Por Sérgio Henrique (*)
Estamos ainda no final de 2022, mas há quem já esteja tratando das eleições de 2024, mesmo com a agenda para o ano de 2023 lotada de exigências e desafios para toda a esquerda brasileira e com a posse do companheiro Lula novamente como presidente da República, que demandam uma soma de criatividade, esforço militante e análise concreta da situação concreta. O fato é que a agenda eleitoral não depende apenas de nosso planejamento ou de nossas prioridades de agenda, mas segue o calendário oficial do TSE das eleições de dois em dois anos.
Sendo assim, em Teresina, o prefeito Pessoa propôs ao Diretório Municipal do PT uma aliança para formação de uma chapa na qual o partido indicaria um ou uma militante na vaga de vice-prefeito/a no próximo pleito eleitoral. Além disso, o atual prefeito propõe, em caso de vitória eleitoral, que a aliança se estenda para 2026, quando o mesmo renunciaria para disputa de vaga do senado, abrindo para o PT assumir a prefeitura. No entanto, por mais vantajosa que essa proposta possa parecer para alguns, seria um erro tático na luta política de nosso município, não apresentar uma alternativa de gestão no primeiro turno das eleições de 2024. Seria um erro na tática municipal, porque não apresentar candidatura própria desmobilizaria uma militância que se formou na luta contra o bolsonarismo e que, desde a oposição aos governos municipais do PSDB, sonha com o modo petista de governar em Teresina.
Mas para inscrever uma chapa competitiva, o partido em Teresina deve construir uma agenda de diálogo com diversos setores da classe trabalhadora no município, de forma que a elaboração do programa de governo seja feita a partir das movimentações, construções e lutas por políticas públicas que já são asseguradas por direitos sociais, e que, no entanto, não são executadas satisfatoriamente pela prefeitura, como está evidenciado nos casos da Saúde e do Transporte. A partir dessa oposição, obviamente apartada e diferenciada da oposição de Direita, liderada pelo senador Ciro Nogueira, o foco da esquerda em Teresina, por meio de seu principal partido, deve ser para conseguir uma votação que o coloque entre as duas candidaturas mais votadas.
Contudo, se em caso de segundo turno a candidatura do PT não conseguir ficar entre as duas mais votadas, daí o partido deverá debater a situação com indicativo para se posicionar no campo contrário ao campo bolsonarista. Mas até lá, ainda tem muito espaço para política, e esta não deve ser feita a partir de atitudes acovardadas, pois os e as teresinenses da cidade e do campo estão carentes de um instrumento político que defenda seus interesses a partir da esperança e dos sonhos que foram renovados com a eleição e posse do presidente Lula, e que devem ser materializados por meio de um governo municipal democrático e popular aliado ao governo que está em início.
(*) Sérgio Henrique é Assistente Social e membro do Diretório Municipal do PT em Teresina.