Por Marcelo Barbosa (*)
O ano de 2021 se inicia no Brasil sob fortes crises, a econômica e a sanitária. Estamos próximos de alcançar os 200 mil mortos pela Covid 19, diante de total insegurança no governo sobre seu plano nacional de vacinação. Do ponto de vista econômico, continuamos com baixíssimo crescimento econômico, inflação em alta, causada, principalmente, pelos descontrole de preço dos combustíveis e aumentos exorbitantes nos produtos da cesta básica do brasileiro. De acordo com os últimos dados fornecidos pelo IBGE, alcançamos as cifras de 14 milhões de trabalhadores que procuram, mas não encontram ocupação alguma, formal ou informal; 85 milhões de trabalhadores sem ocupação; e 29 milhões de trabalhadores ocupados, mas na informalidade. Sem contar os aumentos exorbitantes nos preços da cesta básica. O cenário que se avizinha é de acirramento da luta de classes em todo território nacional.
A esquerda ainda na defensiva, precisa sair da resistência passiva e ir para resistência ativa. Essa mudança é fundamental para garantir o seu espaço no 2º turno das eleições. Para isso é importante mudar o jogo, entrando em cena junto do povo, mobilizando e incorporando suas lutas. Todos os movimentos e energias, dentro e fora das instituições, precisam estar voltados para esse objetivo. A referência no socialismo precisa orientar as lutas anti-capitalistas. Entretanto, as lideranças já conscientes dessa tarefa não estão detalhando as táticas de atuação para militância. Muito se tem dito sobre as perspectivas de embates contra o governo Bolsonaro e bolsonarismo, mas pouco se menciona sobre quais seriam as principais batalhas que a esquerda precisa, necessariamente, enfrentar em 2021. Com intenção e colaborar no debate, destacamos a seguir algumas lutas que se anunciam:
Sobre a questão sanitária
Defesa do direito a vacina contra a Covid 19 para toda a população.
Sobre as questões políticas
Pela absolvição do Presidente Lula no STF e resgate total de seus direitos políticos.
Resgate do “Fora Bolsonaro” e defesa do Impeachment.
Contra a criminalização dos movimentos sociais.
Sobre as questões econômicas
Contra a Reforma Administrativa.
Contra as privatizações da Petrobrás, Eletrobrás, Caixa e Correios.
Contra a autonomia do Banco Central.
Pelo derrubada da Lei de teto dos gastos. Emenda 95.
Defesa do emprego.
Combate à fome e pela manutenção do auxílio emergencial.
Defesa dos trabalhadores sem teto. Contra as ordens de despejos nas grandes cidades.
Defesa da Reforma Tributária com taxação de dividendos e das grandes fortunas.
Junto da classe trabalhadora, de suas reivindicações e ações.
Sobre a questão racial
Luta pelas cotas (em 2021 se iniciam os debates no Congresso Nacional sobre a reavaliação e permanência das cotas nas universidades federais, vinculadas a Lei 11.711/12).
Contra a redução da maioridade penal.
Contra os projetos de governo que ampliam a utilização do estatuto do “auto de resistência” nas ações de segurança pública.
Prestar solidariedade aos movimentos sociais negros e aglutinar forças nas denúncias contra a violência policial nas periferias
Sobre a questão da educação
Contra os cortes de verbas na educação.
Derrota dos projetos defensores do “escola sem partido”.
Sobre a questão dos transportes
Defesa, intransigente, do passe livre para a população.
Sobre a questão ambiental e da terra
Contra o desmatamento e invasão de terras indígenas e quilombolas.
Defesa da reforma agrária.
Em função das crises causadas pelo capitalismo, o Brasil pode viver em 2021 o estouro de movimentos explosivos e espontâneos oriundos no seio povo, em defesa da sua própria sobrevivência. Insurreições em favelas, saques a supermercados, “quebra-quebra” nas ruas, revoltas de camelôs, marchas de movimentos sociais, protestos de estudantes, greves dos trabalhadores, ocupação de praças, etc. Esse é o cenário! A esquerda precisa se fazer presente nessas lutas, se enraizar nesses espaços e reforçar a sua identidade ao lado do povo. Somente nesse processo poderá transformar a rebelião das massas em alternativa política bem sucedida em 2022.
(*) Marcelo Barbosa é militante da Articulação de Esquerda – PT e do Núcleo de PT da UFF