A escala 6X1 e seus reflexos na vida da população LGBTQIA+

Por Thiago Oliveira (*)

Texto publicado na edição de janeiro do Boletim P13 LGBT

A escala seis por um, amplamente adotada em diversos setores do mercado, é um modelo organizacional do trabalho cujas bases se dão pelas estruturas exploratórias do capitalismo e de seus processos de reestruturação produtiva, que exaure corpos e mentes.

Recentemente, a deputada federal Érika Hilton (PSOL), reascendeu esse debate a partir do Projeto de Emenda à Constituição de fim da escala 6×1, cuja proposta previa a redução da Jornada de Trabalho para 36 horas semanais, projeto esse que mobilizou parcela significativa dos/as trabalhadores/as a partir do movimento VAT (Vida Além do Trabalho) para a disputa social do tema e para assinaturas de parlamentares para protocolar o projeto.

Para a população LGBTQIA+, que historicamente ocupa posições mais vulneráveis no mercado de trabalho, essa dinâmica é ainda mais cruel, ela se torna um instrumento de exclusão e silenciamento, aprofundando as desigualdades e dificuldades no acesso a direitos básicos como saúde, educação, lazer, emprego e renda, dentre outros.

Em uma sociedade que já marginaliza e discrimina corpos dissidentes, submeter essas pessoas a jornadas exaustivas é perpetuar um ciclo de precarização e abandono, como por exemplo, o tempo que poderia ser usado para fortalecer laços comunitários, acessar serviços de saúde especializados ou até mesmo descansar de forma digna é sugado por um sistema que valoriza o lucro acima da vida.

Assim, trabalhadores/as LGBTQIA+ enfrentam outras barreiras adicionais, como discriminação no ambiente laboral, invisibilidade de suas necessidades específicas e dificuldades para acessar direitos trabalhistas, agravadas por essa escala que transforma o descanso em privilégio e o trabalho em sobrevivência.

É no coletivo que a população LGBTQIA+ encontra força para resistir!

Se faz necessário urgentemente romper com essa lógica exploratória para uma direção de construção de políticas públicas que garantam condições dignas de trabalho e que respeitem as especificidades da população LGBTQIA+.

É preciso transformar o sistema que subordina a vida ao capital, garantindo que todo o conjunto dos/as trabalhadores/as tenham os seus direitos fundamentais resguardados. ★

(*) Thiago Oliveira, secretário LGBTQIA+ do PT do Mato Grosso (MT) e militante da Articulação de Esquerda.

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