María Corina Machado
A líder da extrema-direita venezuelana, María Corina Machado, recebeu o Prêmio Nobel da Paz. Por óbvio, diversas serão as propagandas da direita em geral, e da esquerda rendida, para mais uma vez condenarem o atual estágio da Revolução Bolivariana liderado por Nicolás Maduro. Seria o Prêmio Nobel da Paz um atestado incontroverso?
A indicação de Corina Machado ao prêmio foi liderada pelo atual secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, então senador pela Flórida. O mesmo Rubio que defende uma invasão militar dos EUA na Venezuela, solução apoiada por Corina Machado.
O genocídio palestino promovido pela colonização sionazi despejou em Gaza, nos últimos dois anos, mais megatons do que os despejados em Hiroshima e Nagasaki em 1945.
No dia 04 de dezembro de 2018, Corina Machado endereçou uma carta a Mauricio Macri, então presidente da Argentina, e Benjamin Netanyahu, premiê da colonização sionazi, pedindo ajuda para que houvesse, nas próprias palavras de Corina, uma mudança de regime.
Não é de hoje que o dito Prêmio Nobel da Paz, na verdade, agracia carniceiros.
Na leitura indispensável de O Método Jacarta, o jornalista estadunidense Vincent Bevins descreve como o golpe de Estado contra Salvador Allende em 1973, no Chile, foi precedido de pichações de intimidação da extrema-direita em muros de Santiago nos quais se lia “Yakarta viene” (Jacarta vem). Jacarta é a capital da Indonésia e a alusão é à matança indiscriminada de comunistas após o golpe do General Suharto, em 1965. A inspiração na matança dos comunistas indonésios pelo golpe de Pinochet recebeu a orientação de Henry Kissinger de defesa incondicional (“Defender, defender, defender). Kissinger assume a secretaria de Estado dos EUA dias depois do golpe, quando então é idealizada a chamada Operação Condor, a perseguição e o assassinato dos opositores do imperialismo dos EUA na América Latina.
No mesmo ano, Kissinger recebeu o Prêmio Nobel da Paz junto de Le Duc Tho, o líder da delegação vietnamita para os chamados Acordos de Paris, que buscavam um cessar-fogo e uma solução definitiva para a Guerra do Vietnã, que duraria até 1975. Le Duc Tho recusou-se a receber o prêmio.
Recentemente, um braço da organização terrorista Al-Qaeda derrubou o regime liderado pelo então presidente sírio, Bashar Al-Assad, e ao assumir o controle da Síria, passou a perseguir cristãos orientais. Foi durante os mandatos de Barack Obama, vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 2009, que os EUA passaram a patrocinar grupos terroristas que visavam a queda de Bashar Al-Assad.
Os chavões de “ditadura bolivariana”, “eleições fraudadas”, “silenciamento da oposição” e outros nada mais são que terminologias de desestabilização política criadas por Washington, que exerce sua influência para María Corina Machado, ganhando o Prêmio Nobel da Paz, seja mera peça de propaganda de justificativa de uma intervenção militar já requerida em 2018 a Benjamim Netanyahu, o grande genocida de nosso tempo.
Le Duc Tho que fez muito bem em não se juntar a essa gente.
(*) Lucas Rafael Chianello é militante do PT em Minas Gerais