A centralidade da luta pela liberdade de Lula

Resolução da direção nacional da tendência petista Articulação de Esquerda sobre a Campanha Lula Livre

1. A luta pela liberdade de Lula não é consenso entre as forças de esquerda, democratas e progressistas no Brasil. Mesmo dentro do PT, há setores que não sabem, não entendem ou não querem perceber o papel central desta luta, no atual contexto histórico. O que quer dizer que não percebem o papel central que jogou a chamada Operação Lava Jato, tanto no golpe quanto na eleição de Bolsonaro.

2. A começar por Fernando Haddad, há setores e lideranças do Partido que consideram que a Operação Lava Jato teria aspectos positivos.

3.Também há os que acreditam que Lula teria mesmo cometido ou deixado cometer alguns malfeitos; portanto, o problema estaria no caráter seletivo da punição ou no exagero da pena. Um caso extremo desta posição é o de Ciro Gomes.

4. Nossas posições a respeito são as seguintes:

4.1. Reafirmamos tudo o que sempre dissemos acerca das causas da corrupção, acerca da importância da luta contra a corrupção no Brasil, acerca da necessidade do PT ser implacável contra filiados que tenham praticados atos de corrupção;

4.2 Reafirmamos, também, todas as críticas que fizemos, desde 2005, contra a tática adotada pelo então grupo majoritário do PT, frente a farsa político-midiática chamada “mensalão” e contra a AP 470;

4.3 Reafirmamos, ainda, que a história poderia ter sido outra se o PT tivesse modificado sua estratégia desde 2005, se tivesse enfrentado o monopólio da mídia, se não tivesse mantido ilusões acerca do papel do empresariado, da mídia, do judiciário, dos partidos de centro e direita, das forças armadas;

4.4. As alianças com inimigos, o republicanismo, a ilusão no caráter neutro do “Estado de direito” e a prioridade para o “petismo jurídico” em detrimento da luta política contribuíram em alguma medida para o golpe de 2016, para a prisão de Lula, para a derrota de 2018;

4.5 Lula foi preso para impedir que concorresse às eleições de 2018, para impedir que fizesse campanha nas eleições de 2018 e, principalmente, para facilitar a operação de cerco e aniquilamento que um setor da direita pretende implementar contra a esquerda em geral, mas contra o PT em particular;

4.6. Lula não foi preso porque seria culpado, Lula não foi preso porque teria cometido crimes, Lula não foi preso por ter sido submetido a um julgamento justo. Qualquer concessão a uma destas opiniões é factualmente falsa e politicamente desastrosa. Os que divergem de Lula, inclusive no que diz respeito às relações mantidas com o empresariado em geral e com empresários em particular, têm todo o direito de fazê-lo. Mas isto não pode reforçar, nem pode se confundir com a narrativa da direita que apresenta o PT como uma quadrilha e Lula como seu chefe.

5. Por tudo isto, não lutamos apenas pela liberdade de Lula. Lutamos pela anulação de sua pena. E não consideramos que esta luta seja um apêndice. Para a direita, condenar seguidas vezes Lula, restringir seus direitos (como dar entrevista, votar, ir ao funeral do irmão) e mantê-lo preso “até apodrecer” é parte importante da operação para alinhar o Brasil aos EUA, ampliar a exploração e restringir as liberdades da classe trabalhadora. Para a esquerda, lutar por anular a pena e libertar Lula é parte importante da luta por derrotar o governo de extrema direita e suas políticas.

6. Quem se cala, quem relativiza, quem não se mobiliza a favor da campanha Lula Livre, contribui por ação ou omissão com os propósitos da coalizão que deu o golpe de 2016 e venceu as eleições de 2018.

7. Nunca compartilhamos das ilusões no judiciário. Alertamos para o que estava sendo planejado e operado pela extrema direita. Por isso mesmo, estamos desde o início engajados na luta por Lula Livre, implementando as orientações acordadas pela coordenação nacional da Campanha.

Direção Nacional da tendência petista Articulação de Esquerda
3 de março de 2019

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