Posse popular e defesa do governo Lula

Por Fausto Antonio (*)

Epigrafia da posse de Lula

“A posse, espaço de pacto político, é do povo negro, pobre e trabalhador. Sendo assim, a  imensa e festiva presença  negro-popular é a garantia, talvez a única, de segurança de Lula, do governo e ponto chave inicial para varrer os bolsonaristas das ruas.”

 Antes da posse de Lula, no ato da diplomação, 12/12/2022, a burguesia brasileira, classe social perversa,  reafirmou  a política de apoio ao bolsonarismo e de  ataques ao futuro governo Lula. Os  atos em Brasília, tal como ocorreu com os  bloqueios brancos nas estradas, conta com a cumplicidade do Estado brasileiro, que é burguês e racista e/ou branco. Há a comunhão da burguesia e do bolsonarismo. As prevaricações, especialmente  do sistema policial, forças armadas e ministério público,  são a senha para o  livre trânsito dos bloqueios brancos, dos  acampamentos e dos atos no dia 12/12/2022, em Brasília, realizados por fascistas-racistas bolsonaristas.

A respeito dessa política dirigida pelos atos, pelo Partido da Imprensa Golpista e mercado financeiro, a burguesia brasileira, com seus  abutres e saqueadores, deseja  apenas a  manutenção do mercado especulativo, isto é, o sequestro e o roubo da  renda nacional e a consequente subordinação ao mercado controlado pelos  banqueiros.

Além de  assegurar e incentivar as mobilizações da base orgânica bolsonarista contra o governo Lula, há  uma  política orquestrada pelo  PIG e mercado financeiro para encurralar e rebaixar o programa social indispensável para a conjuntura atual.

Comandada pela ordem fundamental da política imperialista, a burguesia não tem qualquer interesse, nem mesmo do ponto de vista  tático, na implementação de políticas sociais básicas, na soberania nacional e no processo de reindustrialização do país. A  completa simetria da burguesia brasileira  ao projeto do imperialismo,  conforme o  controle do orçamento e o impedimento e/ou  a  não adesão  à política  de reindustrialização do país, diz que os esmagados socialmente não terão tréguas e nem mesmo políticas paliativas. Negros (as), populações originárias e trabalhadores (as) não serão, em hipótese alguma, objeto das políticas da burguesia branca brasileira e dos  seus comandantes vinculados aos  privilégios em todas as  escalas de poder  sob o controle do imperialismo, notadamente do estafe estadunindense.

O núcleo central dos  ataques  ao governo Lula  virá , com a  instrumentalização orgânica do bolsonarismo nas ruas, no congresso, no senado, nos  sistemas policiais, nas  forças armadas,  no ministério público e no  sistema jurídico em geral para paralisar, primeiro,  a produção de políticas sociais e, segundo, para fragilizar a governabilidade.

Ativar e proteger o bolsonarismo demanda, é  a primeira tática, naturalizar a atuação ativa e passiva das polícias e forças armadas na mobilização implícita  e na manutenção dos  atos. No que toca à cumplicidade mascarada das forças armadas, fica evidente que  a  razão da adesão  aos  atos bolsonaristas é  dada, na formação dos militares, pela ideologia e, no que concerne ao treinamento direto com armas,  pela economia bélica do imperialismo. As  forças armadas deveriam cuidar, em concordância com a constituição, da defesa do povo e do território usado pelos brasileiros. De acordo com a ideologia, no entanto, consideram o povo e/ou a soberania popular  o inimigo central e, com o aparato logístico e treinamento, obedecem  ordens e  comandos definidos pelos EUA.

As forças armadas não estão isoladas no campo de ação contra o governo Lula. Por tal razão, a segunda peça tática virá dos meios  de comunicação; empresas historicamente afinadas com o antipetismo, que serão corpo, caixa de ressonância e  voz  ativa do mercado  financeiro.  Para fechar o cerco tático, o ato de paralisar  o governo Lula passa pelo projeto, em curso, de inibir e  desmobilizar a posse popular.  Sendo assim o jogo tático dos golpistas, cabe ao campo negro-popular e  à  classe trabalhadora a reafirmação de presença na posse de Lula, na mobilização permanente,  na organização,  na defesa do governo e das políticas redendoras da classe trabalhadora .

É  fundamental uma contra-hegemonia negro-popular e dos trabalhadores (as).  A  organização dos  trabalhadores (as) e  do campo negro-popular, convulsionada pelas ruas, é ponto chave, pois assegurados  os  três passos táticos da burguesia,  no  movimento estratégico virá, com a ação midiática do PIG e  os  sistemas de ações jurídicas, financeiras, parlamentares e de repressão,  o processo para derrubar o governo Lula.

É possível  enfrentar os ataques e neutralizar, com a posse de massa e festiva,  um futuro  golpe com a mobilização e organização negro-popular? Sim. A resposta organizada e nas ruas deveria ter sido posta em ação para enfrentar o movimento golpista. Como luta política e parte da luta de classe, foi um erro a  esquerda, de conjunto e as forças negro-populares, não terem enfrentado a fascistada racista bolsonarenta nas ruas, nos atos e na defesa do governo Lula. Não há  razão para recuos; Lula deve subir a  rampa aclamado pelo povo. Trata-se de uma festa popular e de disputa por hegemonia no chão da capital do Brasil. A palavra  de ordem deve ecoar para o conjunto da nação brasileira: “Posse popular e defesa do governo Lula”.

Em outros termos, a posse, espaço de pacto político, é do povo negro, pobre e trabalhador. Sendo assim, a  imensa e festiva presença  negro-popular é a garantia, talvez a única,  de segurança de Lula, do governo  e ponto chave inicial para varrer os bolsonaristas das ruas.

(*) Fausto Antonio é escritor, poeta, dramaturgo e professor da Unilab- Bahia

 

 

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