A greve federal: ações e contradições

Por Mariuza Guimarães (*)

Durante os governos Temer e Bolsonaro a greve rondou, rondou, mas a  intimidação foi maior do que a coragem, ora a base resistia, ora as direções sindicais recuavam. Neste jogo de vai e vem as perdas dos/das servidores/as públicos/as bateram a casa dos 46%, além da perda de direitos à aposentadoria, às condições de trabalho e outras.

Em 2020, a luta contra a extrema direita reunificou setores que defendiam a democracia, incluindo a direita social democrata. E é nesta lógica que se constitui o Governo Lula. Ainda que a figura de Lua  represente, subjetivamente, a classe trabalhadora, o governo não é hegemonicamente constituído por esta subjetivação que toma conta das mentes e corações de vários segmentos da categoria de servidores/as federais.

A pergunta que corre nos bastidores da greve é a de que: quão grande será o impacto da greve sobre o governo da “esquerda”? A luta é legitima, a greve é legitima. E que bom que podemos fazer greve, sem repressão violenta pelas polícias ou outras formas  de assédio vivenciada pela classe trabalhadora.

Temos a dizer que, mediante a conjuntura, tem-se que entender que governo é governo e sindicato defende a classe trabalhadora, isto define os papéis que cada um ocupa na conjuntura do país. O governo não é dos trabalhadores e trabalhadoras, é de uma ampla coalizão, cujo objetivo era derrotar a extrema direita ascendente. Objetivo atendido, vida que  segue.

É certo que entende-se que a extrema direita e sua ideologia nefasta não foi destruída, mas a penalização não pode ser exclusivamente da classe trabalhadora, aquela que executa as políticas públicas e aquela que é usuária delas. É preciso que haja luta. É preciso que haja mobilização popular.

A vitória eleitoral está longe de resolver as mazelas do país e eliminar a extrema direita, menos ainda de garantir um Estado pleno com saúde e educação valorizados ao ponto de significar uma transformação estrutural no país. Há muito ainda a se conquistar e lutar por políticas públicas eficientes e servidores e servidoras públicos/as contentes com suas condições de trabalho. Por isto seguimos em greve!

(*) Mariuza Guimarães é docente da área da Educação na UFMS; Presidenta da ADUFMS e dirigente do PT e da AE.

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