Ao Rei, com carinho

Por Fausto Antonio (*)

Epigrafia da  eternidade

Pelé era a bola dos tempos nos campos; mônada na metonímia da bola  de couro, que era o caldeirão que o Mago Negro, com o manto azulado de Rei, criava jogadas acabadas e inacabadas de igual perfeição. Somente ao Rei cabe eternizar o que fez  e o que não  fez, pois nele tudo foi e será  sempre  centelha divina.  

Eu vi o Rei, com olhos  de Querubim, paralisar o jogo na mágica de mil dribles. Vi o Rei amaciar no peito, útero negro, a bola-mônada e devolvê-la criação perfeita. Eu vi o Rei, Deus do Ébano, com a  corte de anjos negros, camisas brancas, socar o ar para reverenciar a Alma imortal contida no nome e memória de outro veículo aclamado pelo nome de  Edson Arantes do Nascimento; Rei antes do nascimento, Faraó  Negro precipitado, em parte e como causa, no Pelé, centelha divina.

Eu li Nelson Rodrigues, talvez o primeiro súdito que o reconheceu, com exatos  dezessete anos, Rei.

O dramaturgo e cronista genial, como antena da raça, enxergou o Manto Sagrado e o que de fato era o mago negro; o Rei antes do nascimento, o Edson Arantes do Nascimento e, por igual e inigualável  fortuna, o Rei do porvir, PELÉ, avatar do Futebol.

Fausto Antonio é escritor, poeta, dramaturgo e professor da Unilab- Bahia

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